Estrela de mais um seminário montado para exaltar a liberdade de expressão, parte de um esforço repetitivo dos meios de comunicação que pretende convencer o público da existência de algum risco autoritário no Brasil, o veterano repórter Carl Bernstein acabou relegado a segundo plano na cobertura do evento. Os jornais preferiram declarações do ministro do STF Carlos Ayres Britto, para quem a liberdade de imprensa tem precedência sobre os demais direitos. E se esbaldaram com as diabrites de Carlos Alberto Zuloaga, vice-presidente da Globovisión, que repudiou com razão os ataques anacrônicos de Hugo Chávez aos veículos, mas foi convenientemente poupado de comentar o vezo antidemocrático da mídia venezuelana, arquiteta do fracassado golpe contra o presidente em 2001.
A Bernstein os jornais dedicaram menções ligeiras ou textos de pé de página. Entende-se. O célebre repórter do Washington Post que, em parceria com o colega Bob Woodward, desvendou os mistérios do caso Watergate e provocou a renúncia do presidente dos EUA Richard Nixon, não disse o que os organizadores do seminário queriam ouvir, apesar da objetividade com a qual listou os reais problemas a afligir a mídia na atualidade. Eis algumas de suas reflexões:
“Devemos encorajar uma nova cultura de responsabilidade, do contrário não seremos levados a sério quando trouxermos questões relativas à liberdade de expressão”.
“Se usarmos mal essa liberdade, serviremos ao interesse da ignorância e da tirania”.
“Nossa função primária é dar aos nossos leitores e espectadores a melhor versão da verdade possível de obter. Viemos perdendo esse ideal de vista e no seu lugar estamos vendo a dominância de uma cultura jornalística global que tem cada vez menos a ver com a realidade”.
“(Prolifera) um culto à celebridade, pela fofoca, pelo sensacionalismo, pela negação das verdadeiras condições de nossas sociedades e pela fabricação de controvérsias.”
O trabalho de Bernstein no caso Watergate é, aliás, muito citado e pouco compreendido no Brasil. A cobertura foi resultado perfeito da carpintaria jornalística, soma de suor, rigor, sobretudo rigor, e coragem a serviço do público. E não obra da alquimia de diálogos editados e documentos incompletos e irrelevantes que costumam transformar o vazio em escândalos. E que, por aqui, costuma ser chamada de jornalismo investigativo. AMORIM - Correspondente do Blog da Dilma em São Paulo.
A Bernstein os jornais dedicaram menções ligeiras ou textos de pé de página. Entende-se. O célebre repórter do Washington Post que, em parceria com o colega Bob Woodward, desvendou os mistérios do caso Watergate e provocou a renúncia do presidente dos EUA Richard Nixon, não disse o que os organizadores do seminário queriam ouvir, apesar da objetividade com a qual listou os reais problemas a afligir a mídia na atualidade. Eis algumas de suas reflexões:
“Devemos encorajar uma nova cultura de responsabilidade, do contrário não seremos levados a sério quando trouxermos questões relativas à liberdade de expressão”.
“Se usarmos mal essa liberdade, serviremos ao interesse da ignorância e da tirania”.
“Nossa função primária é dar aos nossos leitores e espectadores a melhor versão da verdade possível de obter. Viemos perdendo esse ideal de vista e no seu lugar estamos vendo a dominância de uma cultura jornalística global que tem cada vez menos a ver com a realidade”.
“(Prolifera) um culto à celebridade, pela fofoca, pelo sensacionalismo, pela negação das verdadeiras condições de nossas sociedades e pela fabricação de controvérsias.”
O trabalho de Bernstein no caso Watergate é, aliás, muito citado e pouco compreendido no Brasil. A cobertura foi resultado perfeito da carpintaria jornalística, soma de suor, rigor, sobretudo rigor, e coragem a serviço do público. E não obra da alquimia de diálogos editados e documentos incompletos e irrelevantes que costumam transformar o vazio em escândalos. E que, por aqui, costuma ser chamada de jornalismo investigativo. AMORIM - Correspondente do Blog da Dilma em São Paulo.
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