sábado, 21 de março de 2009

Entreatos desvenda bastidores da campanha de Lula


Os bastidores da campanha que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência formam o centro nervoso de Entreatos, documentário de João Moreira Salles. O filme se destaca por não mostrar o óbvio. Em vez do Lula dos comícios, a câmera (muitas vezes manejada pelo próprio diretor de fotografia, Walter Carvalho) o acompanha sempre em espaços pequenos, em salas e quartos de hotéis, estúdios de TV e na poltrona de jatinhos. É o máximo de intimidade que se poderia esperar na filmagem de um candidato ao mais alto cargo do país. Uma intimidade que é claramente limitada - nem sempre a filmagem foi admitida nas reuniões da campanha, como mostra a imagem de uma porta fechada, ainda que educadamente, diante do cinegrafista. A postura de Salles é, portanto, transparente - nem tudo foi visto nem ouvido, o que existe são fragmentos. Seu valor está no fato de que são fragmentos raros.

Numa história como a do Brasil, marcada nas últimas décadas por 21 anos de regime militar, em que os generais-presidentes eram figuras quase invisíveis, e as imagens dos presidentes civis eleitos depois - Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso - limitavam-se a suas aparições dentro do cerimonial do cargo, o documentário consagra uma inédita visibilidade de um presidente em formação. Captura momentos de reflexão política - como quando Lula discorre sobre a formação do PT e o "peleguismo" do líder sindical polonês Lech Walesa -, descontração, como quando ele finge falar ao telefone com diversos líderes mundiais, e emoção aberta, como quando assiste, já eleito, com sua mulher, Marisa, a um programa na TV sobre sua trajetória de ex-retirante, operário e líder sindical.

O documentário registra até o exato momento em que Lula soube que realmente havia vencido, cortesia da filmagem da filha de Aloízio Mercadante, Mariana, ex-aluna de Salles. Por tudo isso, Entreatos é um filme único e que se abre, a partir de agora, a todo tipo de análise e reflexão. A própria data do lançamento, bem no meio do mandato do presidente, já deu oportunidade a polêmicas, em torno da menção a militares, hábitos de consumo de bebidas e brigas de galo. Mas o filme, como insiste o diretor, não foi montado em cima do noticiário nem sua edição final sofreu qualquer interferência do governo. Como Peões, filme de Eduardo Coutinho lançado simultaneamente, apresenta um momento da história, sem ter a intenção de aprisioná-la - nem a todas as suas infinitas interpretações. Reuters.

Um comentário:

Anônimo disse...

No caso de eleições Presidenciais que até agora tive a oportunifade de votar digo: Votei em Jânio: me decepcionei-Collor, o novo:outra decepção-FHC por duas vezes.Não aguantei a arrogância e o fracasso quando com o nosso dinheirinho ajudou os bancos. Privatizações as nossas custas, principalmente a Vale. Lula duas vezes e votarei em 2014, se Deus me permitir.
Nossa história de elitistas que sempre dominou as nossas mentes por séculos, pois só haviam os meios de informações das elites, mas com o tempo foi passando e assim como muitos um dia pensei comigo mesmo: Por qual razão ter medo de mudar? Como nas empresas quando se diz que aqueles que tem medo das mudanças, não prosperam e ficam marcando passo até a aposentadoria ou ficam a chorar pelos cantos. Assim, no dia em que resolvi mudar disse para mim mesmo e para alguns colegas em mesa de refeição: Eu vou mudar, vou votar em Lula. Meus colegas ficaram incrédulos, mas com o decorrer dos dias alguns deles vieram a mim e me disseram: Bueno, eu também vou mudar. Tantos esses como eu, não nos arrependemos e em 2006 continuamos com Lula e eu em 2014 novamente estarei com ele.
Pedro Bueno
buenp.pedro@gmail.com