quarta-feira, 3 de julho de 2013

Um novo estágio da luta no Brasil?

Por Roberto Gomes - membro do PT Ceará
As possibilidades continuam abertas, a sociedade brasileira continua em processo de disputa política, programática e ideológica. As manifestações demonstraram a capacidade autônoma e democrática de setores sociais se mobilizaram e pautaram as suas reivindicações.
Apresentaram-se, também, "novas" faces destas expressões como um setor organizado que se utilizou da violência brutal, do autoritarismo da sua conduta e da fala anti-partido, o fascismo apresentou-se nas ruas, agredindo militantes sociais e de esquerda e demonstrando o seu ódio visceral à democracia.
Também, esteve nas ruas, talvez, uma nova geração de militantes pelo Brasil, um geração que foi para a luta, que levantou cartazes, que bradou suas esperanças, que caminhou, temos que estar muito atentos a estes que "não fogem à luta", eles são muito valorosos para o presente e para o futuro. Temos que acolhê-los com muito carinho, debater, ouvir, interpretar, posicionar, ser convencido e convencer.
As manifestações, como o cenário atual, são complexas e o tempo político muito curto.
A primeira fase das mobilizações foi um "caldeirão" de situações, formas de lutas e caras de gentes, elas forçaram a esquerda e a direita a se posicionarem, elas exigiram deslocamentos políticos, avaliações de conjuntura.
Mais uma vez, a grande mídia atuou fortemente à direita e para a direita, como o partido mais organizado da elite brasileira, moldando e construindo discursos, tutelando pauta, refazendo caminhos, sempre a partir dos seus interesses econômicos e políticos. Mas há uma mudança, pelo menos de clima, a mídia foi duramente criticada e rotulada como manipuladora, tanto é que teve de fazer cobertura de cima das coberturas dos prédios.
Entramos num período novo, com iniciativas em várias frentes, a Direita mobilizando-se para reforçar o desgaste da presidenta DILMA/PT, seja nos bloqueios de estradas (tem contradição também, em São Paulo com o Alckmin), na tentativa de uma greve geral, no palco parlamentar evitando a iniciativa das pautas progressistas e do plebiscito, do fortalecimento do discurso da crise econômica (inflação), na reaglutinação da frente PSDB/DEM/PPS, na tomada de iniciativas políticas do governo em São Paulo, no aliamento de falas entre mídia/bloco conservador.
E da esquerda social, ainda sem muito sintonia entre si e com o nosso governo, quando fortalece a democracia direta com o Plebiscito, quando chama uma manifestação popular para o dia 11 de julho, quando força a retirada/derrota do PL da "cura gay", quando vai aos meios de comunicação através da presidenta reforçar a política de mais recursos para os programas sociais, quando realizada encontro de partidos e movimentos de esquerda, quando aprova o 100% dos royalties para a Educação e Saúde, quando encaminha o Passe Livre para estudantes no RS.
Portanto, o Brasil entra em um novo momento, onde a disputa entre pobres e ricos representados por 10 anos de governos populares e democráticos de DILMA/LULA/PT e suas políticas sociais e distribuição de renda podem tomar uma direção de uma disputa mais classistas entre trabalhadores e patrões, onde esteja no centro do debate e das ações a disputa de classes, não que todas as escolhas anteriores não fossem permeados e contivessem conteúdos classistas, mas, talvez, não na intensidade que podemos passar a viver.
Desta forma, algumas pistas ousou compartilhar:
A direita ganhou fôlego e força e vai fazer de tudo para desgastar, isolar, emparedar o nosso governo Dilma, impulsionará uma jornada de pessimismo pelo país, de cerceamento dos espaços populares, de imputação de tudo de errado ao PT, reforçando o discurso da incompetência, colando-o a todos que puder fazer, inclusive ao Lula.
Cabe a nós, trabalhadores(as), partidos e movimentos de esquerda e governo DILMA, realizar um amplo processo de disputa tendo como centro a mídia/redes sociais e as ruas, precisamos de um esforço de comunicação nacional e na base da sociedade de esclarecimento, convencimento e afirmação do nosso programa e das conquistas do Brasil neste 10 anos.
Cabe ao nosso governo DILMA um nova rodada de ações para garantir mais conquistas para o povo, atender mais ainda "os interesses materiais" do povo mais pobre, da classe trabalhadora e, agora com políticas mais contundente, a classe média, produzir uma dinamização e reforço das políticas públicas existentes e criar outras com grande enraizamento social e poder de transformação econômica da vida das maiorias, um novo ciclo de direitos sociais, como podem ser o Passe Livre ou a Tarifa Zero nos transportes públicos.
E, por último, cabe a nós todos, no governo, nos partidos e nos movimentos, construir uma grande unidade democrática e popular em torno do Brasil, a palavra-chave é POLITIZAR, precisamos reunir milhões em pequenas, médias e grandes reuniões, passeatas, encontros, seminários, palestras, cursos para debater as conquistas presentes e a construção das vitórias futuras para o nosso povo, construir uma pauta de Reformas Democráticas que passam pelo Plebiscito da Reforma Política, mas que avançam para Reforma Agrária e Urbana, para a democratização dos meios de comunicação, no fortalecimento da Educação e Saúde públicas, gratuitas e de qualidade no país, na ampliação do desenvolvimento sustentável com energia limpa e renovável, mas com a geração de milhões de novos empregos com salários dignos e garantias trabalhistas plenas.
Repito, estamos diante de muitas possibilidades, que o POVO decida.

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