terça-feira, 18 de março de 2014

Hoje Todo Mundo Assiste Animes

Por Lucas Oliveira - editor do Blog Controle Remoto e colaborador do Blog da Dilma
“Hoje foi um dia muito estranho. Conheci um colega que não curte animes. Existem algumas pessoas idiotas que pensam que animes são coisas de crianças, mas isso não é verdade e o Eduardo me falou que anime é coisa de bebê, ele ainda riu da minha cara quando falei que era otaku. Que raiva tive dele, é muito ruim não ter um Death Note, se eu pudesse soltar um Gear Second nele duvido que ainda mantivesse aquele sorriso maldito no rosto. Contudo, estou feliz, hoje assisti ao episódio número 636 do One Piece e o Novo Mundo está irado, mal posso esperar para ver o Luffy se tornar o Rei dos piratas. Enquanto isso, o Naruto não sai dos fillers, pelo menos no mangá está bacana. É isso querido diário, vou dormir e vou sonhar que sou um ninja e vou destruir aquele inseto do colégio.”
- Extraído de: “Diário de um Otaku.”
“Hoje Todo Mundo… Assiste Animes.” Um tsunami da cultura pop japonesa inundou completamente as terras tupiniquins e arrastou uma massa enorme de crianças, jovens e até adultos. Existe um mar de otakus (garotos) e otomes (garotas) completamente viciados na cultura japonesa, eles passam horas assistindo animes e lendo mangás. Todos fascinados pelas histórias, pelos personagens e também pelas tosqueiras das animações japonesas. É muito interessante ver como os jovens resolveram comprar esse estilo de vida em detrimento dos padrões ocidentais americanizados. Muitos procuram fazer curso de japonês, outros tentam se vestir, ou correr e até entonar a voz semelhante aos protagonistas de cabelos espetados e lisos.
Essa não é a primeira vez que o Japão invadiu o nosso país, na década de 80 e 90 animes como Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho, Inuyasha e muitos outros dominavam a programação da TV Manchete. Na época era comum chegar na sala de aula  e conversar sobre a transformação de Goku em super Sayajin e a opção sexual do Shun, e aos domingos ouvir sermões religiosos acusando os desenhistas de terem feito pacto com o demônio. Bons tempos (rsrs). Contudo, desta vez a penetração dessas produções ganhou força máxima com a Web, graças à facilidade no acesso as produções nipônicas, o que ocorre quase que instantaneamente se comparado com os anos 90. Antes tínhamos acesso a poucos títulos e também era preciso acompanhar diariamente no horário determinado pela emissora para ver a destruição de Namekusei e com risco de perder capítulos.
Com tudo essa febre alguns pode se perguntar: “O que faz com que os jovens fiquem loucos por essas animações?” Simples, qualidade diferenciada e curiosidade por conhecer a cultura oriental, pelo menos parte dela. Essas animações são extremamente simples e complexas, muito bem elaboradas se comparamos com algumas produções americanas. Os traços são suaves, o desenho de fundo é vivo e realista, as narrativas tem linguagem jovial e ao mesmo tempo “adulta”, trazendo situações do cotidiano, mensagens de superação, redenção e lições de moral. Os personagens são humanos, carismáticos, sofrem, vencem, choram (e choram muito mais do que gritam), são carregados de simbolismos e atitudes fortes. Os dubladores são outro espetáculo, com vozes emblemáticas dando vida aos personagens. Por serem profundas muitas animações acabam se tornando popular até entre adultos, como é o caso de Akira e das obras de Miyazaki.
Mesmo com tanta qualidade, essas produções tem suas falhas. Os gêneros Shounen e Shoujo,  os quais mais fazem sucesso entre os jovens, são grandes clichês com zero de inovação. Os criadores das histórias, “mestres” e “gênios”, de grandiosos só tem a capacidade de saber enrolar por anos e continuar vendendo, pois suas obras são ciclos que se repetem com diferentes vilões, chamados de sagas. Eles pouco inovam na criação dos personagens, sempre seguindo padrões: guerreiros, comilões, espadachins, com poderes anormais e cabelos coloridos. O que diferencia as vezes é o background e o plot. E o maior diferencial está no desenvolvimento dos personagens que em alguns casos é o único elemento que mantém o espectador.
Apelar também é um dos elementos que vemos frenquentemente, principalmente para o emocional, facilmente você encontra os fãs falando que choraram vendo tal acontecimento, muitos animes são como novela mexicana, até pior. O apelo sexual também é fortíssimo, as personagens femininas tem seus corpos idealizados, não falta cenas com fanservice, mostrando calcinhas e peitões saltitantes. Ests dois elementos fisgam facilmente garotas mais sentimentais e garotos que explodem em hormônios e nerds com dificuldades de se relacionar.
Os animes se tornaram parte da formação do caráter dos jovens de nossa sociedade, isso é inquestionável assim como o fanatismo que muitos cultivam por tais obras. Já fui fã e assisti muitos animes em minha infância e adolescência, eles fizeram parte da formação do meu caráter e mesmo com suas falhas, clichês e bizarrices não tem com não amar animes pelo menos por uma vez na vida.

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