Com a aproximação da campanha eleitoral, os ataques à candidatura de Dilma Rousseff tornam-se frequentes e exacerbados, promovidos pelos tradicionais canais da imprensa. A oposição, capitaneada pelo PSDB e pelo DEM, articula uma ação massiva para abater a ascensão da ministra rumo ao Planalto, alvejando também todo modelo político-econômico construído por Lula nos últimos 8 anos. Movimento similar já foi visto num passado recente: basta relembrar o clima de terror em 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez. Além de todo o legado do governo Lula, o PT está na mira dessa artilharia oposicionista. O presidente da Fundação Perseu Abramo, Nilmário Miranda, em entrevista para o portal da FPA faz uma análise destas "manobras" de guerra que quer desmontar não só uma candidatura petista, mas todo o projeto de desenvolvimento estabelecido nos dois governos de Lula.
Confira a entrevista:
Nilmário, mais uma vez a oposição abre fogo contra a candidatura da Dilma, contra o governo Lula e o PT, com críticas em várias áreas, largamente divulgadas na imprensa. Como você avalia esse comportamento da oposição?
É uma decisão articulada deles, do alto comando do PSDB e do DEM, com a cumplicidade de dirigentes da mídia, de usar quatro eixos para barrar o crescimento da Dilma. E quais são os eixos? Primeiro e mais importante - eles ficam repetindo isso como um mantra - é que o (governo) de FHC é igualzinho ao de Lula, que a politica econômica de Lula é de continuidade, que as políticas sociais, todas, são do Fernando Henrique e que o Lula expandiu um pouco, porque foi favorecido por uma situação econômica internacional melhor. Se Fernando Henrique é igual a Lula, vale mais o Serra, que também foi de esquerda, que também é social-desenvolvimentista, essa é a linha desse discurso. Vem para quebrar o que a Dilma, o Lula, o PT e os aliados vem fazendo, de mostrar a diferença entre o FHC e o governo Lula.
No livro Brasil entre o Passado e o Futuro (co-edição EFPA/Boitempo), o Nelson Barbosa fala que houve uma inflexão na construção de um novo modelo (entre FHC e Lula). Agora são dois modelos distintos, o viés do Estado, a relação Estado-mercado, o fortalecimento do setor público, e o crescimento do mercado interno como estratégia predeterminada, inclusive durante a crise internacional. Existe uma grande diferença entre eles e é evidente que os tucanos não querem que essa diferença apareça, para evitar que os dois projetos apareçam para que o eleitorado se decida. E os jornais, a televisão vão bater nesse ponto dia e noite nos próximos meses.
O segundo ponto que vão usar muito é que o projeto de Dilma é estatista. Esse recurso apela para a questão ideológica, depois de três décadas de hegemonia neoliberal no Brasil e no mundo, eles querem separar o empresariado da Dilma. Agora, onde é que Dilma é estatista? Porque o Estado com Dilma e Lula é a Petrobras, a Caixa, o Banco do Brasil, o BNDES, um Estado como planejador e realizador, mas não significa a intervenção direta do Estado na economia, tem a questão do pré-sal - uma proposta já hegemônica - de criar uma nova estatal e a proposta de reativar a Telebras, ou criar outra estatal para criar a banda larga. Mas eles falam como se a Dilma fosse estatizar todo o país, - e não existe essa proposta -, para exacerbar essa questão ideológica do mercadismo, da tradição neoliberal, da livre iniciativa.
Esse discurso tem colado no empresariado?
Não, grande parte do empresariado quer a continuidade, para eles está bom, atravessamos a crise, temos boas taxas de crescimento, eles estão ganhando muito. O próprio modelo de distribuição de renda está favorecendo o capital nacional e também o internacional. Então, eles vão bater nisso pra ver o que cola lá na frente, como não estão conseguindo paralisar a Dilma, então eles tem que atirar para todo o lado, ver o que vinga, e também para poder alternar os temas dos ataques. Entra aqui o terceiro eixo, que é a política externa, o que é estranho. Nunca no Brasil, a política externa foi alçada a centro de disputa, como agora.
Colocada numa pauta eleitoral?
Numa pauta eleitoral, teve na eleição de 2002 aquele discurso que o Brasil iria sair da Alca, havia discussões sobre o Mercosul, mas não tinha esse apelo popular, a maioria do eleitorado não acompanha esse debate. Por que, então, trazer ao centro essa questão? Eles dizem que o Brasil apoia "ditaduras" como Cuba, Irã, Venezuela - batem nessa tecla direto - e qual é o objetivo disso? Criou-se um novo orgulho nacional provocado pelo novo papel do Brasil no mundo. Obama aponta o Lula como "o cara", a rainha Elizabeth coloca-o ao seu lado em cerimônia de destaque, o Brasil sediará a Olimpíada. As críticas políticas à atuação do Lula na política externa pretendem desconstruir esse orgulho nacional. Não dá para imaginar que existirá um debate de alto nível sobre a política externa durante essa eleição.
E há o quarto eixo que orienta estes ataques, que é acusar o PT de ser autoritário e de ser o partido mais corrupto do país. O viés "autoritário" do governo Lula está nas conferências nacionais realizadas nos últimos anos, no Conselhão - que reúne desde banqueiros ao MST e ouve a todos, o diálogo constante com as centrais sindicais, sempre com a participação da Dilma. Os resultados são a melhoria dos salários, da previdência, o fortalecimento do sindicalismo que desmontam esse discurso. No PNDH3 houve também aquela histeria da oposição sobre o autoritarismo dos movimentos populares.
A nova relação do Estado com a sociedade, com maior participação democrática é colocada por eles como um crime, o cumprimento da legislação no caso das comunicações é visto como um assalto à democracia e não aos privilégios de poucos grupos. O viés ideológico aqui é inverter as maiores qualidades democráticas para os maiores defeitos do governo Lula. E quando se coloca o PT como o partido mais corrupto, a ideia é nivelar o PT por baixo e assim tentar barrar uma onda vermelha no país, já que o crescimento eleitoral de Dilma favorece o partido em outras instâncias eleitorais. Esse é um movimento que já aconteceu em 2006, estigmatizar o PT com a corrupção e o autoritarismo, esse tipo de ação não contribui para a democracia. E a Fundação Perseu Abramo, que tem entre seus objetivos contribuir para a formação política dos filiados do partido e da sociedade em geral, e também o de contribuir para que o pensamento progressista se torne referência, tem oferecido subsídios para isso por meio dos livros que publica como o "Brasil entre o Passado e o Futuro" e da série de oficinas "Brasil em transformação". São subsídios para que os brasileiros consigam entender o que está em jogo, e possam enfrentar estes ataques, para evitar que essa eleição vire um conjunto de mentiras pré-fabricadas e de poder econômico. PT Org.
Confira a entrevista:
Nilmário, mais uma vez a oposição abre fogo contra a candidatura da Dilma, contra o governo Lula e o PT, com críticas em várias áreas, largamente divulgadas na imprensa. Como você avalia esse comportamento da oposição?
É uma decisão articulada deles, do alto comando do PSDB e do DEM, com a cumplicidade de dirigentes da mídia, de usar quatro eixos para barrar o crescimento da Dilma. E quais são os eixos? Primeiro e mais importante - eles ficam repetindo isso como um mantra - é que o (governo) de FHC é igualzinho ao de Lula, que a politica econômica de Lula é de continuidade, que as políticas sociais, todas, são do Fernando Henrique e que o Lula expandiu um pouco, porque foi favorecido por uma situação econômica internacional melhor. Se Fernando Henrique é igual a Lula, vale mais o Serra, que também foi de esquerda, que também é social-desenvolvimentista, essa é a linha desse discurso. Vem para quebrar o que a Dilma, o Lula, o PT e os aliados vem fazendo, de mostrar a diferença entre o FHC e o governo Lula.
No livro Brasil entre o Passado e o Futuro (co-edição EFPA/Boitempo), o Nelson Barbosa fala que houve uma inflexão na construção de um novo modelo (entre FHC e Lula). Agora são dois modelos distintos, o viés do Estado, a relação Estado-mercado, o fortalecimento do setor público, e o crescimento do mercado interno como estratégia predeterminada, inclusive durante a crise internacional. Existe uma grande diferença entre eles e é evidente que os tucanos não querem que essa diferença apareça, para evitar que os dois projetos apareçam para que o eleitorado se decida. E os jornais, a televisão vão bater nesse ponto dia e noite nos próximos meses.
O segundo ponto que vão usar muito é que o projeto de Dilma é estatista. Esse recurso apela para a questão ideológica, depois de três décadas de hegemonia neoliberal no Brasil e no mundo, eles querem separar o empresariado da Dilma. Agora, onde é que Dilma é estatista? Porque o Estado com Dilma e Lula é a Petrobras, a Caixa, o Banco do Brasil, o BNDES, um Estado como planejador e realizador, mas não significa a intervenção direta do Estado na economia, tem a questão do pré-sal - uma proposta já hegemônica - de criar uma nova estatal e a proposta de reativar a Telebras, ou criar outra estatal para criar a banda larga. Mas eles falam como se a Dilma fosse estatizar todo o país, - e não existe essa proposta -, para exacerbar essa questão ideológica do mercadismo, da tradição neoliberal, da livre iniciativa.
Esse discurso tem colado no empresariado?
Não, grande parte do empresariado quer a continuidade, para eles está bom, atravessamos a crise, temos boas taxas de crescimento, eles estão ganhando muito. O próprio modelo de distribuição de renda está favorecendo o capital nacional e também o internacional. Então, eles vão bater nisso pra ver o que cola lá na frente, como não estão conseguindo paralisar a Dilma, então eles tem que atirar para todo o lado, ver o que vinga, e também para poder alternar os temas dos ataques. Entra aqui o terceiro eixo, que é a política externa, o que é estranho. Nunca no Brasil, a política externa foi alçada a centro de disputa, como agora.
Colocada numa pauta eleitoral?
Numa pauta eleitoral, teve na eleição de 2002 aquele discurso que o Brasil iria sair da Alca, havia discussões sobre o Mercosul, mas não tinha esse apelo popular, a maioria do eleitorado não acompanha esse debate. Por que, então, trazer ao centro essa questão? Eles dizem que o Brasil apoia "ditaduras" como Cuba, Irã, Venezuela - batem nessa tecla direto - e qual é o objetivo disso? Criou-se um novo orgulho nacional provocado pelo novo papel do Brasil no mundo. Obama aponta o Lula como "o cara", a rainha Elizabeth coloca-o ao seu lado em cerimônia de destaque, o Brasil sediará a Olimpíada. As críticas políticas à atuação do Lula na política externa pretendem desconstruir esse orgulho nacional. Não dá para imaginar que existirá um debate de alto nível sobre a política externa durante essa eleição.
E há o quarto eixo que orienta estes ataques, que é acusar o PT de ser autoritário e de ser o partido mais corrupto do país. O viés "autoritário" do governo Lula está nas conferências nacionais realizadas nos últimos anos, no Conselhão - que reúne desde banqueiros ao MST e ouve a todos, o diálogo constante com as centrais sindicais, sempre com a participação da Dilma. Os resultados são a melhoria dos salários, da previdência, o fortalecimento do sindicalismo que desmontam esse discurso. No PNDH3 houve também aquela histeria da oposição sobre o autoritarismo dos movimentos populares.
A nova relação do Estado com a sociedade, com maior participação democrática é colocada por eles como um crime, o cumprimento da legislação no caso das comunicações é visto como um assalto à democracia e não aos privilégios de poucos grupos. O viés ideológico aqui é inverter as maiores qualidades democráticas para os maiores defeitos do governo Lula. E quando se coloca o PT como o partido mais corrupto, a ideia é nivelar o PT por baixo e assim tentar barrar uma onda vermelha no país, já que o crescimento eleitoral de Dilma favorece o partido em outras instâncias eleitorais. Esse é um movimento que já aconteceu em 2006, estigmatizar o PT com a corrupção e o autoritarismo, esse tipo de ação não contribui para a democracia. E a Fundação Perseu Abramo, que tem entre seus objetivos contribuir para a formação política dos filiados do partido e da sociedade em geral, e também o de contribuir para que o pensamento progressista se torne referência, tem oferecido subsídios para isso por meio dos livros que publica como o "Brasil entre o Passado e o Futuro" e da série de oficinas "Brasil em transformação". São subsídios para que os brasileiros consigam entender o que está em jogo, e possam enfrentar estes ataques, para evitar que essa eleição vire um conjunto de mentiras pré-fabricadas e de poder econômico. PT Org.
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