domingo, 17 de agosto de 2014

Mídia ataca Dilma

Mídia ataca Dilma e poupa demais candidatos, afirma pesquisa da UERJ
Manchetômetro analisa o viés editorial dos principais jornais do País nas eleições de 2014. Pesquisa aponta campanha partidarizada contra a presidenta e contra a economia brasileira.
Pesquisa feita por estudiosos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) aponta a partidarização dos jornais Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo, e do televisivo Jornal Nacional, da TV Globo.
O levantamento, intitulado “Manchetômetro”, mostra que esses principais representantes da mídia tradicional brasileira prejudicam a imagem da presidenta Dilma Rousseff ao priorizar a divulgação de notícias negativas em detrimento das positivas, o que não se repete em relação aos demais candidatos à Presidência da República. Os dados apontam a mesma prática em relação ao Partido dos Trabalhadores e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A análise, feita por membros do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública da UERJ, tem como foco as capas dos jornais desde o início de 2014. Os pesquisadores avaliam se a manchete ou chamada é positiva, negativa, neutra ou ambivalente para a imagem do candidato, partido, pessoa ou governo. Para avaliar o Jornal Nacional, os estudiosos medem o tempo da notícia e a valência.
Para o coordenador do projeto, João Feres, a ideia é fazer com que a pesquisa também seja ferramenta de cidadania e até mesmo de contraponto às informações divulgadas pela imprensa diariamente.
“Não há notícias mostrando o outro lado, então não é possível ter uma ideia mais concreta sobre as informações. A contribuição maior é para o esclarecimento da opinião pública”, afirmou.
“A gente fica à mercê da grande imprensa brasileira”, explicou.
Feres afirmou que o viés da mídia tradicional no Brasil é “brutal”. Como exemplo, ele destacou a cobertura desproporcional em relação à economia no Brasil. Desde janeiro, a pesquisa contabilizou 429 capas ou manchetes nos jornais com notícias negativas sobre o tema e apenas 13 matérias positivas.
A previsão é que o trabalho do grupo continue, pelo menos, até o fim das eleições. Depois deste período, Feres pretende continuar com o acompanhamento da mídia brasileira.
“É preciso pensar sobre a questão da mídia. Este é um problema fundamental da democracia”, declarou.
Comparações - O Manchetômetro comprovou que a conduta da imprensa em relação à presidenta Dilma é completamente desproporcional ao tratamento dado aos candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Nem mesmo na época em que o surgiu escândalo do aeroporto de Cláudio (MG), construído por Aécio em terra da família, as matérias passaram a ser mais negativas para o tucano.
Prova disso é que, entre janeiro e o dia 11 de agosto, foram 195 manchetes e chamadas de capa contrárias à presidenta e apenas 15 favoráveis.
A cobertura da imprensa sobre o presidenciável Aécio Neves foi mais balanceada: foram 15 coberturas contrárias e outras 15 favoráveis. Já em relação a Eduardo Campos, foram contabilizadas 16 manchetes ou chamadas de capa contrárias e 11 favoráveis.
Jornal Nacional – Os pesquisadores avaliaram, também, a cobertura dedicada à corrida presidencial pelo principal jornal da TV Globo, desde o início de 2014.
A presidenta teve uma hora e 22 minutos apenas de matérias contrárias. O jornal ainda apresentou mais de duas horas de cobertura neutra e apenas 3 minutos de notícias favoráveis à Dilma.
Enquanto isso, toda cobertura do Jornal Nacional (34 minutos) em relação a Eduardo Campos foi neutra.
Aécio Neves teve 28 minutos de matérias neutras, cinco minutos de cobertura contrária e sete minutos a favor.
Lula X FHC – A análise comparou a cobertura da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e O Globo em relação aos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Enquanto Lula tinha, até o dia 11 de agosto, 31 menções negativas, os jornais avaliados publicaram apenas duas manchetes negativas contra FHC.
As matérias favoráveis sobre os ex-presidentes são equivalentes e cada um ficou com cinco menções positivas.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias.

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