quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Olê, olê, olá, olá. Dilma, Dilma

"Olê, olê, olá, olá. Dilma, Dilma". Entoada no jantar que festejou os 29 anos do PT, a cantoria não deixou margem para dúvidas. O petismo absorveu a candidatura presidencial de Dilma Rousseff. A ponto de injetar o nome dela num refrão que era exclusivo de Lula desde a campanha de 1989. Reunido durante dois dias, em Brasília, o diretório nacional do PT elaborou uma resolução política. Foi aprovada na última terça (10). Mas só nesta quarta (11), o partido levou o texto ao seu portal na internet. O miolo do documento gira em torno da crise financeira mundial. Flertando com o obvio, o texto anota que os efeitos da encrenca “terão decisiva incidência nas eleições de 2010”. No geral, o PT aprova as ações anticrise adotadas pelo governo. Louva a “firmeza” de Lula e elogia o comportamento do ministro Guido Mantega (Fazenda). A resolução do PT abre uma única janela para a crítica. O texto desanca a instituição dirigida pelo ex-tucano Henrique Meirelles:
Diz o texto: “Destoa, nesse contexto, a postura do BC, que demorou demasiadamente para reduzir a taxa Selic [juros básicos da economia]”. Parágrafos adiante, o PT escreve: “Reafirmamos que a redução rápida e forte da taxa Selic é fundamental para reduzir o custo da dívida no Orçamento da União e estimular investimentos...” “...Não há razão técnica justificável para manter juros reais de mais de 7%, quando os principais bancos centrais do mundo praticam taxas próximas de zero ou negativas”. De resto, o PT aproveita-se da crise para espinafrar as duas legendas de oposição. Afirma que o modelo econômico que foi à breca, de cunho “neoliberal”, é representado no Brasil por PSDB e DEM. “Os neoliberais que nos antecederam no governo do Brasil [...] precisam responder solidariamente pelo que acontece no mundo”, diz o texto. O documento diz que foi graças às derrotas dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin que o Brasil alcançou “outro patamar” econômico, mais apropriado para o enfrentamento da crise. O texto desliza para a provocação: “Agora, eles se recolhem, silenciosos, a despeito de sua irresponsabilidade e submissão anteriores [...]”. O documento antecipa, com quase dois anos de antecedência, a plataforma petista para a sucessão presidencial de 2010.
“De um lado, as forças progressistas e de esquerda, que querem dar continuidade à ação do governo Lula...” “...De outro lado, as forças neoliberais conservadoras e de direita, que, de 1990 até 2002, privatizaram, desempregaram e arrocharam o povo brasileiro [...]”. O diretório do PT fez uma espécie de chamamento aos seus militantes: “É preciso enfrentar as medidas conservadoras” adotadas por governos estaduais tucanos. Entre eles os de “José Serra [São Paulo] e Aécio Neves [Minas Gerais]”. Como se vê, Dilma já dispõe de jingle, de suporte partidário, de padrinho político e de adversários. Faltam-lhe apenas os votos. A candidata de Lula ainda está a léguas de José Serra, o oposicionista mais bem-posto nas pesquisas. Mas já escalou a casa dos dois dígitos na aferição das intenções de voto. Josias de Souza.

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