sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Boas notícias em 2010 podem ajudar Dilma

Em se tratando de eleições, os cenários estão em aberto. Poucas semanas atrás, Carlos Montenegro cravou que Serra ganharia as eleições. É cedo para afirmar. Até mesmo pelo simples fato de que temos variáveis importantes em aberto. Candidaturas importantes que ainda não estão definidas. Coalizões que não estão fechadas. E ainda existem incertezas no quadro econômico. Além do mais, a liderança de Serra pode ser ameaçada pelo fato inconteste de que o governo: a) tem uma máquina poderosa; b) tem o melhor cabo eleitoral disponível; e c) tem um monte de boas notícias na mochila para o ano que vem.

Sem falar no pré-sal, um dos principais pontos do discurso oficial na campanha presidencial, cujo potencial mediático é forte e, também, no efeito político da combinação inflação baixa com consumo forte e expansão do crédito. Vamos lá. A partir de janeiro, o salário mínimo passa dos atuais R$ 465,00 para R$ 505,90. Um aumento de 8,79%, podendo ser um pouco maior. O ministro Paulo Bernardo admitiu que o Congresso poderá “arredondar” o número. Ao mencionar essa possibilidade na véspera de um ano eleitoral, o ministro dá margem a que os parlamentares incrementem um pouco mais o valor. Para os aposentados que ganham mais do que o salário mínimo, o governo sinaliza com aumento real. Ainda no âmbito social, os gastos com o Bolsa Família baterão em 2010 em R$ 13,1 bilhões, para atender a 12,7 milhões de famílias inscritas. O que significa que mais de 35 milhões de brasileiros serão alcançados pelo programa.

O presidente Lula também já antecipou que pretende lançar no início do próximo ano a segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II). Seria um projeto de investimentos para o seu sucessor, a ser implementado entre 2011 e 2014. O Orçamento de 2010 confirma o reajuste para o funcionalismo público, previstos em medidas provisórias aprovadas pelo Congresso em 2008, mas devido à crise econômica e a conseqüente queda na arrecadação, não havia plena confirmação da medida. Há ainda a previsão de contratação de mais de 70 mil novos funcionários públicos. As perspectivas de crescimento do PIB para o ano que vem oscilam entre 4 e 5%. Números bem conveniente para um ano de eleições presidenciais. Dilma Rousseff aproveitou as novidades e começou a adequar seu discurso ao novo momento da sucessão. Durante a cerimônia de divulgação de projetos de saneamento que receberão R$ 4,5 bilhões do PAC, ela destacou as preocupações sociais e ambientais do programa.

O objetivo é não deixar que Marina Silva, potencial candidata do PV à Presidência, assuma de forma isolada a defesa do tema. Marina foi ministra do Meio Ambiente de Lula e travou várias disputas com Dilma na área ambiental. Assim, retornando à cena com tantas notícias positivas, Dilma pode voltar a crescer nas próximas pesquisas. No entanto, nem tudo são flores. As boas notícias de 2010 não eliminam um árduo trabalho de conciliar uma base política de difícil trato. PT, PMDB e PSB têm visões distintas do pós-Lula. Ciro Gomes está bem posicionado nas pesquisas. A eventual candidatura de Aécio Neves no lugar de Serra pode também abalar a cena de 2010. Vale dizer ainda que a execução do PAC ainda é lenta e o governo demora a fazer as coisas acontecer. Assim, o quadro eleitoral está em aberto. Mas, inegavelmente, uma mochila de boas notícias e um cabo eleitoral popular podem fazer a diferença. Murillo de Aragão é cientista político.

Um comentário:

Anônimo disse...

SERRA É RETROCESSO

DILMA É PROGRESSO