sexta-feira, 17 de abril de 2009

Dilma Rousseff: a mulher que quer governar o Brasil

Revista Cláudia: Tango, cães e literatura
CLAUDIA Num jantar político, a senhora cantou com o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) o tango EL DIA QUE ME QUIERAS. Gosta de música? DILMA Adoro. Mas não cantei. Minha voz é de fazer chover. Eu falava a letra e Suplicy cantava. Meu pai me obrigou a estudar piano por quatro anos, mas, infelizmente, não tenho o menor talento. Aprendi a ouvir tango e jazz na prisão, com uma colega de cela, a professora Maria do Carmo Campello de Souza. Naquela época, passei a entender melhor Astor Piazzola e a apreciar a voz de Ella Fitzgerald. Maria do Carmo tinha muitos discos, que nós tocávamos numa vitrolinha. As caixas de som eram ótimas, feitas por outra presa com caixotes de maçã. Hoje ouço muita música clássica – Bach e Vivaldi estão sempre comigo – e ainda curto a dupla Zezé di Camargo e Luciano.
CLAUDIA Sertanejo? Isso é influência do presidente Lula... DILMA Não! Já gostava bem antes de trabalhar com Lula. É O AMOR é linda. Não tenho restrição a gênero algum. Meu lado gaúcho (viveu no Rio Grande do Sul por três décadas) me leva a gostar ainda do Bagre Fagundes: “O canto gauchesco e brasileiro desta terra que eu amei desde guri...” (cantarola batucando com a mão sobre a mesa).
CLAUDIA Seu lazer é à base de música? DILMA Em primeiro lugar, de leituras. Leio tudo. Estou na fase dos angolanos, como José Eduardo Agualusa, autor de O VENDEDOR DE PASSADO, e de Pepetela, de PREDADORES. Também gosto muito de pintura e tenho a minha galeria.
CLAUDIA A senhora coleciona obras de arte em casa? DILMA No computador. Entro nos sites dos museus famosos, como o Metropolitan, acesso as que quero e baixo. Se estou numa fase impressionista, seleciono obras impressionistas. Atualmente, prefiro as japonesas. Para mim, literatura, música e pintura são instrumentos de descoberta. A nossa aventura neste mundo passa por compartilhar a arte. Por meio dela, acesso um pouco a raça humana. Se não tiver essa dimensão, entendo bem menos as pessoas.
CLAUDIA A senhora se sente sozinha em Brasília? DILMA Não me sinto só. Trabalho muito e no fim de semana quero me recolher, quase não saio de casa. Às vezes, recebo a visita da minha mãe (Dilma), que vem de Belo Horizonte, e da minha filha (a procuradora do Trabalho Paula, 31 anos, do segundo casamento), que vive em Porto Alegre. Adoro quando o meu bebê vem me ver.
CLAUDIA Ainda mantém o labrador Nego, que ganhou do ex-ministro José Dirceu? DILMA Ele é um labrador genial. O Zé Dirceu fez o imenso favor de deixá-lo comigo. Ao sair do governo, não tinha para onde levar o Nego, que é enorme (Dilma vive na mansão antes ocupada pelo petista, na Península dos Ministros, no Lago Sul). Passeamos muito juntos. Desde pequena, tive cachorros, sempre vira-latas. Quando minha filha nasceu, eu lhe dei um policial para que aprendesse a lidar com os bichos. Ela cuidava, escovava os dentes dele até que o cão morreu, aos 15 anos. Foi uma choradeira danada.

Um comentário:

ZEPOVO disse...

A campanha começa, a luta vai ser dura e vitoriosa!