por Paulo Moreira Leite - blog:
Secretário Geral da Força Sindical explica apoio a Dilma e fala da desconfiança diante das propostas de Marina Silva.
João Carlos Gonçalves, o Juruna, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e secretário Geral da Força Sindical, ocupa uma posição particular entre as lideranças dos trabalhadores do país. Dirigente de uma entidade nascida para combater a influência do PT no movimento sindical, Juruna apoia as campanhas de Luiz Inácio da Silva desde o segundo turno de 2002. Em 2014, foi um dos organizadores do encontro de Dilma com os sindicatos, realizado no ginásio de esportes da Portuguesa, no bairro do Canindé, em São Paulo.
Juruna nasceu em 1953, em São Vicente. Trabalhou como office boy durante o dia para seguir nos estudos à noite. Depois de frequentar uma paróquia perto de casa, tinha 18 anos quando começou a participar da Juventude Operária Católica (JOC). Aos 20 anos, após prestar concurso, ingressou na Petrobras, um dos melhores locais para se trabalhar na época, passando a trabalhar na refinaria de Cubatão, a RPBC. Aos 23 anos de idade, eleito para a direção nacional da JOC, pediu demissão da Petrobras para se dedicar em tempo integral a organização de núcleos de jovens trabalhadores do país.
A partir de 1979 Juruna tornou-se metalúrgico em três fábricas — Semikron, Villares e Frigor — onde foi eleito, representante dos trabalhadores nas Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipas). Membro de comissões de salário, de mobilizações e greves, participou das negociações coletivas da categoria, e da greve geral de 21 de julho de 1983, contra a recessão e o desemprego. Um ano depois foi eleito para a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e, no ano seguinte, ajudou a organizar uma campanha salarial unificada, através da qual os trabalhadores conseguiram a redução da jornada de 48 para 44 horas, avanço que em 1988 se estendeu para todos os trabalhadores brasileiros, através da Constituição.Secretário Geral da Força Sindical explica apoio a Dilma e fala da desconfiança diante das propostas de Marina Silva.
João Carlos Gonçalves, o Juruna, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e secretário Geral da Força Sindical, ocupa uma posição particular entre as lideranças dos trabalhadores do país. Dirigente de uma entidade nascida para combater a influência do PT no movimento sindical, Juruna apoia as campanhas de Luiz Inácio da Silva desde o segundo turno de 2002. Em 2014, foi um dos organizadores do encontro de Dilma com os sindicatos, realizado no ginásio de esportes da Portuguesa, no bairro do Canindé, em São Paulo.
Juruna nasceu em 1953, em São Vicente. Trabalhou como office boy durante o dia para seguir nos estudos à noite. Depois de frequentar uma paróquia perto de casa, tinha 18 anos quando começou a participar da Juventude Operária Católica (JOC). Aos 20 anos, após prestar concurso, ingressou na Petrobras, um dos melhores locais para se trabalhar na época, passando a trabalhar na refinaria de Cubatão, a RPBC. Aos 23 anos de idade, eleito para a direção nacional da JOC, pediu demissão da Petrobras para se dedicar em tempo integral a organização de núcleos de jovens trabalhadores do país.
PERGUNTA– O debate sobre as eleições chegou às fábricas?
Sim. As eleições mobilizam milhões de brasileiros. As fábricas e demais locais de trabalho são centros privilegiados de debate dos temas políticos, especialmente naqueles onde o sindicato se faz presente cotidianamente. O trabalhador, em geral, preocupa-se com o rebatimento da política sobre a economia. Ele sabe que isso tem a ver com o seu emprego, com o salário, com a escola dos filhos, com a segurança etc. Além disso, muitos sindicalistas são candidatos ao parlamento, o que fortalece a campanha eleitoral nos locais de trabalho e incentiva o debate político. Quanto mais se aproxima a data da eleição maior a efervescência política nas fábricas, nas empresas e nos bairros populares.
PERGUNTA — Como os trabalhadores estão vendo as candidaturas?
Estamos otimistas quanto às candidaturas de sindicalistas para deputado, pois são os que, geralmente, conhecem as reais necessidades dos trabalhadores brasileiros. Em relação à presidência da República, entre os trabalhadores, a política recebe as mesmas críticas que são feitas em outros setores da sociedade. É importante ressaltar que onde há sindicato forte e representativo os trabalhadores são, em geral, mais politizados. E, dentre os trabalhadores dos centros urbanos mais desenvolvidos há uma tendência majoritária a favor da candidatura Dilma Rousseff, mesmo com a ascensão da candidata Marina Silva. Isso porque Dilma dá continuidade à política do ex-presidente Lula, de inclusão social, valorização do trabalho e do salário
PERGUNTA–Qual a questão mais importante desta eleição?
Defendemos reforçar cada vez mais a distribuição de renda e a política de inclusão social. Para isso é fundamental manter a recuperação do valor do salário mínimo e investir na oferta de empregos de melhor qualidade, principalmente no setor industrial. Também é importante reduzir a taxa de juros, valorizando o setor produtivo em detrimento do setor financeiro.
PERGUNTA — Quais principais mudanças em comparação com 2010, 2006 e 2002?
De 2002 até hoje houve avanços consideráveis na infraestrutura social e econômica. Esses avanços retiraram 36 milhões de pessoas da miséria e levaram 42 milhões de brasileiros para a classe média. É importante lembrar que, em 1994, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso protagonizou um processo essencial para o crescimento que viria posteriormente, que foi o plano de estabilização da moeda, Plano Real. Entretanto esse crescimento ganhou corpo e alcance social, a partir da eleição do presidente Lula, em 2002. O governo Lula combateu vigorosamente o arrocho salarial, o desemprego e o desmantelamento do patrimônio público. Um forte exemplo disso ocorreu em 2008 quando, apesar da crise internacional, o país manteve o emprego e o salário do trabalhador. Desde a deflagração da crise até agora, foram criados 11 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. E foram mantidas a política de valorização do salário mínimo e o Bolsa Família.Mas podemos avançar mais. O Brasil precisa de mais desenvolvimento, mais investimento em educação, saúde, moradia, transporte, mobilidade e segurança pública. Valorizar as pensões dos aposentados e reavaliar o fator previdenciário. Rediscutir a jornada de trabalho, com vistas à redução para 40 horas semanais, sem redução salarial. Precisa avançar na melhoria da infraestrutura. Precisamos também melhorar a qualidade do emprego, além de aplicar mais recursos no desenvolvimento tecnológico e no aumento da produtividade da economia.
PERGUNTA –Lula continua sendo uma liderança importante?
O ex-presidente Lula é uma liderança política incontestável, não só dos trabalhadores, mas de toda a sociedade brasileira. Sua força está assentada em sua história de vida, desde a vinda com a família, de Garanhuns para São Paulo, até ter se tornado presidente. Sua obstinação em defender causas sociais fez dele um sindicalista de grande destaque, dando visibilidade para todo o movimento. Lula nunca se esqueceu de suas origens e, ao assumir a Presidência do Brasil centrou esforços na distribuição de renda e inserção social. E conseguiu avanços admiráveis em apenas oito anos de mandato.
PERGUNTA — Como você analisa as propostas de Marina Silva para os trabalhadores?
A candidata pelo PSB, Marina Silva, tem boas intenções e promete fazer do Brasil um país melhor. Porém, de boas intenções o inferno está cheio. A análise fria do seu programa de governo gera a desconfiança de que os direitos dos trabalhadores poderão sofrer ataques irreversíveis. Em primeiro lugar: o que ela quer dizer com tornar o Banco Central independente? Entregar a administração da política monetária para os banqueiros privados? Imagina só, se com a Dilma os juros foram lá pra cima, o que poderá acontecer se deixarmos o Banco Central nas mãos dos credores da dívida pública? Se o BC for independente como propõe o programa de Marina, não vacilará em aumentar os juros ao menor sinal de aumento da inflação. E juros altos se traduzem em recessão, desemprego, redução dos salários e, consequentemente, aumento da miséria.
PERGUNTA — E a terceirização?
Esta é outra questão que deixa o movimento sindical com a pulga atrás da orelha. Marina Silva considera a medida fundamental para aumentar a produtividade das empresas. Mas, no Brasil, terceirização é sinônimo de precarização. Quanto mais terceirização, menores são os salários, maior a exploração e mais entraves serão levantados contra a ação sindical. Em outras palavras: mais terceirização é menos direitos trabalhistas.
Além disso, o programa sob o manto de uma falsa “liberdade sindical” aponta para o fim das contribuições para a estrutura sindical e para a pulverização de sindicatos, que poderá resultar em mais divisão entre os sindicatos e trabalhadores, enfraquecendo o movimento.
Algumas lideranças que apoiavam Eduardo Campos tem receio de apoiar Marina Silva. Por que?
Eduardo Campos era um político que tinha história na luta trabalhista. E ele pôde demonstrar toda sua capacidade de governar no Estado de Pernambuco. Vários sindicalistas, de diversas centrais, se aproximaram do PSB muito por influencia do Eduardo. Além, é claro, da própria história do partido, que tem fortes quadros políticos. A Marina Silva é uma estranha no ninho do PSB. Não é uma socialista histórica. Só está no PSB, pois sequer conseguiu fundar o seu próprio partido, a chamada Rede Sustentabilidade. E só é candidata a presidente face à morte trágica do Eduardo Campos.
PERGUNTA — Como os operários avaliam a presença de uma herdeira do Itaú na coordenação da campanha de Marina?
Marina sempre afirma que, antes de ser herdeira do Itaú, Neca Setúbal é uma educadora. Porém, há fortes sinais da relação do Banco com sua candidatura, que chegou a ser enaltecida pelo próprio presidente em um evento social. O fato é que o Itaú é um dos principais financiadores da candidatura da Marina e, é da responsabilidade de uma Setúbal a proposta antissocial de o Banco Central tornar-se independente. Será que a herdeira do Itaú é só uma educadora na campanha ou é algo mais?
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".
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