Depois de um ano e meio perdido em brigas com os quilombolas de Alcântara, no Maranhão, e de patinar na "letargia ruminante da burocracia", o diretor do consórcio espacial Brasil-Ucrânia, Roberto Amaral, espera que uma reunião hoje, no Planalto, sirva para "virar o jogo" e tirar o atraso do programa espacial brasileiro. Virar o jogo significa, para os dois países, fazer um teste de lançamento de satélite já em 2010, começar as operações comerciais em 2011, lançar seis satélites por ano já nos primeiros anos e, até 2018, ocupar 10% do mercado mundial do setor, que prevê nesse período o lançamento de 960 satélites. Isso tudo com o Cyclone, um foguete potente, capaz de inúmeras tarefas, pelas quais se poderá cobrar bom dinheiro."E lançado da que é considerada, na comunidade científica, a base mais bem situada do planeta", diz Amaral. Como cada lançamento não sai por menos de US$ 50 milhões, fala-se de um mercado em torno de US$ 45 bilhões nesse período. "E a família de lançadores Cyclone, dos ucranianos,já teve 200 lançamentos, todos com sucesso." É de olho nesse cenário que os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Nelson Jobim (Defesa), Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) e Edson Santos (Igualdade Racial) - além de Amaral - discutirão as próximas tarefas de cada área. Decidirão, também, se o projeto passará a fazer parte do PAC. "Pois no PAC ele será tratado como toda prioridade", diz Amaral. O trabalho foi muito prejudicado, até agora, diz ele, por ONGs e "gente que queria falar em nome da população do lugar, da qual 80% não são quilombolas". O caso se resolveu com a cessão, pela Agência Espacial Brasileira, de um terreno para a nova base de lançamentos.O projeto, na verdade, já está andando. O consórcio Brasil-Ucrânia teve seu capital aumentado de US$ 105 milhões para US$ 475 milhões - o que lhe permite "ser levado mais a sério"por outros países. Antropólogos estão trabalhando na futura integração da base com os moradores. E dia 5 de junho Amaral estará em Alcântara para explicar o que a região terá a ganhar com a base. Nos planos do Planalto está uma visita a Alcântara dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Viktor Iuschenko, da Ucrânia, no dia 5 de agosto.
ESTRATÉGIA
Mas o significado maior, diz Amaral, é estratégico. "É o Brasil poder usar a moderna tecnologia espacial para controlar um País de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 10.000 km de fronteira litoral. Somos o único país do planeta, com essas dimensões, que ainda não tem esses recursos".
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