sábado, 14 de novembro de 2009

ROUBANEL2: A CULPA É DAS FACULDADES DE ENGENHARIA


Depois de doze horas de engarrafamento, a pista foi liberada nesta manhã, depois que as vigas foram retiradas. Na tarde de sábado, os motoristas que passavam pela rodovia Régis Bitencourt não encontravam dificuldades. Situação bem diferente da de ontem, muita gente passou a madrugada parada, com fome, sofrendo com a falat de informações, a poucos quilômetros da chegada a São Paulo. A interdição provocou uma fila de carro, ônibus, e caminhões que atingiu nove quilômetros. A queda das vigas assustou os motoristas que passam pela região.
De uma hora pra outra, mais de 200 toneladas desabaram sobre a pista. “Não dá para entender como esse negócio cai assim”, declara um motorista. Dois carros e uma carreta que passavam por ali bem na hora foram esmagados. “Eu passo aqui fico impressionado com a obra, e realmente eu fiquei assustado com isso daqui”, comenta outro. Três pessoas ficaram feridas. O motorista de um dos carros está internado em observação. Os outros dois já foram liberados. "O motorista do caminhão teve sorte, pulou do caminhão e conseguiu se salvar”, conta Talmo Olavo, médico da concessionária.
O acidente ocorreu no município de Embu, no viaduto que ligará os trechos oeste e sul do Rodoanel, um complexo viário em construção, que cruzará a região metropolitana de São Paulo para desafogar o trânsito na capital paulista, especialmente de caminhões. Nesta manhã, três vigas ainda bloqueavam a Régis Bitencourt. O trabalho de retirada foi complicado. Juntas as peças de concreto pesam em torno de 270 toneladas, é como se sete carretas carregadas de mercadorias tivessem despencassem do viaduto ao mesmo tempo. Perto do local do acidente, milhares de motoristas e passageiros esperavam a liberação da pista. “Eu tô desde as 2h30 da manhã parado”, diz Luis Carlos Wanderley, motorista de ônibus.
Um grupo saiu de Curitiba ontem à noite e esperava chegar em São Paulo no início da madrugada. “Nós estamos desde oito horas da noite. Saíamos de Curitiba e a gente ta na rua. Criança sem ter o que comer”, comenta Jacir Casarin, comerciante. “Saímos às oito horas de Curitiba. Já era pra estar em São Paulo gastando dinheiro”, diz Daiane Pereira, auxiliar dentista.
As causas do acidente ainda estão sendo investigadas - O governador de São Paulo, José Serra, e disse que vai pedir aos técnicos do IPT, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas, que faça uma análise detalhada da obra. As três vigas que caíram haviam sido instaladas no início da semana. O diretor de engenharia da empresa responsável pelas obras diz que já foram colocadas cerca de duas mil vigas como essas no Rodoanel. E, segundo ele, ainda não é possível afirmar o que causou o acidente. "Você vai do cálculo estrutural, como também do material, pode ter havido algum tipo de falha na estruturação, no cálculo, na colocação. Temos que verificar o motivo”, declara Paulo de Souza, diretor de engenharia - Dersa.
O governador José Serra, que esteve ontem à noite no local, afirmou que vai pedir ajuda para descobrir qual foi a falha e que a obra estava sendo feita dentro do cronograma previsto. “A obra está sendo feita normalmente. Não há nada feito mais depressa, ou menos depressa está sendo feita normalmente com a segurança necessária. Aqui houve uma falha, isso é indiscutível, mas não tem nada a ver com o cronograma da obra”, comenta José Serra, governador. Há uma sequência de episódios desastrosos na história recente envolvendo grandes obras de transportes em São Paulo. Todos se lembram da cratera que se abriu no canteiro de obras do Metrô. O desabamento, em janeiro de 2007, engoliu veículos e matou sete pessoas. Três ruas foram interditadas e mais de 200 moradores ficaram sem casa. No ano anterior, algumas casas desmoronaram depois que a parede de um túnel da mesma linha 4 do Metrô desabou. Em abril no ano passado, um trecho do viaduto em construção do antigo Fura-Fila na capital paulista também veio abaixo. Ninguém se feriu.
O fato de o acidente no Rodoanel não ser o único envolvendo grandes obras em São Paulo pode indicar um problema maior na execução de projetos de engenharia deste porte no país. Alguns especialistas acreditam que há uma deficiência na formação de profissionais desta área. O responsável pela área de fiscalização do Conselho Regional de Engenharia reconhece que no Brasil faltam engenheiros que queiram trabalhar no canteiro de obras.
“Infelizmente existem falhas, mas a incidência em grandes obras nos preocupa. Nós estamos aí com um grande fator é a ausência de profissionais que trabalhem na execução, na fiscalização, no acompanhamento da obra”, declara Ademir Alves do Amaral, superintendente operacional – CREA. O secretário de Transportes de São Paulo disse que a acredita que tenha havido falhas na execução da obra. “É a maior obra rodoviária feita no Brasil atualmente, por grandes empresas. E eles evidentemente colocaram o que há de melhor em cada uma delas, em termos das equipes que estão acompanhando, dada a importância da obra. Um falha técnica, é evidente que pode ter acontecido um problema na estrutura daquela viga, que na linhagem técnica ela flambou por algum motivo, ela encurvou e isso evidentemente será examinado agora”, diz. O consórcio Rodoanel Sul-5 Engenharia, empresa responsável pela obra, informou que também está investigando as causas do acidente. colaboração de Maurício Andrade.

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