segunda-feira, 1 de abril de 2013

Temos de ser intolerantes com a impunidade (II)

Por Messias Pontes(PCdoB/CE) - messiaspontes@gmail.com
Hoje, 1º de abril, Dia da Mentira, completam 49 anos do início da terceira grande tragédia que se abateu sobre o Brasil: o golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, democraticamente eleito. Oficialmente a ditadura foi enterrada no dia 15 de março de 1985 com a posse de José Sarney na Presidência da República.
Foram 21 longos anos de trevas, o mais longo período de falta de liberdade, de violenta e insana repressão onde imperava a barbárie: prisões ilegais, sequestros, torturas, estupros, assassinatos, ocultação de cadáveres e até a criação da figura do desaparecido político. Milhares de pais e mães de família foram demitidos de seus empregos, ficando na rua da amargura. Tudo com o irrestrito apoio da velha mídia conservadora, venal e golpista – com raríssimas exceções como o jornal Última Hora, de Samuel Wainer -; com a conivência dos setores conservadores da Igreja Católica, tudo a serviço das elites econômicas, do latifúndio e principalmente do imperialismo norte-americano.
O embaixador dos Estados Unidos em Brasília, Lincoln Gordon, foi o grande articulador e coordenador do golpe de 1º de abril de 1964. As viúvas da ditadura militar tentam negar este fato, mas há provas incontestes, principalmente os documentos do Departamento de Estado daquele país que foram abertos ao público. O crime perpetrado pelos generais golpistas vende-pátria subverteu a ordem constitucional, a Constituição de 1946 foi por eles rasgada, e vários tratados internacionais dos quais o Brasil é signatários foram desrespeitados, como os que consideram a tortura crime contra a Humanidade, portanto inafiançável e imprescritível.
Mais de 50 mil brasileiros foram vítimas diretas (inclusive idosos, crianças e até bebês) e mais de 100 milhões vítimas indiretas. Contudo não foram só civis que amargaram o terror dos generais golpistas. Um número ainda incerto - há quem afirme ser de milhares - de militares democratas e patriotas foram perseguidos, demitidos, presos, torturados e até mortos. E não era só de baixa patente, não, generais também foram vítimas e o primeiro deles foi o general Eurípedes Zerbini, em São Paulo; o major da reserva Joaquim Pires Cerveira também foi perseguido, só que assassinado, como assassinado pelas costas foi o Capitão Carlos Lamarca.
Milhares de índios também foram assassinados pelos militares golpistas. Somente waimiri-atroari, no Norte do País, foram mais de dois mil, conforma informações do CIMI – Conselho Indigenista Missionário. Outro setor duramente perseguido foi da Igreja Católica progressista. Vários padres estrangeiros foram expulsos do País e muitos foram presos, torturados e até mortos, como o Padre Henrique, secretário de dom Hélder Câmara, este igualmente perseguido, tendo os militares do IV Exército metralhado a casa onde ele morava. Todos esses crimes continuam impunes e a Nação exige a apuração e punição de todos os culpados.
Temos de ser intolerantes com a impunidade.

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