Lula, a “Time” e a cobertura dos “jornalões” brasileiros: um estudo de caso

Lula no topo do mundo. E não é coisa do Le Monde diplomatique, não. Quem disse foi a Time (29), revista símbolo do centro do capitalismo mundial e referência quase canônica para os jornalões da elite tupiniquim. Para explicar a importância de Lula, a revista convidou Michael Moore, o polêmico documentarista. Ele lembrou que, quando Lula foi eleito pela primeira vez, em 2002, os “barões, que assaltavam o país, verificaram nervosamente os medidores de combustíveis em seus jatos particulares”. Aqui, os “barões” donos dos jornalões, eternas filiais colonizadas, fundiram a cuca. Sentiram-se traídos pela matriz, justamente quando tentam alavancar a candidatura anti-Lula a qualquer custo. Não souberam como reagir. Mas tentaram... E de forma tosca e destrambelhada. O Correio Braziliense, sem dar a manchete principal para o tema, publicou apenas como matéria secundária: Lula é o “cara”, diz revista. Mas o foco não foi a notícia em si. O jornal, quase que lamentando, se concentrou num esforço hercúleo em desmerecer o título e destacar apenas a “grandeza” de Serra em elogiar Lula. “O pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, José Serra, principal oponente do nome petista para a sucessão, Dilma Roussef, elogiou a indicação do presidente pelo Twitter”, informou o jornal. Para na frase logo a seguir, explicar: “para especialistas em marketing político, estar na lista da Time é uma conquista invejável, mas sem grandes frutos no campo político”. E por aí foi...
O Jornal do Brasil, com o título A gafe da 'Time' com Lula, caiu ainda mais no ridículo. Além de sonegar a manchete principal, pareceu, na verdade, que se sentia até agredido ou ofendido. Também não colocando a notícia em si em destaque, reagiu de pronto, tentando explicar que a coisa não era bem assim e coisa e tal. No lead da matéria: “Após eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o líder mais influente do mundo, a revista Time recuou, ao informar que Lula é um dos líderes mais influentes`, e não o primeiro do ranking, como divulgado anteriormente”. Posição estranha a do jornal, como se o fato de Lula ser ou não o principal ou um dos 25 mais influentes tivesse alguma importância jornalística ou política.
Já o decadente “Estadão”, ícone dos eternos barões da elite quatrocentona paulista, sintomaticamente não deu uma única nota. Sua manchete: Revisão da Lei de Anistia é rejeitada pelo Supremo. Sobre Lula, ignorando solenemente a matéria da Time, abordou outro assunto. Negativo, claro!: Por Dilma, Lula quer que PT intervenha em Minas.
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