Um estudo publicado pelo Banco Mundial (Engendering Development, Oxford University Press) mostra que, nos países em que a mulher alcança perto de 50% do poder, a corrupção tende a cair drasticamente. Entre eles, o estudo analisa mais detalhadamente cinco casos: Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia e Finlândia. Se consultarmos as listas das Nações Unidas sobre os índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e de Desenvolvimento de Gênero (IDG), além dos índices da Transparência Internacional, veremos que todos se encontram entre os primeiros lugares, mostrando assim que transparência, empoderamento das mulheres e desenvolvimento humano estão intimamente ligados. Esses países — e mais alguns outros — apresentam menor desigualdade de renda, maior grau de instrução da juventude, suporte governamental a mães e pais para cuidar das crianças pequenas sem a perda dos respectivos empregos, treinamento dos homens para as suas funções parentais antes e depois do nascimento da criança, cuidado com os mais velhos bancado pelo governo, vigiados pela sociedade civil, e assim por diante. Além disso, eles possuem economias mais integradas, pouca ou nenhuma dívida governamental, inclusive com o FMI etc.
Por outro lado, os países mais ricos do mundo — EUA, Japão e Alemanha — estão em posições bem inferiores nesses índices citados. Por exemplo, quando, em 1977, dei um curso na Universidade de Massachusetts, EUA, as mulheres me disseram que, caso engravidassem, perderiam imediatamente os empregos, fato baseado no princípio de que as empresas têm direito de não prejudicar a sua produção. Foi somente em 1978 que as americanas conseguiram uma lei que lhes permitiu ficar três meses em casa e, depois, retornar aos empregos, mas sem receberem salário durante esse período de licença. E isso até hoje, sendo que a riqueza americana mais que duplicou. Observe-se que mais de 80% das mulheres daquele país pertencem à categoria de empregadas mal remuneradas, que tiveram pouco ou nenhum ganho com as benesses da globalização. Assinale-se também que em nenhum desses países mais ricos do mundo as mulheres atingiram 20% da participação nos vários níveis de poder.
Comparemos esses exemplos com o resultado de outro estudo importantíssimo, do Unicef, o Relatório da Integração da Infância e da Adolescência Brasileiras (2004), que mostra que as crianças filhas de mãe com baixa ou nenhuma escolaridade têm sete vezes mais possibilidades de serem pobres, 11 vezes mais possibilidades de não frequentarem a escola (de 7 a 11 anos) e, principalmente, 23 vezes mais possibilidades de serem analfabetas, se a mãe for analfabeta. E quais são as inferências que esses três tipos de países poderiam nos suscitar? No meu primeiro livro, A mulher na construção do mundo futuro (ed. Vozes, 1966), afirmava não ser possível um país se desenvolver se não se desenvolvesse a sua metade feminina. Isso porque, quando se educavam os homens, estes tendiam a aplicar os seus conhecimentos construindo pontes e cidades, sistemas políticos e econômicos, enquanto as mulheres passavam os seus conhecimentos para os filhos, modificando, assim, a estrutura humana da cadeia de gerações. Educar um homem era educar um indivíduo, ao passo que educar a mulher era educar a sociedade.
Hoje penso de modo um pouco diferente. Não são as sociedades que mudam; é a própria espécie que evolui quando, além de se educarem, as mulheres partilham o poder com os homens. Por exemplo: em países mais ricos em que a mulher tem pouca influência nas estruturas, a competição desenfreada do livre mercado desequilibra as economias. Segundo Paul Krugman, os 20% mais pobres aumentaram os seus rendimentos apenas em 58% durante a década de 1990; o 1% mais rico aumentou-a em 282%; e, para 0,01% do topo da pirâmide, os ganhos cresceram 599%. Excluindo os ganhos de capital, isso torna os EUA não mais uma sociedade de classes, e sim uma sociedade de castas! (The Nation, 5/1/2004.) Se no Brasil o governo e a sociedade se empenharem numa educação para homens e mulheres, enfocando a importância da educação das meninas, com ênfase em gênero, e se os poderes decisórios abrirem mais oportunidades para as mulheres nos primeiros escalões, certamente o processo de desenvolvimento humano (logo também o econômico) se agilizará e, consequentemente, expurgará décadas de estagnação — tudo isso praticamente sem custo. É por isso que apoiamos uma mulher para a presidência: Dilma.
Por outro lado, os países mais ricos do mundo — EUA, Japão e Alemanha — estão em posições bem inferiores nesses índices citados. Por exemplo, quando, em 1977, dei um curso na Universidade de Massachusetts, EUA, as mulheres me disseram que, caso engravidassem, perderiam imediatamente os empregos, fato baseado no princípio de que as empresas têm direito de não prejudicar a sua produção. Foi somente em 1978 que as americanas conseguiram uma lei que lhes permitiu ficar três meses em casa e, depois, retornar aos empregos, mas sem receberem salário durante esse período de licença. E isso até hoje, sendo que a riqueza americana mais que duplicou. Observe-se que mais de 80% das mulheres daquele país pertencem à categoria de empregadas mal remuneradas, que tiveram pouco ou nenhum ganho com as benesses da globalização. Assinale-se também que em nenhum desses países mais ricos do mundo as mulheres atingiram 20% da participação nos vários níveis de poder.
Comparemos esses exemplos com o resultado de outro estudo importantíssimo, do Unicef, o Relatório da Integração da Infância e da Adolescência Brasileiras (2004), que mostra que as crianças filhas de mãe com baixa ou nenhuma escolaridade têm sete vezes mais possibilidades de serem pobres, 11 vezes mais possibilidades de não frequentarem a escola (de 7 a 11 anos) e, principalmente, 23 vezes mais possibilidades de serem analfabetas, se a mãe for analfabeta. E quais são as inferências que esses três tipos de países poderiam nos suscitar? No meu primeiro livro, A mulher na construção do mundo futuro (ed. Vozes, 1966), afirmava não ser possível um país se desenvolver se não se desenvolvesse a sua metade feminina. Isso porque, quando se educavam os homens, estes tendiam a aplicar os seus conhecimentos construindo pontes e cidades, sistemas políticos e econômicos, enquanto as mulheres passavam os seus conhecimentos para os filhos, modificando, assim, a estrutura humana da cadeia de gerações. Educar um homem era educar um indivíduo, ao passo que educar a mulher era educar a sociedade.
Hoje penso de modo um pouco diferente. Não são as sociedades que mudam; é a própria espécie que evolui quando, além de se educarem, as mulheres partilham o poder com os homens. Por exemplo: em países mais ricos em que a mulher tem pouca influência nas estruturas, a competição desenfreada do livre mercado desequilibra as economias. Segundo Paul Krugman, os 20% mais pobres aumentaram os seus rendimentos apenas em 58% durante a década de 1990; o 1% mais rico aumentou-a em 282%; e, para 0,01% do topo da pirâmide, os ganhos cresceram 599%. Excluindo os ganhos de capital, isso torna os EUA não mais uma sociedade de classes, e sim uma sociedade de castas! (The Nation, 5/1/2004.) Se no Brasil o governo e a sociedade se empenharem numa educação para homens e mulheres, enfocando a importância da educação das meninas, com ênfase em gênero, e se os poderes decisórios abrirem mais oportunidades para as mulheres nos primeiros escalões, certamente o processo de desenvolvimento humano (logo também o econômico) se agilizará e, consequentemente, expurgará décadas de estagnação — tudo isso praticamente sem custo. É por isso que apoiamos uma mulher para a presidência: Dilma.
Um comentário:
Já ganhou, vc é poderosa. Uma mulher na presidencia vou ter orgulho de ser Brasileira
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