Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
O executor do neoliberalismo no
Brasil, o tucano FHC, criticou o legado de Getúlio no Senado, em 1994, como se
fosse uma senha. Ele sinalizou aos estadunidenses e europeus, credores históricos, que
desmontaria o estado brasileiro, com as vendas das estatais e do fechamento de
instituições e órgãos públicos e com isso permitir a diminuição do estado
nacional. Estado menor, mais dinheiro para pagar a dívida. Estado fraco
significa mais poder para a plutocracia e para o capital predatório. Atitude que os estadunidenses, por não
serem entreguistas, não fariam com o estado deles.
Com o fim da
agiotagem explícita e da pilhagem sistemática das nações consideradas de
periferia, os países imperialistas e colonizadores tiveram de se reinventar,
porque os fluxos de riquezas que chegavam aos seus cofres oriundos dos países
pobres e principalmente em desenvolvimento como o Brasil, a Argentina, a Rússia
e a China diminuíram, e muito. Uma nova ordem se estabeleceu em âmbito mundial
e os países ricos e poderosos tiveram de negociar, porque surgiram novos mercados
e fóruns de debate e poder como o Mercosul, os Brics, o G-20, a Unasul, além de
blocos econômicos e militares africanos, asiáticos, bem como o crescimento e a
força dos países árabes, especificamente do Oriente Médio, que exercitam seu
poder de reivindicação, no que concerne à política de enfrentamento de Israel,
estado isolado pela comunidade internacional e que depende cada vez mais dos
EUA e de poucos países europeus ricos, mas ainda poderosos como a França e a
Inglaterra, que enxergam o país hebraico como um enclave militar e geopolítico
edificado para defender seus interesses naquela região tão conturbada.
Pelo contrário, ficam
a explorar a telefonia brasileira, que é continental, somente em regiões
lucrativas, como o sudeste, e se recusam a investir no norte e no nordeste,
porque, na verdade, não cumprem contratos e não querem trabalhar, dar duro,
mas, sim, usufruir das milionárias remessas de lucro, que, evidentemente, o
povo português e o espanhol não se beneficiam, porque somente os ricos
acionistas e o governo espanhol e português tem acesso à dinheirama (nova
derrama) proporcionada pelo povo trabalhador brasileiro, que há séculos
sustenta, com a cumplicidade de maus governantes como o FHC, europeus
incompetentes, que na terra deles nunca criaram um sistema de telefonia imenso
e complexo como o brasileiro. Somente para citar esse segmento.
O “O Globo” e o “Jornal
Nacional” da TV Globo estão apopléticos e babam de raiva. A fúria retrata as suas manchetes,
que, se fossem canhões, bombardeariam a Casa Rosada de onde governa a Argentina
a presidenta trabalhista Cristina Kirchner, que enviou mensagem, projeto de lei ao Congresso,
que trata da nacionalização, da estatização da petroleira YPF, que foi privatizada pelo governo
do presidente neoliberal Carlos Menem, que deixou um país importante como a
Argentina sem o comando da sua indústria de petróleo. Anos depois, em 2001, o
mandatário que vendeu seu país ficou em prisão
domiciliar durante cinco meses, por ter sido acusado de cometer o crime de tráfico
de armas. Oficiais também foram presos.
O nosso Menem daqui,
conhecido pelo nome de Fernando Henrique Cardoso (FHC), privatizou empresas
brasileiras da importância e do gigantismo da Telebras e da Vala do Rio Doce. Não satisfeito,
tentou privatizar a empresa símbolo do Brasil, a Petrobras, que, para ficar
mais palatável, ao gosto dos estrangeiros, houve quem sugerisse mudar o nome da
petroleira para Petrobrax, com “X” mesmo, em uma insensatez e indiferença à
história do povo brasileiro que se torna difícil acreditar que essa gente
colonizada e marqueteira medíocre tenha um dia chegado ao poder — à Presidência da
República.
Contudo, FHC já tinha avisado de suas
intenções de realizar aventuras neoliberais. Quando
ele se despediu do Senado em 1994, com o propósito de desmontar a Era Vargas,
afirmou: “Um pedaço do nosso passado político ainda atravanca o presente e
retarda o avanço da sociedade. Refiro-me ao legado da Era Vargas, ao seu modelo
de desenvolvimento autárquico e ao seu Estado Intervencionista”. FHC queria o
quê? O País não tinha nada. Era rural. Getúlio remodelou o estado nacional e o
organizou. Somente o estado teria e tem (como demonstrou na crise mundial de
2008) condições de fomentar, desenvolver e regular a economia e, por conseguinte,
permitir a melhoria da qualidade de vida da população, ainda mais na época de
Getúlio Vargas.
Cristina deu uma banana para os espanhóis e outra para a imprensa golpista |
As
mesmas estratégias neoliberais e de desmantelamento dos estados nacionais foram
colocadas em prática por vários presidentes em diversos países da América
Latina no decorrer das décadas de noventa e da primeira década deste século. Os
países não suportaram as políticas de diminuição dos estados por meio das
privatizações, e seus povos ficaram à míngua, literalmente, porque até o acesso
ao emprego foi negado pelas políticas de rapinagem impostas pelos seus
governantes, que se alinharam aos ditames do Consenso de Washington de 1989, que
disseminou o neoliberalismo (que teve o Chile como cobaia nas décadas de
1970/1980) da primeira ministra britânica, Margaret Thatcher, e seu aliado em
espoliações e guerras, o presidente estadunidense, Ronald Reagan.
Com o fracasso
retumbante do neoliberalismo e as seguidas derrotas eleitorais de políticos e
partidos que professaram tal sistema econômico na América Latina, além da crise
mundial iniciada em 2008, os países que caíram nessa demoníaca armadilha, como
o Brasil, passaram, por intermédio de eleições de presidentes de orientação
trabalhista como o Lula, a fortalecer o estado, o mercado interno e aumentar os
investimentos em educação, saúde, pesquisa, moradia, infraestrutura, e, o mais
importante, pagar suas dívidas externas junto ao FMI, ao Bird e com isso se
livrar desses órgãos de pirataria internacional, que sempre privilegiaram os
interesses dos países ricos e considerados desenvolvidos.
Nunca mais tivemos de suportar os
técnicos do FMI chegarem ao Brasil para fiscalizar nossas contas, além de darem
“lições” de como deveríamos proceder. Se eles são tão bons, deveriam ter
avisado aos mercados financeiro e imobiliário internacional e aos governantes
dos países ricos que, logo, logo, suas economias se derreteriam por causa crise
econômica e financeira de 2008. A verdade é que o FMI e o Bird, apesar de serem
considerados órgãos multilaterais, não passam, concretamente, de grupos
associados de banqueiros que utilizavam esses “fóruns” como tentáculos da
agiotagem em âmbito planetário e de espoliação e roubalheira das riquezas dos
países pobres e em desenvolvimento. Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e até mesmo a industrializada Itália que o digam.
YPF foi vendida por Menem, o FHC de lá, que aqui vendeu a Vale do Rio Doce |
Esses acontecimentos e
as novas realidades mundiais enfraqueceram os países pitbulls. Por isso, forças regionais e emergentes como a Argentina,
que tem uma presidenta nacionalista de perfil trabalhista e compromissada com o
povo reagem à exploração e à falta de responsabilidade de uma empresa como a
Repsol, petroleira espanhola que diminuiu a produção na Argentina e forçou, por
anos, o governo a importar grandes volumes de hidrocarbonetos, porque os
empresários espanhóis e seus acionistas se recusavam a investir no país,
conforme rezam os contratos. Os europeus praticamente realizavam remessas de
lucros cada vez maiores, sem agregar pesquisa, tecnologia e, evidentemente, o
aumento da produção de combustíveis e outros derivados do petróleo.
O “O Globo”, o “Jornal
Nacional” e os especialistas de prateleira da “Globo News” estão histéricos e
inconformados. Os comentários, os editoriais e os artigos são açodados,
agressivos, irônicos e até mesmo desrespeitosos em relação à corajosa
presidenta trabalhista Cristina Kirchner. Daqui a pouco a Miriam Leitão, o
Demétrio Magnoli, o Arnaldo Jabor, o Merval Pereira, o William Wack e os
repórteres do “JN” vão invadir a capital argentina, Buenos Aires, e todas as
províncias produtoras de petróleo para destituir a presidenta e os governadores
e entregar a YPF, que foi alienada pelo vendilhão da pátria, Carlos Menem, aos
espanhóis, que apesar de enfrentar uma forte crise econômica e um desemprego
que ultrapassa a casa dos 20%, jamais as remessas de lucro milionárias chegaram
à mesa do povo espanhol.
Os proprietários do sistema
midiático privado brasileiro não tem jeito. Eles são imperialistas e
entreguistas, pois colonizados e com um profundo complexo de vira-lata, o que
os despoja de suas responsabilidades e compromissos com o Brasil. Cristina
Kirchner e sua equipe não estão nem aí para a Espanha e a União Europeia. Os
europeus que se virem e tratem de regular e regulamentar suas economias e parar
de viver da exploração do trabalho e da riqueza dos países que outrora foram
colonizados por eles. O recado é o seguinte: vão trabalhar sem explorar países
e povos. Este recado deveria ser dado pelo Brasil e seu governo trabalhista a
Portugal, à Espanha e a empresários brasileiros associados a empresários desses
dois países que há anos exploram a telefonia brasileira, sem, no entanto,
agregar valores, como pesquisa, tecnologia e a disseminação da banda larga em
todo o País.
O Petróleo é nosso! Quando a imprensa ouve tal frase, o ódio a ela invade |
A presidenta trabalhista
Dilma Rousseff deveria, sem sombra de dúvida, nacionalizar o que foi construído
pelos brasileiros e vendido a preço de banana para estrangeiros espertalhões se
locupletarem com o fruto do trabalho e da inteligência de gerações de trabalhadores
e técnicos brasileiros. A Telebras e a Embratel deveriam ser nacionalizadas,
estatizadas. A Vale do Rio Doce também. Os espanhóis que se virem para
recuperar suas economias. Cristina Kirchner recuperou a alma argentina. É isso
aí.
Um comentário:
Parabéns pela matéria!! Só faltou explicar que a Repsol foi uma péssima empresa e que os argentinos tiveram que amargar, nas férias do verão, filas de até 4 horas para encher o tanque enquanto a Repsol tinha os depósitos cheios e especulava com a suba dos preços e com a venda a Chile, onde é mais caro.
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