sábado, 18 de janeiro de 2014

Iniciativa América Latina do Instituto Lula debate em 2013 nova etapa da integração

Reproduzido do Instituto Lula: Trabalhando pelo aprofundamento das relações latino-americanas e por uma integração verdadeira, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula promoveu debates e reuniu informações ao longo do ano sobre a integração latino-americana. E encerrou 2013 com a organização de um grande encontro no Chile, em parceria com a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). O seminário “Desenvolvimento e Integração da América Latina” contou com a participação do ex-presidente do Chile, Ricardo Lagos e de 120 lideranças entre sindicalistas, políticos, pesquisadores e representantes de entidades multilaterais da região.
No encontro em Santiago, 120 lideranças politicas, sociais e intelectuais fizeram uma análise atualizada e debateram uma agenda concreta para o desenvolvimento e a integração regional. Discutiu-se francamente a inserção da América Latina na economia mundial; a arquitetura político-institucional da integração; o papel das políticas sociais, especialmente no combate à pobreza; as empresas translatinas; as conexões físicas e energéticas; a cooperação financeira e os mecanismos de investimento; as cadeias produtivas supra-nacionais; os direitos humanos e laborais; a defesa do patrimônio ambiental e da diversidade cultural.
No início do ano, a Iniciativa América Latina do Instituto Lula organizou um amplo debate com intelectuais da América do Sul em São Paulo, para discutir caminhos progressistas para o desenvolvimento e integração do continente. Na oportunidade, o ex-presidente Lula afirmou que “a integração da América do Sul passa por um choque de inclusão, e apontou a burocracia e a falta de conhecimento sobre o tema como dois dos principais entraves”.
Lula visitou, além do Chile, a Argentina, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. Participou de eventos onde falou do sucesso do Brasil em impulsionar a economia combatendo a pobreza e da importância de se ampliar ainda mais a integração e a cooperação entre os países da América Latina.
Ao todo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou 10 países da região em 2013. Além das atividades de Lula, o diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, Luiz Dulci, e sua equipe, mantiveram contato direto com líderes, forças políticas, intelectuais e movimentos sociais e sindicais de 13 países latino-americanos.

México e Caribe
Em Cuba, Lula participou da 3ª Conferência pelo Equilíbrio do Mundo e pediu o fim do embargo ao país. “Não existe mais nenhuma razão para se manter o bloqueio”, disse. Na República Dominicana, o ex-presidente participou da cerimônia de entrega do Prêmio Nacional da Juventude.
No México, em abril, Lula participou do lançamento da Cruzada Nacional contra a Fome do governo mexicano. O programa foi inspirado no Fome Zero e o presidente mexicano, Enrique Penã Nieto, agradeceu Lula por impulsionar a luta contra a fome. “Vamos começar no México o que o presidente Lula fez no Brasil e faremos de tudo para acabar com a fome entre os mexicanos”, disse.

Países Andinos
Em junho, o ex-presidente fez uma viagem pelos países andinos, passando pela Colômbia, Peru e Equador. Lula se reuniu com os presidentes dos três países, estudantes, movimentos sociais e sindicais, e participou de encontros com empresários. No Peru, ele recebeu a Medalha Cidade de Lima, e também o título honoris causa da Universidade San Marcos, a mais antiga das Américas. No Equador, o ex-presidente participou de um amplo encontro com os movimentos sociais no Teatro Nacional de la Casa de La Cultura, em Quito. E recebeu dois títulos de doutor honoris causa pela Universidad Andina Simón Bolívar e pela Escuela Politécnica del Litoral.

Saiba mais sobre todas as atividades da viagem aos países andinos aqui.
Argentina e Uruguai
Em maio, o Instituto Lula, por meio da Iniciativa América Latina, promoveu na Argentina o encontro “Desafios Brasil-Argentina: Desafio para a integração regional” em parceria com o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO). Na ocasião, Lula deixou claro que sua preocupação com a integração não acabou após o fim de seu mandato.
Ainda na Argentina, a presidenta Cristina Kirchner chamou Lula de “o melhor amigo” do país. O ex-presidente participou da inauguração da primeira universidade de trabalhadores do continente, em Buenos Aires, e recebeu nove títulos de doutor honoris causa. No Senado, ele defendeu maior atenção dos parlamentos aos acordos internacionais e maior envolvimento das casas legislativas no debate sobre a integração.
No Uruguai, Lula se encontrou com o presidente, José Pepe Mujica, e participou de um debate sobre os avanços e novos desafios dos governos progressistas e do movimento sindical latino-americano.
Leia a entrevista com Luiz Dulci, diretor do Instituto Lula responsável pela Iniciativa América Latina, sobre o trabalho feito em 2013 e as perspectivas em 2014

1)Qual a atividade principal da Iniciativa América Latina do Instituto Lula?
R: Nosso objetivo é contribuir para o avanço da integração latino-americana. Todas as nossas ações são voltadas para este fim: reuniões, encontros, seminários, pesquisas, produção de textos, viagens, contatos políticos, participação em eventos de terceiros etc. Temos procurado estimular no Brasil e nos outros países debates e ações práticas que fortaleçam a unidade política, social, econômica e cultural da região. Constituímos – e essa talvez seja a nossa principal realização – uma rede bastante ampla de interlocutores e colaboradores, envolvendo líderes políticos, dirigentes sociais e alguns dos maiores intelectuais da América do Sul, da América Central e do Caribe. Propiciamos diversos momentos de intercâmbio e reflexão coletiva. Lula tem dito que necessitamos de um pensamento estratégico sobre a integração, do qual se extraia uma agenda concreta capaz de acelerar o processo. Já dispomos de um acúmulo razoável nessa perspectiva. Em 2014, poderemos dar um salto de qualidade nesse trabalho, apresentando  seu produto aos governantes e aos organismos multilaterais da América Latina.
Outra coisa muito importante que fazemos é preparar politicamente as viagens de Lula pela América Latina. Basta dizer que, desde que deixou a presidência, ele já fez 29 viagens a países da região, e em todas elas, além de reunir-se com os chefes de Estado, reuniu-se também com sindicalistas, cientistas, empresários e jovens para debater os desafios do desenvolvimento compartilhado e da integração regional.

2)Quais serão os desafios para 2014?
R: O ideal é que toda essa reflexão acumulada, e a articulação política que se deu em torno dela, sejam consolidadas num instrumento de intervenção intelectual e mobilização política. Não sendo órgão governamental, o Instituto Lula não pode e não quer, naturalmente, substituir os governos nacionais e a sociedade civil de cada país, nem tampouco os órgãos multilaterais da região. Mas pode sugerir, propor, estimular e induzir. A partir de 2014, nosso trabalho será voltado sobretudo para a apresentação de propostas aos atores políticos, econômicos e sociais.

3)Como a experiência brasileira contribuiu para a união dos países da América Latina?
Nunca se trata, em matéria de integração, de exportar modelos. Todas as experiências nacionais são relevantes para a união entre países. E, felizmente, a região conta com políticas públicas criativas em vários países e possui diversos chefes de Estado e líderes políticos de grande envergadura. É claro que Hugo Chaves e Néstor Kirchner fazem muita falta, mas foram substituídos por presidentes progressistas comprometidos com a integração soberana dos nossos povos. Mais do que a nossa experiência interna, a principal contribuição brasileira foi o extraordinário investimento político e econômico de Lula e Dilma no resgate do Mercosul e na criação da Unasul e da Celac. O maior aporte do Brasil, na minha opinião, foi a decisão estratégica de associar seu destino ao dos países vizinhos.

4)Há alguns anos cresce o número de governos de esquerda em países da América Latina. Em sua opinião, a que se deve esse fato?
É verdade. Nos últimos 10 anos, a maioria dos países da América Latina passou a ter governos de esquerda ou de centro-esquerda, isto é, progressistas, cujas gestões garantiram importantes conquistas sociais, econômicas e políticas para os seus respectivos povos e para toda a região. Acho que isso se deve à conjunção de dois fatores: de um lado, o fracasso histórico do neoliberalismo, que debilitou as oligarquias dominantes; de outro, a aposta das esquerdas e dos setores populares na via democrática e na disputa eleitoral. As esquerdas latino-americanas evoluíram muito, sem mudar de lado, e se demonstraram capazes não só de ganhar eleições, mas de governar com eficiência, promovendo a retomado do desenvolvimento e ousadas políticas de distribuição de renda e inclusão social. É por essa razão que, na maioria dos países, os governos progressistas estão sendo reeleitos, apesar da brutal oposição conservadora. Nunca a esquerda fez parte de tantos governos na América Latina. Esse é um trunfo para o avanço da integração.

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