A afirmação é do deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) que acredita que a CPI deve convocar o presidente do Conselho Editorial do Grupo Abril, Roberto Civita, para depor sobre o envolvimento da revista Veja com o contraventor Carlinhos Cachoeira; Parlamentares da oposição dividem a mesma opinião
Gilberto Prazeres _PE247 – A possibilidade do presidente do conselho de administração e diretor editorial do grupo Abril, Roberto Civita, ser blindado na CPI Cachoeira , revelada, na semana passada com exclusividade pelo 247, parece não intimidar alguns parlamentares. O deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), por exemplo, afirma que nenhuma explicação foi dada até o momento para que se descarte a convocação do dono do grupo que publica a revista Veja. Conforme o parlamentar, as cerca de 200 ligações telefônicas do jornalista Policarpo Júnior - ponto de ligação entre a revista e o contraventor Carlos Cachoeira - gravadas pela Polícia Federal (PF) , são um indicativo forte demais para ser jogado para baixo do tapete.
“Eu já disse isso na tribuna da Câmara. Quem se associa com bandido tem que se explicar . São mais de 200 ligações para Cachoeira e uma sequência de capas de revistas baseadas em informações repassadas por ele. Para que o Civita ou mesmo o Policarpo não sejam convocados, as explicações terão que ser dadas de outra forma. Já se foi longe demais para não convocar”, defendeu Fernando Ferro, completando: “Na Inglaterra, por muito menos, um jornal foi fechado. E tem magnata (Rupert Murdoch) depondo”, diz Ferro.
O parlamentar, que defendeu, no início do mês, na tribuna da Câmara, a convocação de Civita, ainda critica o discurso corporativista adotado pela Veja, Folha de São Paulo e Rede Globo, de que a CPI Cachoeira poderia se tornar uma CPI de pressão sobre a mídia e jornalistas. “É um falso discurso. Não tem nada de ataque à mídia ou aos jornalistas. Esse corporativismo não cola. A conduta da Veja não é a conduta da maioria dos jornalistas. Querem se defender com uma mentira”, bateu o petista, assegurando que o clima, em Brasília, está quente demais para um recuo na investigação das atividades do contraventor Carlos Cachoeira e sua ligação com a publicação do Grupo Abril.
Na semana passada, o 247 revelou que o executivo Fábio Barbosa, presidente do grupo Abril e ex-presidente da Febraban, foi a Brasília com a missão de impedir a convocação do chefe. No mesmo período, surgiu a informação de que João Roberto Marinho, da Globo, teria deixado claro, por meio de intermediários, ao Palácio do Planalto que o governo seria retaliado se jornalistas ou empresários de comunicação fossem convocados. E, para assegurar o sucesso dessa movimentação, o grupo ainda teria um representante dentro da CPI, o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
A tentativa de barrar a convocação de Roberto Civita ou mesmo de Policarpo Júnior na CPI do Cachoeira encontraria a sua maior resistência no desejo do ex-presidente Lula (PT) de ver a Veja respondendo sobre sua ligação com o contraventor. Alguns parlamentares, em reserva, garantem que o ex-chefe da Nação está com a “faca nos dentes” e não quer deixar passar a oportunidade de revidar as muitas capas de revista com denúncias contra os seus governos (2003-2006/2007-2010). “E não é só o Lula. É o PT como um todo e muitos partidos. E não só partidos do governo. A coisa descambou para um caminho sem volta. Se (o Civita) vai ser convocado, eu não sei. Mas se não for vai ser estranho demais. Essa história está muito pública”, afirmou um deputado federal da oposição. Já do lado governista, há o sentimento de que “enfim, o troco está vindo”. “É um pedido pessoal do Lula. É o troco dele. Fica difícil não atender. Se tiver essa história de retaliação de setores da imprensa, o governo vai ter que segurar a onda”, sinalizou, também em reserva, um deputado da base do governo.
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