Alternativas de Aécio

Luiz Alberto Rodrigues - Ex-deputado federal - larode50@hotmail.com
A pauta política do Brasil é a eleição presidencial de 2010 e a crise econômica. Uma coisa está ligada à outra, na medida em que o colapso da economia pode levar à perda do capital político do grande eleitor, o presidente Lula da Silva. Em decisão autocrática, Lula impôs sua escolha: a candidata do PT é a ministra Dilma Rousseff e pronto. Escolhida, a ministra saiu a campo, e seu primeiro ato foi uma mudança programática no visual, através de comentada cirurgia ideológica que fez no rosto. Em Brasília, algumas lideranças dizem que Lula escalou Dilma para perder a eleição ou, se ganhar, para esquentar a cadeira para ele voltar em 2014. Mas é relativo, pois se o candidato do PSDB vencer e fizer bom governo, 2014 pode passar para 2018. O adversário de Dilma - salvo um terremoto político - vai sair do PSDB, e será ou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, ou o de São Paulo, José Serra.
Aécio enfrenta a escola de samba "caciques paulistas unidos". Por isso decidiu trabalhar as bases do PSDB com viagens para discutir um projeto de país, e dar conteúdo de interesse público ao debate político interno. Aécio e seus adeptos defendem prévias no PSDB e os serristas não querem prévias nem da boca para fora. Se no PSDB houvesse eleições primárias, como nos Estados Unidos, Aécio empolgaria o partido e o Brasil. Mas, como a escolha do candidato será feita por pequeno colegiado, com membros ligados aos interesses das cúpulas estaduais, nesse nível de disputa, é preciso alternativas. Experiente articulador, Aécio sabe disso, e com o seu Estado-Maior deve avaliar outros cenários. Uma alternativa aventureira seria ir para o PMDB. Este é o sonho secreto de Lula, para dividir o adversário e colocar Dilma no segundo turno. O PMDB não oferece confiança, e partidos como o PSB, e outros, têm bases precárias e pouco tempo de televisão. Portanto, vejo Aécio a disputar no PSDB, onde tem prestígio e poderá cativar delegados com sua juventude e carisma.
Aécio tem o que dizer e será ouvido no PSDB, mas ser escolhido candidato dependerá do processo interno, no qual Serra tem estratégia e até agora se posicionou bem, com táticas do agrado dos seus aliados. Se não for o candidato do PSDB, Aécio tem outras ótimas alternativas para participar ativamente do processo histórico. Uma delas é ser candidato a vice-presidente e formar chapa puro-sangue com Serra. Nesse caso, a questão das composições com outras legendas e com o Nordeste seriam facilitadas pela força de uma chapa potencialmente vitoriosa. Se essa alternativa for descartada, Aécio Neves terá à sua disposição uma eleição mamão com açúcar para o Senado da República, e será decisivo na eleição do seu sucessor para o governo de Minas e na eleição para presidente da República. Seja como candidato a presidente, a vice ou a senador, Aécio Neves será protagonista decisivo do que vai acontecer em 2010, e daí por diante.

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