quinta-feira, 24 de abril de 2014

Internet: um marco da virada?

Por Bepe Damasco, em seu blog:
O feriadão nada monótono, que alternou notícias boas e ruins, chega ao fim com a comemoração da sociedade pela aprovação do projeto do Marco Civil da Internet. Tem motivos de sobra para festejar todos os defensores da mais ampla democracia na rede mundial de computadores, fundada em três pilares básicos : a neutralidade da rede, a liberdade de expressão e a inviolabilidade da privacidade do usuário.
Entretanto, também nesses dias de recesso, perdemos Gabriel Garcia Marques, o Gabo, intelectual de primeiríssima grandeza cuja obra contribuiu de forma decisiva para a afirmação da identidade latino americana, para a disseminação de seus valores e de sua originalidade.
Gabo, Prêmio Nobel de literatura, em 1982, além de escritor brilhante, autor de Cem Anos de Solidão, considerada a obra mais importante da literatura latino americana, de Amor nos Tempos Cólera e tantas outras, desde sempre defendeu as grandes causas do povo do continente. Por isso, seguirá como fonte de inspiração para todos os lutadores pela liberdade, democracia e pelo socialismo.
Retomando o Marco Civil, a vitória do projeto do governo, tanto na Câmara como no Senado, só foi possível porque desta vez o Planalto fez política com P maiúsculo . Primeiro contou com um relator abnegado, capaz e hábil politicamente, como o deputado Alessandro Molon, do PT do Rio, que por longos três anos batalhou incansavelmente pela aprovação do projeto.
Depois porque o governo e as bancadas do PT e aliados no Congresso não se renderam às pressões das teles e das corporações, que tinham no deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, seu principal porta-voz. Outro fator fundamental para a aprovação do Marco Civil foi a pressão democrática dos movimentos sociais, de centrais sindicais e entidades da sociedade civil.
Outra coisa : trata-se de mentira deslavada a versão propagada pela mídia monopolista segundo a qual o projeto só foi aprovado na Câmara porque o governo cedeu em pontos essenciais. Tive a oportunidade de conversar com o próprio deputado Molon, na semana passada, que me assegurou que apenas pontos secundários e periféricos do texto original foram flexibilizados para facilitar o entendimento com as bancadas dos partidos.
Fica a torcida para que a aprovação do Marco Civil sirva como ponto de inflexão do governo e do PT, rompendo com a apatia que grassa em suas fileiras na hora de defender suas realizações e rebater o massacre midiático que vem sofrendo. A queda na aprovação do governo e nas intenções de voto na presidenta Dilma só será contida se o governo partir para o enfrentamento político.
Oxalá que a conquista histórica da liberdade na internet ajude a resgatar a combatividade petista.

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