sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Estado de sítio

O Exército tem que sair do complexo do Alemão ontem. Ontem, não, anteontem.
Por Marcelo Migliaccio, do Blog Rio Acima
Além de estar fora de sua atribuição constitucional, a força verde-oliva está se desmoralizando. Suas violências e arbitrariedades contra os moradores daquelas favelas mostram muito mais que falta de tato para lidar com aquelas pessoas. Mostram que a ditadura militar não acabou, pelo menos naquela área da Zona Norte do Rio.

Concordo que não havia outro meio de tomar aquele território dos bandidos fortemente armados que lá se concentraram. Mas aquela fase já passou. Os traficantes fugiram como formigas na pia da cozinha, imagem exibida em rede nacional. Lá, só ficaram os pés de chinelo que não tinha ficha na polícia e os 90% da população local compostos por gente que trabalha muito duro a semana inteira.
Pois é essa gente que está sendo punida. Gente que conhecemos bem. pois são os garçons que nos servem nos bares, as faxineiras que limpam nossos banheiros. A eles foi imposto um estado de exceção dentro da democracia brasileira. Não podem fazer um churrasco no fim de semana, um pagode, um baile funk. São obrigados a se identificar várias vezes por dia a militares que estão cansados de saber que são gente honesta.
Se reclamam, é gás de pimenta, cacetete, tiro. Um homem perdeu a visão do olho esquerdo ao ser atingido por uma bala de borracha disparada por um militar. Seu crime? Reclamar de estar sendo vigiado e oprimido 24 horas por dia no local onde nasceu. Mas ele não tem voz. É pobre. Ninguém na beira da praia se importa com seu olho esquerdo.
Seria melhor que esse trabalho sujo fosse feito pela PM, que já está acostumada e foi criada para isso. Pelo menos, um dos pilares do estado não estaria jogando seu prestígio na lama com essa repressão absurda e extemporânea.
A última do comando foi proibir que jornalistas façam imagens dentro das favelas. Aconteceu com uma equipe do jornal A Nova Democracia (http://anovademocracia.com.br/no-81/3635-upp-prisoes-assassinatos-e-revoltas), que vem denunciando a revolta dos moradores de favelas com UPPs diante da arbitrariedade da Polícia Militar. E teria ocorrido também com jornalistas do SBT. Perguntado sobre a medida absurda e antidemocrática, o comando da força de ocupação do Alemão limitou-se a dizer que os soldados que interpelaram os jornalistas entenderam mal a ordem...
Já espantaram os bandidos, então que policiem as favelas sem tornar a vida dos moradores um inferno pior do que era no tempo de domínio dos traficantes.

Um comentário:

Anônimo disse...

EMBORA NÃO SE POSSA APOIAR ARBITRARIEDADES CONTRA AS POPULAÇÕES DE MORROS, TAMBÉM NÃO SE PODE ACEITAR QUE OS TRAFICANTES E OUTROS BANDIDOS VOLTEM A MANDAR E EXPLORAR AQUELAS COMUNIDADES.ESTE É UM RISCO BASTANTE PRESENTE NA ATUALIDADE.