sábado, 8 de novembro de 2008

O PODER DAS IMAGENS
Imagens falam por mais do que mil palavras resume um velho e discutível ditado para defender a importância da fotografia e, mais recentemente, das fitas das câmeras de proteção ou as das tevês que repetem à exaustão os lances mais complicados de uma partida de futebol. Se isso for verdade, teríamos que considerar que a manipulação das imagens captadas por equipamentos eletrônicos deveriam ser considerada como um crime.
Foi sobre essa questão que andaram se debruçando nos últimos dias os chamados observadores de mídia, por causa de fotos da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, publicadas pela Folha de S.Paulo no dia 5 de abril e de imagens do governador José Serra editadas na revista Isto É da semana passada. As fotos da ministra ocuparam espaços na primeira página do jornal e na abertura da cobertura sobre o dossiê sobre os gastos pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e da primeira-dama Ruth Cardoso.

As fotos de Dilma foram extraídas de um filme fotográfico produzido pelo fotógrafo Alan Marques durante entrevista em que a ministra, pródiga em gestos manuais, permitiu que os editores de texto e fotografia selecionassem detalhes que, no conjunto, dão idéia de sinais de leitura pornográfica. Mas isso, claro, não aparece conotado nos textos da reportagem, deixando apenas que a imaginação dos leitores captasse ou não a mensagem iconográfica com essa intenção. E alguns, realmente, perceberam isso.

Só que com reações diferentes. Nos dias seguintes, vários deles enviaram mensagens ao jornal para se manifestar. Dagmilson B. dos Santos, de Ribeirão Pires-SP, não gostou da manipulação das imagens: "Considerando a Folha um dos melhores jornais do país, é lamentável ver a imagens da entrevista da ministra Dilma Rousseff ...que, além de selecionar as imagens obtidas e publicá-las com o intuito de transformar os gestos da ministra em obscenos, não condiz com a seriedade do assunto, fere a decência e a credibilidade do jornal". Por sua vez, Luiz Figueiredo, de Porto Belo-SC, elogia o jornal e a matéria, "especialmente pelas fotos de Alan Marques, cuja seqüência traduz não o que a ministra estava afirmando, mas o que ela gostaria de estar dizendo à oposição e a todos que discordam do jeito petista de governar. As imagens vão além do texto. Parabéns".

O caso da Istoé a manipulação da foto se deu com o apagamento da inscrição "Fora Serra" que constava de uma faixa erguida por manifestantes do Movimento dos Sem Terra (MST) durante um discurso do governador José Serra. A foto foi adquirida junto ao banco de imagens da Folha de S. Paulo que, se quisesse, poderia mover processo contra a revista por adulteração de foto, mas não o fez. Não sei se os leitores da revista se manifestaram a respeito, ou mesmo se chegaram a perceber a intervenção sofrida pela foto, já que esta é menos evidente. Porém, o simples fato de ocorrerem fatos como esses, de forma cada vez mais constante, preocupa. É que as imagens, além de informar, possuem uma carga de opinião que pode determinar comportamento junto aos receptores de mensagens jornalísticas. Isso não quer dizer que não se possa interferir na foto, pois quase sempre elas precisam se adaptar ao espaço que lhes é destinado. Muitas vezes, também, as alterações permitem que as fotos ofereçam um composição gráfica e artística que valoriza os textos.

Portanto, mais uma vez, o que se espera é bom senso, sentidos ético e estético e respeito aos leitores e pessoas retratadas. Escrito por Ouhydes Fonseca - Jornal da Orla.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que coisa feia para quem quer ser Presidente.Gesto chulo.