domingo, 20 de dezembro de 2009

2010: uma ano que promete

2010 está chegando e tudo indica que será um ano muito movimentado. Em termos eleitorais, como se sabe, será escolhido o sucessor de Luiz Inácio da Silva. Possivelmente será uma eleição de caráter plebiscitário, como de alguma forma aconteceu no Uruguai em que o povo fez a opção entre dois modelos distintos, isto é, o praticado pelo atual governo reformista da Frente Ampla e o da oligarquia que mandava no país há mais de 173 anos. Ganhou Pepe Mujica derrotando por larga margem o candidato do Partido Nacional, Luiz Alberto Lacalle, um neoliberal assumido.

No Brasil, em outubro, a patota de Fernando Henrique Cardoso, subserviente e favorecedora do capital, agora representada pelo Governador de São Paulo, José Serra, tentará retornar à gerência da empresa, ou melhor, do Brasil. Dilma Roussef, que está longe de ser uma revolucionária no sentido de promover reformas estruturais em favor de amplas parcelas da sociedade, mas é um avanço em termos comparativos ao candidato Serra, vai colocando as cartas na mesa.

Correndo por fora, aparece o Governador Roberto Requião com propostas reformistas e de combate aos malefícios do capital financeiro.

Não é precipitado dizer que o eventual retorno da direita demo-tucana será um retrocesso, não apenas para o Brasil, mas para toda a América Latina.

Os opositores do ex-lider sindical e ex-retirante nordestino não se conformam com o fato de Lula ter se tornado uma liderança de respeito no cenário internacional, que dialoga com amplos setores ideológicos e tem se apresentado de igual para igual em reuniões com os dirigentes dos países ricos. Bem diferente do príncipe dos sociólogos, FHC, que acabou batendo recorde em termos de entrega e concessão de facilidades ao capital internacional. E tudo isso em nome de uma pretensa modernidade, que tinha como meta, entre outras coisas, privatizar de vez a Petrobras e tudo o que restava das estatais. E só não conseguiu liquidar com a empresa, embora tentasse mudar o nome para Petrobrax, isso para facilitar a leitura no exterior, porque os movimentos sociais reagiram.

Serra não vai bater em Lula, porque sabe que esse procedimento lhe tira votos, mas não poderá negar que representa um retorno ao ideário de FHC, reciclado ou não. Com receio de tudo isso ser colocado, aparecem os políticos tucanos, como, por exemplo, o governador Aécio Neves, que não é mais candidato a candidato à Presidência, para dizer que os brasileiros na eleição não podem se dividir entre ricos e pobres etc. Balela. A questão é que a direita quer evitar o aprofundamento das discussões e o julgamento de linhas programáticas. Não se trata de individualizar fulano ou beltrano, o que se quer agora é a definição para valer.

Neste ano que entra, os partidos terão de se definir em várias questões, como, por exemplo, o pré-sal, a mídia e o tipo de desenvolvimento que querem para o país, para não falar nos direitos humanos.

Serra, Dilma e os demais candidatos terão de dizer se pretendem aprofundar a política externa levada a cabo pelo governo Lula ou se o Brasil voltará ao tempo do complexo de vira-lata. Querem um exemplo marcante desse complexo? O protagonista foi o então Ministro do Exterior do governo FHC, de nome Celso Láfer, que passivamente tirou os sapatos por exigência de funcionários da alfândega dos Estados Unidos para ser revistado. Láfer, mesmo apresentando a sua condição de Ministro de um país soberano, embora de um governo subserviente, foi submetido à exigência ao entrar nos Estados Unidos e não chiou.

Em relação ao petróleo, os candidatos terão se posicionar se são a favor ou contra os leilões das riquezas energéticas do pré-sal e assim sucessivamente. Terão de dizer se o Estado brasileiro preservará a riqueza energética, ou seja, se a riqueza do pré-sal, calculada em trilhões de dólares será destinada à melhoria de qualidade de vida do povo brasileiro ou enriquecerá os cofres já abarrotados das empresas transnacionais do setor.

Dilma, Serra, Ciro Gomes, Requião e demais candidatos, inclusive aos cargos legislativos, terão de se posicionar em relação à democratização dos meios de comunicação, se apóiam as cerca de 670 propostas aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) ou se submeterão às imposições da Globo, da Record, associadas da ABERT (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão), e dos big-shots impressos vinculados a ANJ (Associação Nacional dos Jornais), como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo etc, que já estão inventando mentiras em relação ao que foi decidido na Confecom.

Na a área dos direitos humanos, como vem aí uma Comissão de Verdade e Justiça, é preciso saber qual a posição dos candidatos à Presidência e ao Parlamento em relação aos crimes de torturas e outras graves violações dos direitos humanos ocorridos na época da ditadura. O Brasil nessa área é o país mais atrasado do Cone Sul.

Será muito importante colocar um tema em pauta, isto é, se os candidatos consideram imprescritíveis os crimes contra a humanidade. É importante mostrar para os jovens o horror que foi a ditadura, inclusive para evitar alguns deslizes, como por exemplo, que se repita em alguma outra Universidade brasileira o que aconteceu na Federal de Uberlândia, onde defensores daquele triste período da história brasileira colocaram recentemente em exposição o retrato do general de plantão Artur da Costa e Silva, figura de triste e sinistra memória, que já estava há anos no ostracismo.

Por estas e muitas outras, 2010 promete.


PS. E Copenhague, alguém se surpreendeu com as manobras de Obama?


Mário Augusto Jakobskind, Direto da Redação.

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