quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Chile inaugura museu em memória a vítimas da ditadura de Pinochet

Chile inaugura museu em memória a vítimas da ditadura de Pinochet
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, inaugurou nesta segunda-feira (11) o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em homenagem aos que foram torturados, assassinados ou desapareceram durante o governo de Augusto Pinochet. A ideia é documentar e não deixar esquecer uma das piores ditaduras da América Latina, que durou de 1973 a 1990.
“A mensagem deste memorial é mostrar que todos perdemos algo. O que se passou, a divisão do país da ditadura, afetou a todos”, disse à imprensa a diretora executiva do projeto Museu da Memória, Marcia Scantlebury. "O museu é um ato reparatório às vítimas. É uma homenagem aos desaparecidos, que vinham gozando de uma não existência," completou.
Segundo as conclusões de uma comissão suprapartidária que investigou o período ditatorial, o regime de exceção deixou 3.200 mortos; 1.200 desaparecidos; e quase 30 mil presos e vítimas de tortura.Cerca de 800 militares foram levados à Justiça por violações dos direitos humanos, sendo que quase 300 já foram condenados.
O museu foi um dos projetos que teve todo o empenho pessoal da presidente Bachelet nos últimos anos, já que ela mesma foi presa e torturada quando era uma estudante socialista de 23 anos, na ditadura do general Pinochet. Da mesma forma, seus pais também são parte das vítimas da ditadura.
Na mostra permanente ficarão expostas cartas, objetos pessoais e a foto de todos os desaparecidos. O prédio de vidro e concreto foi projetado pelo escritório brasileiro Estúdio América. A inauguração do museu é um contraponto à instalação do centro de memória que partidários do general (morto em 2006, sem que fosse julgado pelos crimes que cometeu) instalado há cerca de um ano em sua homenagem.
A inauguração do Museu da Memória acontece dois meses antes do fim da presidência de Michelle Bachelet e a seis dias do segundo turno da eleição presidencial que definirá seu sucessor, entre o direitista Sebastián Piñera e o governista de centro-esquerda Eduardo Frei.
Bachelet lançou no ano passado uma campanha para recolher amostras de sangue de parentes de desaparecidos, a fim de criar uma base de dados genética que ajude a identificar restos mortais ainda anônimos daquele período. Até agora, esse banco de dados tem mais de 3.000 amostras, segundo o IML chileno.
Em dezembro, um juiz abriu processo contra seis pessoas, inclusive médicos e membros da polícia secreta de Pinochet, pelo assassinato do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, pai do candidato Eduardo Frei. Também em dezembro, o corpo do cantor e compositor Victor Jara, assassinado pelas forças de segurança nos primeiros dias do golpe, foram exumados para que sejam esclarecidas as circunstâncias da sua morte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Os autores do projeto são os arquitetos: Carlos Dias (português residente no Brasil), Lucas Fehr (brasileiro), Mario Figueroa (chileno residente no Brasil) e Roberto Ibieta (chileno).
Foram vencedores de um Concurso Internacional de Arquitetura realizado em 2007.