O Globo: SÃO BERNARDO DO CAMPO (SP) - Pouco depois de se encontrar, num seminário em São Bernardo do Campo com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata à Presidência pelo PT, o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB, criticou a antecipação do debate sobre a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se recusou a dizer se o recado era para o governo ou para o próprio partido, no qual o governador de Minas, Aécio Neves, defende prévias. (Leia também: Bolsa Família é a cara do Nordeste, diz Dilma)
- No Brasil, está se tratando da eleição muito prematuramente. Não estou preocupado em faturar este ou aquele programa - disse Serra, sem especificar quem antecipava o debate eleitoral. - Cada um analisa e vê por que esta coisa se acelerou. Mas o fato é que é muito cedo. Perguntado sobre quando seria o momento ideal, disse: -Tenho certeza que esta ano não é. A gente precisa trabalhar para enfrentar a crise. Com uma maratona de compromissos nos últimos dias, a maquiagem não escondia as olheiras de Dilma nas primeiras horas da manhã - ela sempre se queixou do problema com as olheiras. Ao falar sobre energia, disse que era um absurdo um governante não saber que haveria apagão, numa referência ao governo tucano. Sobre a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de se criar um gabinete anticrise, a ministra afirmou:
- Essa política de gabinete de crise é de quem não segurou a barra e teve um apagão. É o mesmo pessoal que fez o gabinete antiapagão.
O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), rebateu as declarações: - Não é propósito do PSDB criar dificuldades para o governo. Mas o fato é que o governo não consegue ter foco no gerenciamento da crise. A própria ministra tem duas grandes tarefas: cuidar do PAC, que é um saco de problemas, e de sua própria campanha. Melhor seria um gabinete que tivesse liderança, estratégia e projeto real para desenvolver o enfrentamento da crise.
- Até agora, o governo era parte do problema e hoje é a solução para os nossos problemas - disse Dilma, para a platéia de sindicalistas e empresários do ABC.
Nenhum dos dois sabia ainda da decisão do Banco Central de reduzir a taxa de juros em um 1, 5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Ela disse que a política de redução de juros vai continuar até atingirmos "taxas civilizadas".
- Vamos baixar os juros e os spreads bancários para servir como a nossa alavanca para entrarmos num novo circulo virtuoso - disse ela. Segundo a ministra, a queda no PIB foi menor no Brasil que em outros países. Embora Dilma não tenha citado o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra, ao discursar, não defendeu o governo anterior das críticas feitas pela ministra de Lula à gestão anterior, mas o governador paulista aproveitou também para dar suas estocadas no atual governo. Ele disse que o atual governo demorou pelo menos seis meses para tomar medidas que reduzissem a taxa de juros, enquanto que a Índia baixou os juros em cinco pontos.
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