MENSALÃO DO DEM:Aliado de Arruda deixa CCJ e CPI da Corrupção na Câmara do DF

MÁRCIO FALCÃO -da Folha Online, em Brasília -Amigo do governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (sem partido), o deputado Geraldo Naves (DEM) se afastou nesta sexta-feira da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Legislativa e da CPI da Corrupção, que investiga o suposto esquema de pagamento de propina. A informação foi confirmada pela assessoria do distrital.
Integrante da tropa de choque do governador, Naves confirmou hoje pela manhã que o bilhete entregue pelo jornalista Edson dos Santos, o Sombra, à Policia Federal realmente foi escrito por Arruda. Sombra disse que recebeu o bilhete entre os dias 8 e 9 de janeiro das mãos de Naves.
O presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), disse que o afastamento é exclusivamente das comissões e que foi motivado para dar mais transparência às investigações. "Foi uma decisão dele. Até que a história do bilhete se esclareça." Naves, no entanto, estaria avaliando se deixa ou não a Casa Legislativa também.
O bilhete seria, segundo Sombra, uma das provas da tentativa de suborno oferecido pelo conselheiro do Metrô, Antonio Bento da Silva, em troca do jornalista atestar que os vídeos gravados por Durval Barbosa, delator do esquema, teriam sido manipulados. O Diretório do DEM no Distrito Federal deve se reunir na segunda-feira para discutir a situação de Naves e avaliar os novos desdobramentos do escândalo. Apesar da saída de Arruda do partido, o DEM continua apoiando o governo.

Bilhete
Segundo Naves, Arruda teria feito o bilhete depois de ter dito que Sombra estava preocupado com um possível corte na verba publicitária de seu jornal. Ele disse que o governador escreveu o bilhete para dizer que a relação dos dois não estava abalada por causa das denúncias e que não haveria corte de publicidade.
"O bilhete é verdadeiro, mas a historia não é essa. Não há nem nunca houve suborno. Ele [Sombra] estava preocupado com a verba de publicidade. Conversei com o governador e ele me disse que não tinha nada contra o Edson [Sombra] e pegou uma caneta e escreveu. Eu levei e mostrei o bilhete para o Edson e ele me pediu para ficar com o papel. Disse que era para quando fosse conversar com o governador mostrar que recebeu", afirmou. O deputado era presidente da CCJ da Câmara, primeira instância a analisar os pedidos de impeachment do governador, e integrante da CPI da Corrupção, criada para investigar o esquema.