Edison Veiga
Estadão
Um protesto de moradores movimentou ontem o Jardim Romano, um dos bairros da zona leste alagados desde o dia 8. Por volta das 14 horas, o grupo ateou fogo em pneus, pedaços de madeira e papelão, interditando a Rua Manuel Félix de Lima. Eram cerca de 200 manifestantes, de acordo com a Defesa Civil do Estado de São Paulo. "Ninguém resolve o nosso problema, então decidimos fazer alguma coisa", justifica-se o comerciante Hermes Fernando da Silveira Filho, que vive ali há 9 anos. "E amanhã (hoje) vai ter mais", promete.
A Defesa Civil acionou a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros. Uma hora depois, o grupo interrompeu o protesto. Um manifestante foi detido por desacato e encaminhado ao 59º Distrito Policial - no fim da tarde de ontem, acabou liberado.
"Os moradores nos mostraram os danos ocorridos em suas casas", relata o capitão Toni Kasai, da Defesa Civil. "Eles querem a reposição dos pertences que perderam e uma solução definitiva para o problema da inundação." Segundo Kasai, oficialmente há apenas um cadastramento feito pela Prefeitura para providenciar nova moradia àquela população.
Pelo sim, pelo não, o metalúrgico Antonio Miranda Sobrinho - que também participou da manifestação - prefere não dar chance ao azar. Desde o começo da enchente, tratou de improvisar cavaletes para levantar todos os seus móveis. E, mesmo com a baixa das águas, não os retirou do alto. "Tenho medo. Qualquer chuvinha já enche de novo", explica. Ele também providenciou uma pequena mureta - dois tijolos de altura, bem cimentadinhos - na porta de sua casa, para que a água não entre ali.
Após o protesto, a Rua Manuel Félix de Lima era o retrato da desesperança: uma poça d"água - e de lama - do tamanho de um quarteirão estava rodeada por montes de cinzas e de pessoas cabisbaixas que perderam tudo neste dezembro.
NATAL ATRASADO
A poucas quadras dali, na Rua Capachós, a família Sá Lima celebrava o Natal. "Estava tudo pronto para o dia 25 mas, com o quintal alagado, adiamos", explica o cobrador de ônibus Sebastião de Sá Lima, que mora ali há dez anos e nunca tinha visto uma enchente assim.
Anteontem à tarde, uma nova chuva assustou os moradores das redondezas. A água voltou a subir - não tanto como antes - e alagou ruas e algumas casas nas áreas mais baixas. "Aqui, felizmente, só o quintal encheu um pouco", afirma Sebastião. A situação só não se agravou novamente porque desde o dia 17 a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) instalou motores que ajudam a drenar a água.
Além do Natal, a família Sá Lima também comemora o início da normalidade. No auge do alagamento, a mulher de Sebastião nem sequer dormia em casa - passava a noite em seu trabalho, um salão de beleza em Pirituba. "Eu fiquei e tinha de pisar na água. Evitava ao máximo, porque me preocupo com doenças, mas não tinha jeito", conta ele
SP a cidade mais rica do país nas mão de Serra/Kassab, PSDB/DEM. SP está um caos, com muitos pontos alagados, com árvore caídas, com desabamentos, com centenas de pessoas que perderam tudo. Cadê o Serra? Cadê o Kassab? Cadê as providências que há muito tempo deveriam ter sido tomada para evitar esse horror?
Chuva ainda causa transtornos em São Paulo
Pontos de alagamento estão nas Marginais Tietê e Pinheiros; há outro na Zona Norte
Daniela do Canto, do estadao.com.br
SÃO PAULO - São Paulo ainda sofre com os transtornos provocados pela chuva que assolou a megalópole entre a noite de domingo, 27, e a madrugada de segunda-feira, 28.
Dois novos pontos de alagamento são encontrados na cidade. A água ocupa uma das quatro faixas da Marginal do Tietê no sentido Castello Branco, junto à ponte Atílio Fontana e uma das sete faixas da pista expressa da Marginal do Pinheiros, no sentido Interlagos, 300 metros antes da Ponte Engenheiro Roberto Zucollo, informa a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Ainda há outro ponto de alagamento intransitável na altura do número 32 da Rua Bruno Lincoln Fuchs, no Jardim Maristela, zona norte.
Mais cedo, a Radial Leste também chegou a ser totalmente bloqueada devido a um alagamento na altura do Viaduto Guadalajara, mas o trânsito já foi liberado no local.
Pouco antes da 1 hora, a CET registrou a queda de uma árvore na esquina da Alameda dos Jurupis com a Avenida Moema, em Moema, na zona sul. A árvore interdita toda a via.
Por volta das 23 horas do domingo, um barraco desabou na Rua do Bamburral, na região de Perus, na zona norte. Uma pessoa ficou levemente ferida e foi encaminhada ao Hospital Geral da Vila Penteado. As ruas do Jardim Pantanal, na zona leste, voltaram a alagar.
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