Com alta de 61% nas compras, China passa os EUA na lista de importadores
ESTADÃO
A China está salvando as exportações brasileiras em meio à recessão global. Em março, pela primeira vez o país foi o principal destino dos produtos nacionais, desbancando a liderança histórica dos Estados Unidos. As exportações para China no primeiro trimestre cresceram 62,67% em valor e 41,47% em quantidade na comparação com o mesmo período de 2008.Os principais beneficiados foram os produtores de soja, celulose, minério de ferro e petróleo. Essas quatro commodities respondem por 76,6% da receita de exportações brasileiras para o país, aponta a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex)."No pior dos mundos, o Brasil está melhor", afirma Miguel Daoud, economista-chefe da consultoria Global Financial Advisor e especialista em China. Com a crise global, o governo chinês decidiu injetar quase US$ 600 bilhões na economia. O objetivo é estimular os negócios e mudar o modelo de economia exportadora para outro, voltado para o mercado interno. Esse pacote já começou a fazer efeito, com repercussões diretas no Brasil.Daoud observa que o pacote está concentrado na construção civil. Isso significa maior consumo de aço e, consequentemente, de minério de ferro, a matéria-prima básica da siderurgia. Além disso, o governo chinês traçou um plano para tornar o país autossuficiente em cerca de uma dúzia de produtos agrícolas. Como apenas 10% do território são próprios para a agricultura, a China está aumentando as importações dos produtos que não são prioridade no plano de autossuficiência. É o caso da soja, o principal produto de exportação das lavouras brasileiras.O salto chinês nas compras do Brasil chama ainda mais atenção pelo fato de as exportações brasileiras terem registrado no primeiro trimestre do ano um recuo de mais de 19% em relação ao mesmo período de 2008. As importações também caíram, mas um pouco mais: 21,6%. Apesar das quedas, a balança comercial brasileira registrou superávit de 9% no trimestre.Estrela do comércio exterior, a China importou US$ 3,395 bilhões do Brasil no primeiro trimestre e foi praticamente o único país que ampliou significativamente as compras de produtos brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A China respondeu por 47% das exportações para a Ásia, que ultrapassou a América Latina como bloco comercial no primeiro trimestre, segundo o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. "As exportações para a Ásia vêm aumentando, apesar da crise. Tirando o Japão, o bloco tem um potencial comercial muito grande a ser explorado", diz Barral.Sem o robusto crescimento das vendas para a China, o superávit da balança comercial brasileira de US$ 3 bilhões no trimestre encolheria US$ 1,8 bilhão, calcula o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.A liderança da China nas compras brasileiras não é transitória e deve se repetir nos próximos meses, prevê Daoud. Ele diz, no entanto, que com uma taxa de crescimento do PIB de 6% para este ano, o país não vai puxar o crescimento mundial, mas será "importantíssimo" para o Brasil."A China tem um papel muito importante em relação ao Brasil como um grande demandante de commodities", diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Mas ele discorda de Daoud sobre o impacto da economia chinesa como motor do crescimento global e sobre a manutenção da liderança das compras de produtos brasileiros. Ribeiro diz que não tem dúvida de que a China exerce um papel crucial na recuperação mundial, mesmo crescendo 6% em 2009. Ele prevê que o país continue ganhando importância nas exportações brasileiras nos próximos meses. Mas, para o ano como um todo, deve encostar nos EUA, que, na sua opinião, vai continuar liderando as compras do Brasil.Castro, da AEB, lembra que o governo brasileiro temia o déficit na balança comercial no primeiro trimestre. Tanto que chegou a baixar medidas de licença não automática para importações, depois revogadas. "Mas o cenário mudou completamente e a balança comercial registrou déficit apenas em janeiro."O vice-presidente executivo da AEB se diz surpreso com as taxas de crescimento dos volumes exportados para a China. A quantidade vendida de celulose, por exemplo, aumentou 650% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2008. No caso do ferro fundido, da soja e do minério de ferro, houve crescimento de 700%, 120% e 40%, respectivamente, nas quantidades exportadas entre janeiro e março."Essas taxas de crescimento são desproporcionais", diz o economista. Na análise de Castro, esse ritmo de crescimento de compras não deve se manter, mesmo com a China crescendo 6% ao ano.
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A China está salvando as exportações brasileiras em meio à recessão global. Em março, pela primeira vez o país foi o principal destino dos produtos nacionais, desbancando a liderança histórica dos Estados Unidos. As exportações para China no primeiro trimestre cresceram 62,67% em valor e 41,47% em quantidade na comparação com o mesmo período de 2008.Os principais beneficiados foram os produtores de soja, celulose, minério de ferro e petróleo. Essas quatro commodities respondem por 76,6% da receita de exportações brasileiras para o país, aponta a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex)."No pior dos mundos, o Brasil está melhor", afirma Miguel Daoud, economista-chefe da consultoria Global Financial Advisor e especialista em China. Com a crise global, o governo chinês decidiu injetar quase US$ 600 bilhões na economia. O objetivo é estimular os negócios e mudar o modelo de economia exportadora para outro, voltado para o mercado interno. Esse pacote já começou a fazer efeito, com repercussões diretas no Brasil.Daoud observa que o pacote está concentrado na construção civil. Isso significa maior consumo de aço e, consequentemente, de minério de ferro, a matéria-prima básica da siderurgia. Além disso, o governo chinês traçou um plano para tornar o país autossuficiente em cerca de uma dúzia de produtos agrícolas. Como apenas 10% do território são próprios para a agricultura, a China está aumentando as importações dos produtos que não são prioridade no plano de autossuficiência. É o caso da soja, o principal produto de exportação das lavouras brasileiras.O salto chinês nas compras do Brasil chama ainda mais atenção pelo fato de as exportações brasileiras terem registrado no primeiro trimestre do ano um recuo de mais de 19% em relação ao mesmo período de 2008. As importações também caíram, mas um pouco mais: 21,6%. Apesar das quedas, a balança comercial brasileira registrou superávit de 9% no trimestre.Estrela do comércio exterior, a China importou US$ 3,395 bilhões do Brasil no primeiro trimestre e foi praticamente o único país que ampliou significativamente as compras de produtos brasileiros, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). A China respondeu por 47% das exportações para a Ásia, que ultrapassou a América Latina como bloco comercial no primeiro trimestre, segundo o secretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral. "As exportações para a Ásia vêm aumentando, apesar da crise. Tirando o Japão, o bloco tem um potencial comercial muito grande a ser explorado", diz Barral.Sem o robusto crescimento das vendas para a China, o superávit da balança comercial brasileira de US$ 3 bilhões no trimestre encolheria US$ 1,8 bilhão, calcula o vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.A liderança da China nas compras brasileiras não é transitória e deve se repetir nos próximos meses, prevê Daoud. Ele diz, no entanto, que com uma taxa de crescimento do PIB de 6% para este ano, o país não vai puxar o crescimento mundial, mas será "importantíssimo" para o Brasil."A China tem um papel muito importante em relação ao Brasil como um grande demandante de commodities", diz o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. Mas ele discorda de Daoud sobre o impacto da economia chinesa como motor do crescimento global e sobre a manutenção da liderança das compras de produtos brasileiros. Ribeiro diz que não tem dúvida de que a China exerce um papel crucial na recuperação mundial, mesmo crescendo 6% em 2009. Ele prevê que o país continue ganhando importância nas exportações brasileiras nos próximos meses. Mas, para o ano como um todo, deve encostar nos EUA, que, na sua opinião, vai continuar liderando as compras do Brasil.Castro, da AEB, lembra que o governo brasileiro temia o déficit na balança comercial no primeiro trimestre. Tanto que chegou a baixar medidas de licença não automática para importações, depois revogadas. "Mas o cenário mudou completamente e a balança comercial registrou déficit apenas em janeiro."O vice-presidente executivo da AEB se diz surpreso com as taxas de crescimento dos volumes exportados para a China. A quantidade vendida de celulose, por exemplo, aumentou 650% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2008. No caso do ferro fundido, da soja e do minério de ferro, houve crescimento de 700%, 120% e 40%, respectivamente, nas quantidades exportadas entre janeiro e março."Essas taxas de crescimento são desproporcionais", diz o economista. Na análise de Castro, esse ritmo de crescimento de compras não deve se manter, mesmo com a China crescendo 6% ao ano.
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