sexta-feira, 29 de maio de 2015

Metrô paulista não chegará a Guarulhos antes de 2020

Secretário de Alckmin não comparece a evento para debater com guarulhenses, o que, para Alencar Santana, coordenador da frente Guarulhos Quer Metrô, demonstra que 'planejamento não é prioridade'
por Eduardo Maretti, da RBA
São Paulo – O secretário dos Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo, Clodoaldo Pelissioni, não compareceu ao lançamento da Frente Parlamentar Guarulhos Quer Metrô, na manhã de hoje, na Assembleia Legislativa. Ele foi representado pelo diretor de Planejamento da Companhia do Metropolitano (Metrô), Alberto Epifani, para expor os planos do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) quanto à antiga reivindicação da população de Guarulhos por transporte metroferroviário na cidade, a segunda maior do estado de São Paulo, com 1,3 milhão de habitantes, menor apenas do que a capital. Há um deslocamento diário, estimado, de 150 mil pessoas entre São Paulo e Guarulhos, onde se situa o maior aeroporto do país.
“O secretário não vir aqui, e o diretor não falar de prazo e cronograma, demonstra que o planejamento não é prioridade do governo de São Paulo, e os números mostram isso. O governo paulista executa menos de dois quilômetros de linha de metrô por ano, em média”, disse o deputado estadual Alencar Santana (PT), coordenador da frente. Em sua fala, o diretor enviado pelo governo ao evento não entrou em detalhes e não citou previsões ou cronograma. Epifani também se recusou a falar com a imprensa.
Existem duas possibilidades de linhas de metrô se concretizarem para os guarulhenses e uma da CPTM, que só chegará até o aeroporto. Nenhum dos dois projetos de metrô deve ser realidade antes de 2020.
A primeira possibilidade é a extensão da Linha 2-Verde, antigamente conhecida como Ramal Paulista, que hoje vai da Vila Madalena, na zona oeste, até a Vila Prudente, na leste. A obra já está licitada e na fase do chamado “projeto executivo”, que antecede o início das obras propriamente ditas.
A previsão é de que a linha chegue até o Shopping Internacional, que não atende as necessidades da população de Guarulhos, de acordo com o prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), já que o shopping fica nas imediações da rodovia Dutra, longe do centro da cidade e mesmo do aeroporto. O início da operação do novo trecho de 15,5 quilômetros e 13 estações, que Alckmin no ano passado prometeu para 2018, já foi postergado para 2020. Mas o prefeito não acredita nem mesmo nesse prazo.
“Eu infelizmente não consigo mais acreditar em nenhuma proposta do governo do estado para o metrô. Não dá para a população suportar isso. Se o governo do estado não tem condições de executar as obras do metrô, que chame a iniciativa privada, faça PPP, e garanta transporte para o povo”, disse Almeida.
A segunda possibilidade é a Linha 19-Celeste, que ligará a zona sul de São Paulo, a partir da estação Brigadeiro, na altura da Linha 2-Verde, até Guarulhos. Mas esse projeto está ainda mais distante do horizonte dos guarulhenses. Ainda não saiu do projeto “funcional”. “Se estão mudando a data daquilo que está mais perto da realidade (o da Linha 2-Verde), como vou acreditar nessa outra? Mesmo com dinheiro, a gente tem uma média de menos de dois quilômetros de construção de metrô por ano. Se não tem nem isso, como vamos resolver a demanda reprimida?”
O orçamento das obras da Linha-2 até o Shopping Internacional, de R$ 8 bilhões, conta com R$ 4 bilhões do governo federal, dos quais R$ 1,5 bilhão já está oficializado em contrato. “Os outros R$ 2,5 bilhões estão em tratativas, porque é claro que a liberação só pode ser efetivada com a execução da obra”, diz Alencar Santana. O contrato de R$ 1,5 bilhão foi assinado em 28 de novembro de 2013.
Outra obra relacionada a Guarulhos, esta em andamento, diz respeito à Linha 13-Jade, da CPTM, que fará a ligação do Aeroporto Internacional a partir de conexão com a estação Engenheiro Goulart, da Linha 12-Safira, na zona Leste da capital paulista. Inicialmente ela foi prevista para meados deste ano, mas depois foi postergada para 2016, e o cronograma agora já é considerado mais “viável” para 2017.
"Decisão política"
O deputado José Américo (PT) afirmou não acreditar que a lentidão do ritmo de obras do metrô na capital de São Paulo e na região metropolitana seja consequência de incompetência do governo tucano. “Não acho que seja falta de capacidade. Acho que não faz parte da estratégia do governo. Acredito que com 1,5 bilhão seria possível levar o metrô a Guarulhos. Mas ele (o governador Alckmin) não quer e não vai levar enquanto governar. Com Alckmin não teremos metrô nem em Guarulhos, nem na Freguesia, nem na Brasilândia. Não é um problema de recursos, mas é uma decisão política”, disse Américo.
Na opinião dos membros da frente parlamentar, como se não bastasse o ritmo histórico lento das obras de metrô, Alckmin tem sinalizado com um ritmo ainda menor. No caso da Linha 4-Amarela, a primeira que foi objeto de parceria público-privada (PPP) na história do metrô de São Paulo, as obras chegaram a ser completamente paralisadas no primeiro trimestre, por litígio entre o governo e o consórcio Isolux Córsan-Corviam.
O governo e o consórcio chegaram a um acordo, e os trabalhos foram retomados este mês nas estações Higienópolis-Mackenzie e Oscar Freire, assim como do terminal de ônibus da Vila Sônia (zona oeste). As estações Vila Sônia e Morumbi serão objeto de nova licitação.

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