As manifestações de apoio que vem recebendo desde que tornou pública a sua doença deixaram a ministra Dilma Rousseff extremamente comovida
Alfredo Junqueira e Rachel Vita
Rio - As manifestações de apoio que vem recebendo desde que tornou pública a sua doença deixaram a ministra Dilma Rousseff extremamente comovida. Na primeira entrevista exclusiva desde que anunciou seu problema de saúde, ela demonstrou otimismo, mas admitiu que poderá diminuir o ritmo de suas atividades. A ministra confirmou novos investimentos para o Rio e garantiu que o pequeno poupador não tem o que temer com as mudanças que o governo federal fará na caderneta de poupança. Dilma afirma também que está satisfeita com o andamento do PAC no Rio. Dados obtidos por O DIA mostram, no entanto, que iniciativas como o Arco Metropolitano, por exemplo, tiveram apenas 5,13% de seu orçamento liberados no ano passado.
ODIA: Desde que a senhora descobriu a sua doença e a tornou pública, qual a manifestação que mais a emocionou até agora? Dilma: O que mais emociona é a forma como as pessoas se aproximam, de maneira muito protetora. É um gesto. Geralmente a pessoa chega, me aperta a mão, olha no meu olho. E naquele olhar tem um nível de solidariedade imensa, que me deixa estarrecida. Às vezes, a pessoa me diz que já passou por isso e superou. Sempre uma mensagem de otimismo. Tem quem fale que vai rezar por mim. Não são pessoas que me olham com pena. O sentimento é ‘você vai conseguir, você vai conseguir’. É mais que cumplicidade. Eles se colocam como companheiros meus nessa jornada. É extremamente comovente. São as mais variadas pessoas, de todas as classes sociais.
A senhora já começou a fazer quimioterapia? Eu não vou discutir meu tratamento. Pretendo, ao longo do tratamento, fazer algumas manifestações. Agora, eu preciso de uma certa tranquilidade para fazer o tratamento. E também... eu tenho família, né? Tenho filha e mãe. Já houve pedido de sua família para a senhora diminuir o ritmo de suas atividades para se dedicar ao tratamento? Não é necessário. Estou fazendo aquilo que posso. Se for necessário em algum momento futuro, eu faço isso (diminuo o ritmo). Mas nada indica que será. Agora, tenho que ter cuidado. É sempre bom que as pessoas levem em conta que eu não sou eu sozinha.
Em relação ao Rio, existe alguma previsão de novo investimento no estado, além das obras do PAC? Vamos conversar com os governos dos estados e os municípios assim que saírem as cidades escolhidas para a Copa de 2014. Sei que o estado e o município do Rio já têm projetos. Vamos soltar um projeto de mobilidade urbana específico para as cidades escolhidas para a Copa do Mundo. Além disso, no (programa de habitação popular) ‘Minha casa, minha vida’, sei que aqui já há uma cadastramento significativo de pessoas. Este será um programa muito forte no Rio. Nossa expectativa é a de uma grande realização de obras aqui.
Aqui no Rio, a gente vê que algumas iniciativas do PAC estão com problemas de execução. Isso a preocupa? O PAC deu grandes passos aqui. O problema é que o Estado brasileiro – União, estados e municípios – parou de investir durante 25 anos. Ou investia a conta-gotas. Uma obrinha ali, uma obrinha aqui. O PAC é um projeto ambicioso porque ele concentra o investimento naquilo que é estruturante. Ou seja, aquilo que melhora a vida do povo. Até agora, consideramos que o governo do estado vem cumprindo todos os acordos que fizemos no Complexo do Alemão, Rocinha, Manguinhos e no Arco Rodoviário. Nós detectamos que, em obras complexas, ter atraso de alguns meses é normal.
A senhora acha que isso estará solucionado até 2010? Vamos ter desempenho razoável no Rio. O governo do estado tem boa equipe. E o (prefeito) Eduardo (Paes) entrou com todo vapor. Acredito que sai.
Os modelos de reurbanização do Alemão, Manguinhos e Rocinha poderão ser levados para outras favelas? Sim, podem. Há grande característica aqui no projeto. Ele não é segmentado. O projeto tenta construir condições integradas para melhorar a vida dentro do Alemão. É essa a grande contribuição que ele pode dar para os outros projetos.
E em relação à poupança. Como está a discussão sobre a mudança no cálculo do rendimento? O que está sendo de fato estudado? Primeiro, o governo tem clareza de que poupança e investimento são coisas distintas. A poupança do pequeno é um dinheiro que a pessoa separou ali para uma eventualidade, uma doença ou uma escola de filho. Ele não tem a função de investimento, mas de proteção. O investimento, em volumes maiores, é garantia de rentabilidade e que tem um lado de especulação. Buscamos formas de tornar mais neutras possíveis, eu diria assim, em termos dos seus efeitos, as consequências de qualquer medida. Não chegamos ainda ao que faremos. Agora, uma coisa eu posso garantir como princípio do que faremos: nós, em momento algum, afetaremos a poupança da população brasileira. Essa poupança feita com esforço, feita com o chamado sangue e suor do próprio rosto.
Mas o que é o ‘pequeno poupador’? 92% da caderneta de poupança, em termos de pessoas, têm aplicações de até R$ 30 mil, se não me engano (o dado correto é até R$ 5 mil). Então, a pequena poupança domina a caderneta. Isso não significa a mesma coisa se você pegar valores. Porque você tem hoje um deslocamento para a poupança de gente aplicando R$ 1 bilhão.
Então a mudança vai ser a partir de R$ 30 mil? Não. Não sei se vai até R$ 30 mil. Citei como exemplo. Ainda não concluímos a discussão.
Em termos políticos, como está a relação com o PMDB para 2010 e qual a possibilidade para uma eventual chapa Dilma-Cabral? Vou falar uma coisa para vocês: tenho sido, do Oiapoque ao Chuí, indagada sobre essa questão. Entendo as razões da indagação. Mas eu tenho respondido que nem amarrada eu respondo isso agora.
O COI tem feito vistorias verificando as instalações do Rio como concorrente para os Jogos de 2016. Apesar dos problemas de infraestrutura, o que, na opinião da senhora, torna o Rio um candidato forte numa disputa com cidades consideradas de Primeiro Mundo? Acho que ficou muito claro na exposição que fizemos para o COI o imenso potencial do Brasil, do Rio, e o comprometimento do governo federal com a construção de infraestrutura, tanto de transporte quanto social e urbana. Alguns deles vão beneficiar diretamente a população. Por exemplo, todos os equipamentos esportivos que vão permitir que os Jogos Olímpicos ocorram. Eles têm a ver tanto com a melhoria da qualidade de vida na cidade como também têm a ver diretamente com o jovem, o grande beneficiário de uma política de esporte do governo: tirar o jovem da droga, do crime, da rua, significa dar oportunidade a ele.
Alfredo Junqueira e Rachel Vita
Rio - As manifestações de apoio que vem recebendo desde que tornou pública a sua doença deixaram a ministra Dilma Rousseff extremamente comovida. Na primeira entrevista exclusiva desde que anunciou seu problema de saúde, ela demonstrou otimismo, mas admitiu que poderá diminuir o ritmo de suas atividades. A ministra confirmou novos investimentos para o Rio e garantiu que o pequeno poupador não tem o que temer com as mudanças que o governo federal fará na caderneta de poupança. Dilma afirma também que está satisfeita com o andamento do PAC no Rio. Dados obtidos por O DIA mostram, no entanto, que iniciativas como o Arco Metropolitano, por exemplo, tiveram apenas 5,13% de seu orçamento liberados no ano passado.
ODIA: Desde que a senhora descobriu a sua doença e a tornou pública, qual a manifestação que mais a emocionou até agora? Dilma: O que mais emociona é a forma como as pessoas se aproximam, de maneira muito protetora. É um gesto. Geralmente a pessoa chega, me aperta a mão, olha no meu olho. E naquele olhar tem um nível de solidariedade imensa, que me deixa estarrecida. Às vezes, a pessoa me diz que já passou por isso e superou. Sempre uma mensagem de otimismo. Tem quem fale que vai rezar por mim. Não são pessoas que me olham com pena. O sentimento é ‘você vai conseguir, você vai conseguir’. É mais que cumplicidade. Eles se colocam como companheiros meus nessa jornada. É extremamente comovente. São as mais variadas pessoas, de todas as classes sociais.
A senhora já começou a fazer quimioterapia? Eu não vou discutir meu tratamento. Pretendo, ao longo do tratamento, fazer algumas manifestações. Agora, eu preciso de uma certa tranquilidade para fazer o tratamento. E também... eu tenho família, né? Tenho filha e mãe. Já houve pedido de sua família para a senhora diminuir o ritmo de suas atividades para se dedicar ao tratamento? Não é necessário. Estou fazendo aquilo que posso. Se for necessário em algum momento futuro, eu faço isso (diminuo o ritmo). Mas nada indica que será. Agora, tenho que ter cuidado. É sempre bom que as pessoas levem em conta que eu não sou eu sozinha.
Em relação ao Rio, existe alguma previsão de novo investimento no estado, além das obras do PAC? Vamos conversar com os governos dos estados e os municípios assim que saírem as cidades escolhidas para a Copa de 2014. Sei que o estado e o município do Rio já têm projetos. Vamos soltar um projeto de mobilidade urbana específico para as cidades escolhidas para a Copa do Mundo. Além disso, no (programa de habitação popular) ‘Minha casa, minha vida’, sei que aqui já há uma cadastramento significativo de pessoas. Este será um programa muito forte no Rio. Nossa expectativa é a de uma grande realização de obras aqui.
Aqui no Rio, a gente vê que algumas iniciativas do PAC estão com problemas de execução. Isso a preocupa? O PAC deu grandes passos aqui. O problema é que o Estado brasileiro – União, estados e municípios – parou de investir durante 25 anos. Ou investia a conta-gotas. Uma obrinha ali, uma obrinha aqui. O PAC é um projeto ambicioso porque ele concentra o investimento naquilo que é estruturante. Ou seja, aquilo que melhora a vida do povo. Até agora, consideramos que o governo do estado vem cumprindo todos os acordos que fizemos no Complexo do Alemão, Rocinha, Manguinhos e no Arco Rodoviário. Nós detectamos que, em obras complexas, ter atraso de alguns meses é normal.
A senhora acha que isso estará solucionado até 2010? Vamos ter desempenho razoável no Rio. O governo do estado tem boa equipe. E o (prefeito) Eduardo (Paes) entrou com todo vapor. Acredito que sai.
Os modelos de reurbanização do Alemão, Manguinhos e Rocinha poderão ser levados para outras favelas? Sim, podem. Há grande característica aqui no projeto. Ele não é segmentado. O projeto tenta construir condições integradas para melhorar a vida dentro do Alemão. É essa a grande contribuição que ele pode dar para os outros projetos.
E em relação à poupança. Como está a discussão sobre a mudança no cálculo do rendimento? O que está sendo de fato estudado? Primeiro, o governo tem clareza de que poupança e investimento são coisas distintas. A poupança do pequeno é um dinheiro que a pessoa separou ali para uma eventualidade, uma doença ou uma escola de filho. Ele não tem a função de investimento, mas de proteção. O investimento, em volumes maiores, é garantia de rentabilidade e que tem um lado de especulação. Buscamos formas de tornar mais neutras possíveis, eu diria assim, em termos dos seus efeitos, as consequências de qualquer medida. Não chegamos ainda ao que faremos. Agora, uma coisa eu posso garantir como princípio do que faremos: nós, em momento algum, afetaremos a poupança da população brasileira. Essa poupança feita com esforço, feita com o chamado sangue e suor do próprio rosto.
Mas o que é o ‘pequeno poupador’? 92% da caderneta de poupança, em termos de pessoas, têm aplicações de até R$ 30 mil, se não me engano (o dado correto é até R$ 5 mil). Então, a pequena poupança domina a caderneta. Isso não significa a mesma coisa se você pegar valores. Porque você tem hoje um deslocamento para a poupança de gente aplicando R$ 1 bilhão.
Então a mudança vai ser a partir de R$ 30 mil? Não. Não sei se vai até R$ 30 mil. Citei como exemplo. Ainda não concluímos a discussão.
Em termos políticos, como está a relação com o PMDB para 2010 e qual a possibilidade para uma eventual chapa Dilma-Cabral? Vou falar uma coisa para vocês: tenho sido, do Oiapoque ao Chuí, indagada sobre essa questão. Entendo as razões da indagação. Mas eu tenho respondido que nem amarrada eu respondo isso agora.
O COI tem feito vistorias verificando as instalações do Rio como concorrente para os Jogos de 2016. Apesar dos problemas de infraestrutura, o que, na opinião da senhora, torna o Rio um candidato forte numa disputa com cidades consideradas de Primeiro Mundo? Acho que ficou muito claro na exposição que fizemos para o COI o imenso potencial do Brasil, do Rio, e o comprometimento do governo federal com a construção de infraestrutura, tanto de transporte quanto social e urbana. Alguns deles vão beneficiar diretamente a população. Por exemplo, todos os equipamentos esportivos que vão permitir que os Jogos Olímpicos ocorram. Eles têm a ver tanto com a melhoria da qualidade de vida na cidade como também têm a ver diretamente com o jovem, o grande beneficiário de uma política de esporte do governo: tirar o jovem da droga, do crime, da rua, significa dar oportunidade a ele.
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