segunda-feira, 19 de abril de 2010

Herança maldita ou bendita?

Sonia Montenegro:
Os defensores do governo demo-tucano de FHC, entre eles o PIG - Partido da Imprensa Golpista, evocam a estabilidade da moeda, o real, e o saneamento dos bancos através do Proer, como sendo os grandes responsáveis pelo sucesso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Tenho que reconhecer que conviver com inflações estratosféricas era uma loucura total, e que os maiores prejudicados eram exatamente os mais pobres. Alguma coisa teria que ser feita...
O Plano Real foi feito no governo Itamar Franco, anunciado enquanto FHC era o Ministro da Fazenda (de 19/5/1193 a 30/3/1994 - por 10 meses), e com uma equipe formada basicamente pelos mesmos economistas que haviam participado do Plano Cruzado de José Sarney.
Bom que tenham aproveitado uma experiência anterior, mas Itamar afirma que o grande mérito do Real foi de Rubens Ricupero, que foi quem de fato implementou o plano. Itamar acusa inclusive que foi uma irregularidade FHC ter assinado as notas da nova moeda, quando já não era mais ministro.
Desavenças à parte, fato é que o Plano Real elege FHC presidente do Brasil em 15 de outubro de 1994 e ele assume em 1 de janeiro de 1995, ou seja, foi indiscutivelmente beneficiado pelo governo anterior.
A 1ª crise econômica que o governo FHC teve que enfrentar (em 15 de março de 1995), não foi fruto de nenhuma crise internacional. O mercado mundial estava tranquilo e favorável aos países emergentes, mas o governo mexeu no câmbio amadoristicamente, ou irresponsavelmente, por "suspeita de volta da inflação", com consequências nefastas. Em uma semana o BC fez 32 leilões de câmbio torrando US$ 7 bilhões, elevou a cotação do dólar e aumentou brutalmente a taxa de juros. US$ 2 bilhões de investidores estrangeiros deixaram o país e Serra e Malan aumentaram a previsão da taxa de inflação anual. Para atenuar as mudanças cambiais que desagradaram aos investidores, o governo anunciou a privatização da Cia Vale do Rio Doce. Mobilização BR.

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