sábado, 18 de abril de 2009

DILMA - Armas na pensão

Revista Cláudia: CLAUDIA O senador Agripino Maia (DEM-RN) provocou-a, ano passado, lembrando que a senhora tinha mentido para os torturadores. DILMA Aquele senhor não sabe o que é passar 22 dias sob choque elétrico e pau-de-arara. Menti para não entregar parceiros. Por dois dias, apanhei sem revelar onde morava com uma amiga. Assim, ela saiu da pensão, na avenida Celso Garcia, em São Paulo, e outros deixaram os locais onde se refugiavam.
CLAUDIA Como era a pensão? Guardava armas ali? DILMA Era simples, tinha um corrimão típico: descascando com a unha, apareciam várias cores, até chegar à madeira. Havia armas ali, sim. Eram algumas pistolas.
CLAUDIA A senhora ainda se lembra de como é atirar? DILMA Não era a minha função. Eu participava da direção.
CLAUDIA Mas foi treinada para lidar com fuzis... DILMA Sempre tive muitos problemas com a minha visão, uma miopia pesada, de 8 graus num olho e 6 no outro. Não tinha bom ajuste de mira. Eu era ótima para limpar uma arma, ainda sei como desmontar e montar uma.
CLAUDIA A senhora participou ou não do roubo do cofre do ex-governador paulista Adhemar de Barros, que estava na casa da amante dele e continha 2,5 milhões de dólares? DILMA Gostam de dizer que participei. Podia ter havido minha participação, mas não houve. Não estou querendo negar nada. Tem várias pessoas vivas, que atuaram no episódio, que podem confirmar o que digo. Naquele momento, eu cuidava de reinserir os militantes clandestinos na luta legal. Deslocava pessoas de um estado para outro onde pudessem trabalhar. Era hora de abrandar as ações e priorizar a mobilização das massas.
CLAUDIA Quando viram que a luta armada havia fracassado? DILMA Éramos cerca de 300 jovens convictos de que mudaríamos o Brasil e a América Latina. Com a quantidade de prisões, percebemos a fragilidade daquela luta. Nas casas da morte, a repressão massacrou quase todas as organizações de esquerda até 1974.

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