Governador do DF afirmou na CPMI que não deu moleza para a gangue de Cachoeira e por isso foi atacado. “Plantaram mentiras e meias verdades”.
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), desmontou, durante seu depoimento à CPMI , na quarta-feira (13), a tentativa da quadrilha comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira de desestabilizar seu governo. “Os criminosos agiam associados com parte da mídia para me atacar e derrubar meu governo”, denunciou. “O grupo aqui investigado tramou a minha derrubada. A derrubada do governo legitimamente eleito pelo povo do Distrito Federal”, prosseguiu o governador, referindo-se à união de interesses entre Cachoeira, a empreiteira Delta, a oposição tucana e as armações golpistas da revista “Veja”.
“E este grupo não agiu só. Não agiu sozinho Valeu-se das falsas acusações plantadas na imprensa, de vozes com acessos às tribunas políticas do país, da boa-fé das pessoas ao misturar mentiras e meias verdades”, continuou Agnelo, dizendo que estava ali para restabelecer a verdade. O governador questionou os reais motivos de sua convocação. Ou seja, de mais essa tentativa da gangue para desestabilizá-lo. “Tudo com o objetivo de me desgastar, desestabilizar e, por fim, me retirar do governo do DF”. “Meu governo estava impedindo que o crime entrasse, que se fizessem negociações, que tivesse favorecimento, que indicasse gente. Por isso queriam me derrubar”, destacou.
Ele deixou claro que sua convocação à CPI “é fruto da luta política”. “Não há no documento apresentado pelos deputados, meus opositores, nem um único fato que eu tenha praticado em favor do grupo de Carlos Cachoeira ou da empresa Delta”, disse Agnelo. Ele acrescentou que “o governo do DF vem sendo perseguido pelo crime organizado de forma constante e orquestrada”. Segundo Agnelo, a mídia que desinformou a população do DF não disse que a Delta tem apenas um contrato com o governo. O de coleta de lixo e varrição de ruas em duas partes do DF. “Sendo que esse contrato foi assinado no governo anterior”, explicou. “E ainda assim a mando da Justiça”.
Denunciando a campanha orquestrada contra ele, Agnelo disse que parte da mídia cobrava explicação sobre um ofício que teria sido assinado por ele para favorecer a Delta antes da posse. O ofício era dirigido ao então governador Rogério Rosso, pedindo para prorrogar serviços essenciais que vencessem no final de 2010 e janeiro de 2011, como medicamentos essenciais, coleta de lixo, varrição de ruas, programas sociais, etc, para não prejudicar os moradores da cidade. “Esse ofício não incluía a Delta, que tinha um contrato com vencimento em 2015”, desmascarou o governador.
“Há três hipóteses para explicar que alguém, baseado nesse ofício, afirmasse que eu beneficiei a Delta: a primeira é que não leu o documento. A segunda é que leu e não entendeu. E a terceira é que leu, entendeu, e movido por interesses partidários resolveu me atacar de forma leviana”, acrescentou. “Tratou-se de uma ação meticulosa e planejada. O objetivo era desgastar a imagem do governador até o limite do impossível”, denunciou.
Referindo-se principalmente à revista Veja, Agnelo disse que setores da mídia passaram a divulgar que ele tinha nomeado uma série de pessoas ligadas a Cachoeira em “cargos chaves” no governo. O governador garantiu que não há um nome sequer que tenha sido nomeado por indicação de Cachoeira. Um jornal, segundo ele, chegou a publicar o seguinte trecho das escutas da PF: “os caras nomearam só inimigos da Delta. O que esse povo me ajudou até hoje? Ninguém nomeou nem um gari”. “Essa frase, senhores deputados e senadores, foi gravada no dia 30 de março de 2011 e foi pronunciada pelo senhor Idalberto Matias. Mesmo assim, um jornal dava como manchete: ‘governo Agnelo negociou propina com empresa, diz PF’”.
O governador informou que a Delta entrou no DF em 2007, no governo Arruda. “Entrou com um preço mais baixo”, disse. “Segundo dados da licitação, preços 30% mais baratos do que as concorrentes”. “A empresa foi desclassificada por irregularidades na documentação. Decisão judicial obrigou o SLU a assinar contrato com a Delta. Num governo ‘amigo’, que permitisse ao grupo controlar a fiscalização, a empresa poderia lucrar mesmo com o preço mais baixo”, explicou Agnelo. “Mas”, prosseguiu, “o governo eleito não era e nunca foi amigo da Delta”.
Ele disse que apenas 26 dias após a posse determinou que a Secretaria de Transparência do DF fizesse uma auditoria profunda nas áreas com graves problemas deixados por administrações passadas. Um dessas áreas era o lixo. Os trabalhos dessa auditoria se prolongaram até maio de 2011. A auditoria detectou que o serviço de varrição e coleta de lixo era feita pela metade. “Endurecemos a fiscalização”. SÉRGIO CRUZ - Hora do Povo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário