quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Lançamento da candidatura de Dutra vira ato de desagravo ao PT

O Globo - BRASÍLIA - Os petistas transformaram o ato de lançamento da candidatura do José Eduardo Dutra à presidência do PT em desagravo ao partido que enfrenta problemas sérios no Senado em razão do apoio ao presidente José Sarney (PMDB-AP). A primeira a levantar os militantes foi a senadora Ideli Salvati (PT-SC), que se dirigindo aos "envergonhados que saíram do partido" e externou ter orgulho da "ética petista". Outros discursos se seguiram na mesma linha de que é uma honra ser petista. O evento foi finalizado com o apoteótico discurso de Dutra, que atacou tucanos, democratas e os que chamou de profetas do apocalipse que há anos anunciam a morte do PT.
- Por diversas vezes os profetas do apocalipse pregaram o fim do PT. Com as greves, diziam que o radicalismo ia acabar com o PT. Quando caiu o muro de Berlim, na década de 90 com a consolidação do projeto neoliberal, em 1994 quando fomos derrotados e, o que é mais impressionante: quando ganhamos profetizaram o fim do PT. Diziam que o PT não teria a capacidade de governar o país - disse Dutra:
- Quando começaram a ver os resultados, eles passaram a dizer que era sorte. Em setembro (de 2008) soltaram foguetes (com a crise): agora vai! Mas o Brasil foi o último a entrar e o primeiro a sair da crise.
Dutra acrescentou que agora, diante da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e sem Lula, afirmam que o PT irá perder a eleição e até publicaram entrevista com o diretor do Ibope, Carlos Alberto Montenegro afirmando isso (na revista "Veja"). Dutra, que representa a ala majoritária do PT, fez questão de voltar seu discurso à militância, citando todos os ex-presidentes da legenda e pessoas emblemáticas para o PT, começando pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas incluindo Olívio Dutra, Luiz Gushiken, Rui Falcão, Tarso Genro, Marco Aurélio Garcia e o atual presidente, Ricardo Berzoini. A cada citação, palmas entusiasmadas. Em dois momentos, os militantes interromperam o discurso para gritar a palavra de ordem "partido, partido é dos trabalhadores": ao citar o ex-ministro José Dirceu e o deputado José Genoino, que segundo Dutra teve "o corpo torturado na ditadura e o coração e a mente torturados na democracia".
E a cada citação, em que exaltava as qualidades dos petistas, ele repetia que se a militância desse a ele a honra de ser presidente do PT, queria estar a altura de cada um deles. Dutra afirmou que a oposição radicaliza porque está sem discurso e que basta comparar o que foi feito nos últimos anos para ver a superioridade dos feitos do governo do PT. Ideli Salvati também foi ovacionada em seu discurso de desabafo. Segundo ela, quem acompanhou os últimos dias dela no Senado, sabe que para trabalhar naquele local é preciso "adicional de insalubridade e periculosidade" e que o jogo é duro porque a oposição sabe que a cada dia fica mais difícil voltar ao poder. E deu um recado aos colegas que criticaram a atitude do PT de arquivar os processos contra Sarney:
- Para os envergonhados que saíram quero dizer que tenho muito orgulho de ser do PT. Nada mais corrupto do que submeter a população à miséria e o governo Lula, na crise, enfrenta a pobreza. Temos orgulho da ética petista.
O governador de Sergipe, Marcelo Deda, também revelou o orgulho de ser um governador do PT.
- Nosso partido está unido. Os que nos acusam de aliancismo são os mesmos que nos acusavam de sectarismo. Os que nos acusam de senso de pragmatismo, nos acusavam de irresponsabilidade porque não nos somávamos ao projeto neoliberal. O ódio resulta porque a social democracia vendeu a alma ao mercado. O ódio do DEM acontece porque o DEM não resiste a um exame de DNA. O melhor que podemos dizer dele é que é neto da Arena, sustentou a ditadura e governos patrimonialistas. Tenho orgulho de dizer que sou governador do PT - disse Deda:
- Obama disse que o Lula é o cara, quis dizer Brasil você é o país e PT você é o partido.
O presidente do PT, Ricardo Berzoini, falou primeiro e tentou levantar os militantes:
- O PT não vacila na hora dos enfrentamentos. O PT está pronto para fazer alianças de cabeça erguida - disse Berzoini, que fez questão de citar pesquisa feita pelo site UOL sobre qual partido considera sério.
Segundo ele, antes de ir para o lançamento da candidatura Dutra, ele consultou o site e 48% dos 33 mil internautas tinham votado no PT.
Segundo José Eduardo Dutra, os setores conservadores sempre tratam o PT com uma "alegria raivosa" e o PSDB, o DEM, depois do escândalo do mensalão, ficaram felizes por poder dizer que o PT era igual a eles.
- Mas o PT mostrou que não era igual a eles. Tivemos a ousadia de convocar os militantes e mais 300 mil compareceram e elegeram o presidente Berzoini. Temos problemas, mas temos a capacidade de apontar a esperança para o povo brasileiro. O evento reuniu governadores, como Marcelo Deda (Sergipe) e Wellington Dias (Piauí), os ministros Patrus Ananias e Luiz Barreto (Turismo), deputados e senadores. A ex-ministra Marta Suplicy, além de três dos cinco concorrentes ao cargo de presidente do PT. O líder do PT, senador Aloízio Mercadante (SP), não compareceu, mas o senador Eduardo Suplicy chegou no final. Tentou cumprimentar os que estavam na mesa, mas Berzoini não lhe estendeu a mão. Durante o evento foram distribuídas revistas que têm o ex-petista Delúbio Soares na capa. Na revista, discursos de Delúbio e as razões porque quer voltar ao PT.

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