O peixe e o gato

Fábio Campana: O presidente Lula põe um olho na economia e outro na política. Quer eleger Dilma Rousseff em 2010 e sabe que o agravamento da crise econômica serve ao projeto do tucano José Serra. Serra é, hoje, o candidato mais bem-posto nas pesquisas. Decidido a converter Dilma numa presidenciável competitiva, Lula agarra-se às previsões do Ministério Fazenda, as mais otimistas de que dispõe nesta fase de maus agouros. Com toda a razão, o presidente acha que o êxito de seu projeto político está condicionado à capacidade do governo de responder adequadamente à crise. No curtíssimo prazo, são três as iniciativas que o governo Lula pretende adotar para romper o pessimismo supostamente exacerbado: 1.) Juros: haverá, segundo a equipe da Fazenda, um abrandamento da política monetária. Alega-se que os efeitos inflacionários da alta do dólar foram compensados pela queda do nível de atividade da economia e pela redução nos preços das comoddities. Por isso o Copom teria reduzido em um ponto percentual a taxa Selic, que foi de 13,75% para 12,75%. Diz-se que novas quedas estão por vir; 2.) Investimentos: o governo planeja tonificar os investimentos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Vai-se privilegiar as obras que estão em estágio mais avançado. Sobretudo as que se referem a projetos de infraestrutra; 3.) Habitação: anuncia-se para a semana que vem a divulgação de um ambicioso plano de estímulo a projetos de construção de casas populares. Fala-se em prover financiamento para algo como 900 mil a 1 milhão de residências até o final de 2009. Bem, se tudo isso não funcionar, Lula vai entrar na campanha eleitoral da mesma forma e jogando todo o peso de seu carisma e sua inegável capacidade de convencimento. Ninguém, nem ele, sabe dizer se será suficiente para eleger Dilma.