sábado, 25 de abril de 2009

Câncer de Dilma repercute entre os políticos

O Globo: SÃO PAULO - A revelação de que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, de 61 anos, iniciou tratamento contra um linfoma - câncer nos gânglios linfáticos - repercutiu no mundo político, já que Dilma é pré-candidata do PT e a preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sucessão presidencial ano que vem. Segundo o presidente do PT, Ricardo Berzoini, a revelação da doença da ministra não abalou o PT, que permanece contando com ela para disputar a eleição de 2010.

- Não vejo nenhum problema em ela ser candidata (à Presidência). Continuamos contando com ela - disse Berzoini, neste sábado.

Berzoini elogiou a forma objetiva e com "desassombro" com a qual a ministra tratou seu diagnóstico de câncer linfático.

- Acho a postura dela absolutamente coerente com a maneira de ela agir. Ela sempre enfrentou todas as coisas na vida com desassombro. E neste caso também, ela simplesmente expôs os fatos ao público.

Enquanto o presidente do PT falou com naturalidade sobre a candidatura de Dilma, durante a entrevista no hospital a ministra voltou a dizer que "nem amarrada" confirma que vai participar da disputa presidencial no ano que vem. Provável principal adversário de Dilma na campanha presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), desejou a recuperação da ministra. "Espero que a ministra Dilma tenha uma pronta e definitiva recuperação", disse ele, por meio de sua assessoria, sem fazer outros comentários. No fim da tarde deste sábado, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), emitiu nota à imprensa na qual afirma que Dilma enfrentará com "grande força pessoal" a adversidade. Aécio disputa com Serra, o posto de candidato tucano na corrida presidencial. "Fiquei surpreso com a notícia, mas seguro de que a ministra enfrentará essa adversidade com a grande força pessoal que já demonstrou possuir. Torço por sua plena e rápida recuperação. Tenho certeza que ela continuará prestando sua importante contribuição ao país," disse Aécio em nota oficial. Líderes oposicionistas torcem para que a ministra Dilma supere rapidamente os problemas de saúde.

- Foi uma atitude corajosa de dar a coletiva. Mostrou que sua história de vida é de luta e superação. Estamos certos de que ela se recuperará para fazer conosco o debate político e eleitoral de 2010. Nossa torcida é pelo seu pleno restabelecimento -disse o deputado Rodrigo Maia (RJ), presidente nacional do DEM.

Já o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), descartou a substituição da candidatura de Dilma.

- Estamos certos de que ela (Dilma) concorrerá conosco nas eleições presidenciais. Nós a consideramos uma concorrente dura e competitiva. Trata-se de uma pessoa íntegra e respeitável, a quem admiramos do ponto de vista pessoal e político - disse.

- A política vai continuar no seu curso - completou Guerra.

Em Nova York, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse não acreditar que a doença prejudicará a possível candidatura de Dilma ao Planalto.

- Tenho certeza de que não vai afetar a vida política dela, a ação do governo, que é intensa - destacou o ministro a jornalistas.

- Vai continuar tocando a vida com mais esse probleminha que ela vai ter que resolver - acrescentou.

O governador do Rio, Sérgio Cabral, um dos cotados no PMDB para compor a chapa à Presidência como vice de Dilma, destacou a transparência da ministra, em nota: "Ela demonstrou seriedade e respeito à opinião pública ao dar total transparência ao assunto. Como amigo e companheiro, rezo para seu pronto restabelecimento. A descrição da doença e o seu diagnóstico nos dão garantias da sua breve recuperação", afirmou Cabral. Na mesma linha, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), desejou que sua "força política" a ajude em sua recuperação. Defensor da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a presidente como forma de enfraquecer a oposição no primeiro turno das eleições de 2010, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo na Câmara, disse acreditar que o cenário continua o mesmo.

- Não há conjuntura nova. O fato da doença de Dilma não impõe uma conjuntura nova - alegou.

O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), tem a mesma percepção:

- Eu vi (na televisão) ela dizendo que prosseguia a vida normal dela. A vida normal dela mantém ela candidata.

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