A líder estudantil chilena Camila Vallejo afirmou nesta quarta-feira (31), em Brasília, que veio ao Brasil para conhecer a experiência do movimento estudantil brasileiro. Em discurso em frente ao Banco Central, ela defendeu que a relação dos estudantes com a sociedade está mais avançada no Brasil e que a realidade local serve de lição para o Chile.
“No Brasil, o movimento se articulou com a sociedade e o governo ao longo da história e teve conquistas, ainda que pequenas. No Chile, vivemos há anos um descontentamento muito grande e só agora conseguimos uma aproximação com a sociedade”, comparou.
Os estudantes chilenos protestam há cerca de dois meses pela gratuidade da educação superior. Na semana passada, eles se uniram a grevistas da maior central sindical do país numa paralisação de dois dias que terminou com mais de 1.400 detidos, 200 feridos e um adolescente morto. A polícia assumiu a culpa pela morte do jovem, e o governo chamou os estudantes para negociar.
Camila Vallejo participa de manifestação da União Nacional dos Estudantes (UNE) que defende investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação. Hoje são investidos cerca de 5%.
O protesto da UNE também pede que 50% do fundo social do pré-sal sejam repassados somente para a educação e que as taxas de juros brasileiras sejam reduzidas.
A chilena, estudante de geografia da Universidade do Chile, disse ainda que a visita do presidente da UNE, Daniel Iliescu, ao Chile, na última semana, serviu para que eles começassem a pensar uma estratégia comum. “Nenhum país está isolado e as conquistas de ontem de um lugar são as dificuldades de outro na atualidade”, comentou.
Segundo Camila, a imagem que se projeta do Chile no exterior, de um país desenvolvido, não é a mesma que a população local tem. “Não somos modelo de um país de perspectiva, só de falta de oportunidade e de educação.”
De acordo com Camila, as principais queixas dos estudantes chilenos são o preço das universidades e a qualidade do ensino, que não se relacionam com o mercado de trabalho.
Manifestação
Os manifestantes realizaram uma lavagem simbólica da entrada do Banco Central. O ministro do Esporte, Orlando Silva, passava peloi local e conversou com alguns manifestantes. Ele apoiou o protesto.
“Todo o investimento em educação no Brasil é pouco. Precisamos ampliar o acesso e aumentar a qualidade. Se tenho a chance de defender os interesses dessa classe, sempre defendo. A reinvidicação de 10% do PIB para a educação é mais do que justa, é necessária", disse o Orlando Silva.
Por volta das 10h, eles seguiram para o Congresso Nacional, onde pretendem se reunir com lideranças. Os estudantes chegaram a entrar no espelho d´água em frente ao Congresso.
Eles também tentarão se encontrar com a presidente Dilma Rousseff para entrega de uma carta com reivindicações.
A manifestação em Brasília encerra o “Agosto Verde Amarelo”, uma jornada nacional formulada pela UNE e que resultou em série de manifestações, ocupações e atos públicos em diversas regiões do país. Fonte: G1.
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