sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O esperado aumento das críticas de Marina Silva

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Como era de se esperar, a senadora sem partido Marina Silva (AC) aumenta o tom das críticas ao governo - e o jornal O Globo, para "variar", as transforma em sua principal manchete de capa da edição de hoje. São injustas essas críticas de Marina. A primeira injustiça, mais grave, é dizer que o governo é insensível às causas sociais. A ex-ministra do Meio Ambiente comete aí um excesso que sabe não corresponder aos fatos e à avaliação do povo brasileiro. A segunda é atribuir ao governo - ou não sei a quem, já que ela não cita os atores a quem dirige os ataques e a desqualificação - a responsabilidade pelos fatos que critica. Por que não à mídia e à oposição, essas mesmas que hoje a bajulam, mas que lhe dirigiam os mais violentos ataques durante os quase seis anos em que ela foi ministra do presidente Lula? (leia nota abaixo

Os que atacavam ministra, agora a bajulam - Ao reforçar as justificativas com as quais explica sua saída do PT (nota acima), a senadora Marina Silva diz: “Não posso ficar no partido (PT) para convencer as pessoas de que o meio ambiente tem que ser prioridade. Este é um governo insensível às causas sociais" Depois acentua: “Muitas vezes fui criticada, na pasta do Meio Ambiente, chamada de antipatriota, travadora do desenvolvimento, porque não aceito a implantação de projetos onde comunidades indígenas ou tradicionais tenham que ser atingidas ou sacrificadas." Criticada por quem Marina? Pela mídia e pela oposição. "Os projetos hidrelétricos da Amazônia não podem ser instalados sem diálogo. É preciso entender que aqui (na Amazônia) moram 25 milhões de pessoas que precisam ser ouvidas", prossegue ela.

Tempo de atacar e tempo de bajular - Por fim, afirma: "Deixamos na pasta do Meio Ambiente ações que reduziram o desmatamento em 57%. Essas mesmas ações foram extintas pelo (ex) ministro (de Assuntos Estratégicos) Mangabeira Unger. Desconheço os motivos, mas lamento. " Quem chamava a ministra de antipatriota e insensível ao desenvolvimento era a mesma mídia e a mesma oposição que hoje a louvam todos os santos dias! Por que Marina esqueceu isso?

E afirmar que o governo extinguiu as ações contra o desmatamento não corresponde aos fatos. É só conferir. Ou melhor, ficar com o dado de Marina de que as ações deste governo reduziram o desmatamento em 57%. ZÉ DIRCEU

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4 comentários:

Anônimo disse...

A senadora Marina Silva protestou na sexta em plenário e mandou carta ao jornal negando que tenha feito a declaração. Ela sempre elogia as políticas sociais do governo.
Aliás, só quem não conhece a biografia da senadora - ou quer difamá-la - poderia acreditar nisso!
Sejam honestos e corrijam a informação. É só ler O GLobo. Aliás, a íntegra com a carta está no site pessoal dela e as declarações em plenário estão no site da Agência Senado e no blog do Altino Machado. Não perpetuem a idéia de que a Dilma gosta de uma mentira!

Anônimo disse...

Reforço as palavras do comentário de "anônimo" e acrescento que não é ético, agora que Marina saiu do PT, rotulá-la de traidora e outros adjetivos negativos.
Além do comportamento democrático que deve nos nortear, temos de lembrar que o apoio de Marina em eventual segundo turno será indispensável.
Alberto, São Paulo, SP

Anônimo disse...

Senhores,

Tenham a decência de corrigir o texto, em cima de declarção atribuída à Marina e desmentida por ela. Corrijam, não caiam na calhordice.

O incômodo do PT é que Marina, mesmo aparentemente sem chances de ganhar, vai reconhecer os avanços do governo Lula, mas vai lembrar, também, dos limites intransponíveis desse Governo para novos avanços.

A crise do Senado, quase surreal, por exemplo, mostra que nem PT nem PSDB possuem condições de avançar na democratização do Brasil almejada pela população, posto que ambos são sócios do atraso, do anacronismo, da fisiologia, do nepotismo, da oligarquia paternalista, conservadora e esclerosada.

Uma candidata que volta a falar de utopia incomoda demais o PT, mais interessado numa eleição plebiscitária, já que é inegável que, se o governo Lula é uma decepção quando comparado à utopia que o PT representava, é muito bom se comparado ao de FHC e ao tucanismo em geral.

Isso sem falar no desenvolvimento sustentável que Marina colocará em debate, em contreaposição ao desenvolvimentismo dos anos 30 que prevalece no PT e no PSDB.

Unknown disse...

Sobre o delírio Marina Silva

Jamais discutirei a biografia, o caráter ou as intenções da ex-ministra, que nada têm a ver com pretensões eleitorais.
Sua candidatura não tem chance real de sucesso por inúmeros motivos. Faltam-lhe uma aliança partidária abrangente, tempos de rádio e TV, investimentos, palanques regionais, militância numerosa e qualificada. A experiência e o perfil de Heloísa Helena a sufocam ou, na melhor das hipóteses, anulam suas especificidades. E, convenhamos, atrair Gilberto Gil, Protógenes Queiroz ou Nelson Mandela não trará enormes benefícios junto a eleitorado majoritariamente conservador e preconceituoso.
Um projeto monotemático (seja ambiental ou qualquer outro) é insuficiente para empreitada desse porte. O pretenso diferencial da “honestidade” e do apelo moral pode ser encontrado em todo e qualquer discurso de campanha. E bastará revelar as ligações de Marina com a igreja evangélica e outros misticismos ultraconservadores para que ela perca o deslumbramento do eleitor progressista.
Quem ignora essas dificuldades insanáveis está ludibriando o distinto público.
Ademais, há sim o fator político. Sua militância reagirá bem quando ela sair na foto abraçada com Zequinha Sarney? Marina subirá no palanque fluminense do neotucano Fernando Gabeira, junto a lideranças do DEM (PFL) e do PSDB local? Como se portará em São Paulo, onde o PV apóia José Serra e Gilberto Kassab? Será omissa no segundo turno, prejudicando seu antigo partido e favorecendo o retorno da “direita liberal” que tanto combateu?
Até as pranchetas do Datafolha sabem que a disputa presidencial será plebiscitária e polarizada; feliz ou infelizmente, Marina permanecerá apartada desse embate. A imprensa serrista comemora sua pré-candidatura porque ainda parece conveniente para dividir os votos de Dilma Rousseff. É só Marina começar a enfraquecer José Serra que o bondoso governador tratora tudo e acaba com essa brincadeira sem graça.