FERNANDO DE BARROS E SILVA
SÃO PAULO - Num dos momentos altos do discurso em que se lançou à Presidência da República, há menos de duas semanas, em Brasília, José Serra evocou a biografia de seu pai, um "modesto comerciante no mercado municipal". Era, segundo a sua definição, "um homem austero, severo, digno". O exemplo paterno, disse o tucano, "me marcou na vida e na compreensão do que significa o amor familiar de um trabalhador: ele carregava caixas de frutas para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros".
A última frase teve repercussão instantânea e foi incorporada ao repertório da campanha. Ninguém, no entanto, parece ter notado que há nela algo esquisito, que soa mal.
O mais comum seria dizer "ele carregava caixas de frutas para que eu pudesse carregar livros". Afinal, quem carrega "caixas de livros" são os rapazes da livraria Cultura, da livraria da Vila etc. A não ser quando estão de mudança, intelectuais "carregam" -ou leem- livros.
Sim, é só um detalhe, mas o paralelismo artificial entre as caixas parece ser um belo ato falho. Talvez ele exprima, como um sintoma, a dificuldade real de conexão entre o universo do candidato e o mundo dos carregadores de caixas. É, no fundo, o mesmo desafio que se coloca para Dilma Rousseff, muito mais próxima dos livros de Serra do que das caixas de Lula.
Muita gente deve se lembrar da imagem do presidente flagrada na Bahia por um fotógrafo durante o último Réveillon. A caminho da praia, de chinelos, bermuda e camiseta regata, Lula equilibrava na cabeça o que à distância parece ser uma caixa de isopor. Certamente não levava livros. Talvez algumas frutas. O mais provável, porém, é que carregasse a sua cervejinha. É isso o que logo nos vem à cabeça.
O principal, no entanto, o que nos faz reter na memória aquela cena singela, não é o conteúdo do isopor, mas o que a imagem simboliza, o gesto ao mesmo tempo espontâneo e exemplar, no qual o povo brasileiro se reconhece. E isso nem Serra nem Dilma sabem como imitar.
A última frase teve repercussão instantânea e foi incorporada ao repertório da campanha. Ninguém, no entanto, parece ter notado que há nela algo esquisito, que soa mal.
O mais comum seria dizer "ele carregava caixas de frutas para que eu pudesse carregar livros". Afinal, quem carrega "caixas de livros" são os rapazes da livraria Cultura, da livraria da Vila etc. A não ser quando estão de mudança, intelectuais "carregam" -ou leem- livros.
Sim, é só um detalhe, mas o paralelismo artificial entre as caixas parece ser um belo ato falho. Talvez ele exprima, como um sintoma, a dificuldade real de conexão entre o universo do candidato e o mundo dos carregadores de caixas. É, no fundo, o mesmo desafio que se coloca para Dilma Rousseff, muito mais próxima dos livros de Serra do que das caixas de Lula.
Muita gente deve se lembrar da imagem do presidente flagrada na Bahia por um fotógrafo durante o último Réveillon. A caminho da praia, de chinelos, bermuda e camiseta regata, Lula equilibrava na cabeça o que à distância parece ser uma caixa de isopor. Certamente não levava livros. Talvez algumas frutas. O mais provável, porém, é que carregasse a sua cervejinha. É isso o que logo nos vem à cabeça.
O principal, no entanto, o que nos faz reter na memória aquela cena singela, não é o conteúdo do isopor, mas o que a imagem simboliza, o gesto ao mesmo tempo espontâneo e exemplar, no qual o povo brasileiro se reconhece. E isso nem Serra nem Dilma sabem como imitar.
3 comentários:
Hoje é o Dia do Livro.
O Ze Alagão tem uma personalidade complicada, não serei eu a pessoa ideal a analizar, mais ele expressa algo que vem da alma e mistura com fantasias e enrola com algo para transparecer o que não é, tipo um ator, que tenta incorporar o personagem, notem o texto e olhem esta perola....http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com/2010/04/perola-de-serra-em-natal.html
Ai ele tenta mostrar ter o que não tem simpatia por Pobre e Nordestino.
O Serra mão é só biruta de aeroporto( vai pra onde o vento sopra), é também razo, não tem substância nem acadêmica nem social. Ele é uma peça ficcional.
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