quinta-feira, 1 de julho de 2010
O individualismo e o isolacionismo
*por FERNANDO RIZZOLO
Globalização é a expressão de ordem do consumismo desenfreado. Na realidade, o que está por trás dessa expressão é um tipo de alienação. A ironia da globalização advém do fato de o mundo estar teoricamente unificado e, ao mesmo tempo, as pessoas estarem tão separadas entre si, como nunca estiveram antes na história da humanidade. Cada vez mais, nós nos definimos em termos econômicos. Costumamos, num primeiro encontro, sempre perguntar ao outro: “Você trabalha em que área?”. Nossas semanas estão divididas entre trabalho e descanso, o que na maioria das vezes significa ter horários para produzir e horários para consumir.
Nossas alienações aumentam de forma progressiva. A cada dia, nos distanciamos dos outros cada vez mais. Mudamos de um apartamento para um condomínio fechado, onde nem sequer temos contato com nossos vizinhos; compramos aparelhos MP3 que nos permitem ouvir apenas as músicas de que gostamos, de modo isolado dos outros, em geral através de fones de ouvido, que acabam nos desconectando do mundo. Até mesmo os celulares, que deveriam nos conectar com outras pessoas, nos permitem “filtrar” nossas relações, separando-nos dos demais indivíduos ao nosso redor. Filhos falam com os pais somente por telefone, amigos trocam informações apenas por e-mail, declarações de amor são feitas via webcam – isso para citar alguns exemplos.
No fundo, o homem é um ser social, apesar de com frequência estar se distanciando cada vez mais desse objetivo. Contudo, para resgatarmos a essência do ser humano, precisamos nos tornar parte de algo maior. Mas como fazê-lo? É simples: basta fazermos aos nossos semelhantes aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós mesmos. Seria o princípio sagrado de assegurar que não haverá ninguém sem roupas enquanto tivermos o que vestir ou de que não haverá famintos enquanto tivermos o que comer.
O capitalismo nos leva ao egocentrismo, ao individualismo, e dessa forma não temos condições de pensar no coletivo. Assim, para quebrarmos esse círculo vicioso, precisamos nos livrar da ganância, dedicarmo-nos às coisas simples da vida, à natureza, aos amigos, e não nos deixarmos dominar pela concorrência acirrada do mundo atual, que muitas vezes gera o ódio e leva fatalmente à depressão.
Ter um projeto de vida e uma visão política de justiça social enobrece o homem e refina os preceitos éticos que tanto o individualismo consumista nos obscureceu. Pensar em Deus e agir como parceiro Dele aqui na Terra, procurando ser o melhor naquilo que se faz, é a melhor oração, mas sem se deixar levar pela febre do isolamento e do consumo, que leva quase sempre à tristeza e à falta de sentido da vida.
Pense nisso.
Fernando Rizzolo é advogado, pós-graduado em Direito Processual, mestrando em Direito Constitucional, Prof. do Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade Paulista (UNIP). Participa como coordenador da Comissão de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção São Paulo, é membro efetivo da Comissão de Direito Humanos da OAB/SP, foi articulista colaborador da Agência Estado, e editor do Blog do Rizzolo - www.blogdorizzolo.com.br
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Blog do Rizzolo
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