domingo, 2 de novembro de 2008

CAÇA A DILMA ROUSSEFF
José de Souza Castro

Começou para valer a sucessão do presidente Lula e a temporada de caça à ministra Dilma Rousseff, possível candidata petista à presidência da República em 2010, se até lá ela conseguir sobreviver. O primeiro ataque, desfechado por Veja – alguma surpresa? – teve suíte com um "furo" da Folha de S. Paulo no dia 28 de março e nova suíte da Veja neste fim de semana, dando início ao mesmo processo que acabou tirando do governo dois importantes ministros: José Dirceu e Antônio Palocci. No mesmo dia 28, Kennedy Alencar, colunista da Folha Online, tratou de pôr mais água no moinho do "Dilmagate", como batizou a Folha o episódio. Diz ele que "a semelhança com o caseirogate é evidente. O poderoso Antonio Palocci Filho caiu do Ministério da Fazenda em março de 2006 porque houve o vazamento do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Palocci nega até hoje participação no vazamento".

Tem gente que vê cada semelhança! No Observatório da Imprensa, o jornalista Luciano Martins Costa raciocina, em artigo divulgado naquele mesmo dia sobre o auê da Folha: "Mas aquilo que mais interessa ao leitor não está dito: a lista com alguns itens de gastos pode ser chamada de ’dossiê’? E qual é a verdadeira dimensão do acontecimento, se o propósito da CPI, afinal, é quebrar o sigilo sobre todas as despesas pessoais tanto deste governo como do governo anterior?". Luciano acena com a possibilidade de tudo aquilo não passar de uma tempestade em copo d’água. Aliás, foi essa minha opinião, no espaço de comentários daquele artigo: "Não há dúvida, é uma tempestade em copo d’água que logo estará esquecida. A ministra da Casa Civil teria que demitir a secretária-executiva se esta não tivesse tomado aquela iniciativa de levantar os gastos de cartões do governo anterior, se prevenindo para o que surgisse na CPI. Qualquer assessor político com um mínimo de competência teria feito isso, se adiantando aos fatos. É uma coisa tão corriqueira, que ela nem precisaria ter avisado à ministra sobre o que estava fazendo".

Vamos aguardar pelos próximos episódios. Eles virão, não tenham dúvidas. Haverá requentamentos de matérias, outras serão inventadas e detalhes criados dando origem às mais estapafúrdias interpretações. Dilma Rousseff tem uma biografia interessante, ainda pouco explorada e propícia a muitas divagações da imprensa e dos marqueteiros. Mas não custa lembrar o que escreveu a Veja, em janeiro de 2003, quando Dilma Rousseff era ministra das Minas e Energia e José Dirceu o ministro da Casa Civil. Título: "O cérebro do roubo ao cofre – Com passado pouco conhecido, a ministra envolveu-se em ações espetaculares da guerrilha". A reportagem assinada por Alexandre Oltramari diz que o governo Lula tem dois ex-guerrilheiros com posto de ministro de Estado. O texto é ilustrado com duas fotos do tempo em que ela foi presa, com a seguinte legenda: "A ficha nos arquivos militares de Dilma Rousseff, hoje ministra das Minas e Energia: só em 1969, ela organizou três ações de roubo de armamentos em unidades do Exército no Rio de Janeiro". Não vou alongar, porque a reportagem está disponível no Google e a queda de José Dirceu é bem conhecida. E porque teremos nos próximos dois anos uma série de novas versões a respeito, se a pré-candidata sobreviver até lá. E ela é dura na queda, pois sobrevive ao conhecido processo de autofagia da esquerda brasileira com notável desempenho. De qualquer forma, não se surpreendam se, numa dessas reportagens, como fez a Veja recentemente com um guerrilheiro cubano famoso, lerem que Dilma fedia ao ser presa. Sem dúvida, ao ser torturada nos porões da polícia política, ela e nem ninguém cheirava bem.

O que importa é que Dilma Rousseff não se envergonha de seu passado, ao contrário de muita gente na idade dela, e até já procurou reparações. Em dezembro de 2006, a Comissão Especial de Reparação da Secretaria de Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro aprovou seu pedido de concessão de reparação moral. Reproduzo aqui trechos de artigo de Jorge Serrão no blog Alerta Total, de 20 de dezembro de 2006:
Dilma faz parte do folclore da luta armada. A guerrilheira organização marxista VAR-Palmares – e que já foi brizolista no passado – teria participado do assalto à casa de uma amante do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Do cofre da residência, foram roubados US$ 2 milhões e 400 mil dólares. Dilma alega que ajudou no planejamento. Mas a guerrilheira aposentada garante não participou da ação. Por coincidência, sua reparação saiu no dia 14 de dezembro, data de seu aniversário de 59 anos. Dilma, que é autora do livro "Mulheres que foram à luta armada" (1998) foi beneficiada pelo depoimento de uma companheira de guerrilha. Vânia Amoretty Abrantes relatou que foi transferida com ela, no mesmo camburão, de uma prisão em São Paulo para o Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), sediado no quartel da Polícia Especial do Exército, na Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro. Apenas por coincidência, Vânia Amoretty é diretora do Grupo Tortura Nunca Mais. Em nome da ONG, Vânia acompanha os trabalhos da Comissão Especial de Reparação. Ano passado, Dilma fez lobby e recebeu a medalha do Mérito da Ordem Militar – o que irritou oficiais da ativa e da reserva das Forças Armadas contra as quais a guerrilheira Estela (seu principal codinome) lutou nos tempos da guerrilha urbana. Agora, essa "reparação moral" à Dilma vai gerar novas polêmicas. Até porque Dilma será a mulher forte do novo governo Lula. Atual presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, Dilma será a responsável por tocar os projetos bilionários de desenvolvimento que irão destravar o País", prometidos pelo presidente reeleito. Até agora, a direita e a linha dura das Forças Armadas não têm criado grandes problemas à ex-guerrilheira. Como pré-candidata, talvez a coisa mude. Sobretudo, se tiver como concorrente José Serra, um ex-presidente da UNE, e que sabe jogar um jogo político da pesada. Vai ser interessante acompanhar esse jogo bruto da política brasileira, mesmo sabendo que vamos nos irritar profundamente em muitos momentos da partida. Muito mais interessante será se, com Dilma Rousseff, tivermos pela primeira vez uma mulher na presidência da República. Fonte: Novae.

5 comentários:

Daniel Pearl Bezerra disse...

Liberado comentários para DILMA PRESIDENTE.

Anônimo disse...

Saiu no dia do aniver´sario, coincidência não? Foi por ter assaltado e sequestrado?

Anônimo disse...

Estou chegando à conclusão, que mais futuro do que trabalhar, é montar uma guerrilha armada, jogar bomba e assaltar.

Anônimo disse...

Mas são uns bandidos cara de pau que pensam em mudar a historia.Babacas.

Anônimo disse...

Bem disse o Millor, essa camararilha não queria mudar nada no país, estavam TÃO somente FAZENDO UM INVESTIMENTO, O MAIS LUCRATIVO DO MERCADO!!!!!!!!!!
Até criadores de calos na bunda como ZIRALDO e CONY, que nunca saíram detrás de uma máquina de escrever/computador, hoje recebem polpudas aposentadorias antcedido por vultoso "capital inicial". Que merda de país É ESTE??!!??