Estadão: - A revelação recente de que Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República e candidata do presidente Lula para sucedê-lo, estaria com doença grave provocou impacto no quadro sucessório. Como seria de se esperar, complicou o leque de possibilidades de candidaturas, mas também despertou novas expectativas, rearranjos, apetites adormecidos e, para outros, eventuais frustrações quanto ao futuro próximo do País. E mexeu com temas mais delicados, como a eventualidade de o Brasil, marcado por uma cultura de tradição coronelística e machista, vir a ter, finalmente, uma mulher no principal posto da República. A eleição para a Presidência é o acontecimento mais importante na vida desta democracia presidencialista. Uma ocorrência de tal dimensão, que poderia passar quase despercebida em outra conjuntura, adquire importância desproporcional. Mas talvez não seja tão despropositada a relevância que a mídia vem dando ao fato, em face da qualidade dessa personagem sem dúvida competente, firme e bem formada, figura rara nos quadros do PT, em cuja conta deve ser debitada reconhecida probidade, além de um passado limpo de militante responsável. Agora, revelada e domada a doença, sua figura cresce pelo componente propriamente humano, melhor revelado por suas declarações nesta última semana. O que complica ainda mais o quadro político sucessório, levando alguns, senão muitos, a imaginar - e até mesmo a cultivar - a hipótese de um terceiro mandato para o presidente Lula, no caso de se agravar, contra todos os prognósticos, a saúde da ministra.
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