Emir Sader* - Sociólogo e cientista político.
Quando o quadro eleitoral vai ganhando um formato que dificilmente parece poder ser alterado significativamente, o único fator que pode alterá-lo vêm, não da esfera das opiniões dos cidadãos, mas de uma lei absurda, aprovada e sancionada, que obriga os eleitores, para poderem votar, portar um outro documento, com foto. Independentemente da intenção de evitar os votos fraudados, a decisão é sumamente discriminatória, afetando diretamente a milhões e milhões de eleitores mais pobres, que não dispõem da informação e/ou de documento com foto ou de possibilidade de se deslocar de novo até suas casas para poder retornar a tempo de votar.
A falta de campanha maciça de informação por parte das autoridades responsáveis pelo processo eleitoral só agrava a situação, revelando má fé ou falta de consciência das conseqüências da lei e dos danos que ela pode causar no exercício do direito de voto por milhões de cidadãos brasileiros.
Na primeira eleição de Evo Morales, na Bolívia, centenas de milhares de pessoas não puderam votar por uma decisão de que os que não tinham votado na eleição municipal anterior, teriam que se reinscrever. A informação circulou pouco e justamente eleitores pobres, do Evo, não puderam exercer seu direito de voto. Felizmente a maioria obtida pelo Evo foi suficiente para que triunfasse com a maior votação que um presidente havia obtido, mas o MAS deixou de eleger a governadores e a uma bancada parlamentar maior por essa circunstância.
No Brasil, até hoje ainda há setores significativos da população – basicamente mais pobres, grande parte deles vivendo no campo – que querem votar no candidato do Lula, mas que só agora, lentamente, vão canalizando esse voto para a candidata do Lula, Dilma. Podemos imaginar a dificuldade para que esses setores possam ser informados da necessidade de portar documento com foto para votar. Muitos sequer têm esse documento, seja por falta de recursos para tirá-lo, seja por falta de consciência da importância e falta de tempo de providenciá-lo.
A imprensa, alinhada maciçamente com o candidato da direita e consciente de que os setores mais diretamente afetados são bastiões de voto do governo e da Dilma, nem tocam no tema, em atitude que revela, mais uma vez, como não apenas informam mal e errado a população, como também desinformam pelo silêncio.
Não podemos contar com esses meios. Temos que organizar, desde já, uma ampla campanha cidadã de massas para fazer chegar essa informação a todos os eleitores, de que necessitam indispensavelmente levar um documento com foto para poder votar. É responsabilidade da imprensa pública, de todas as organizações democráticas e populares, de todas as candidaturas desse campo e de toda a militância, organizar formas de difusão ampla dessa informação, com criatividade e com eficácia, para evitar que uma determinação absurda e a irresponsabilidade dos setores que deveriam encarregar-se da informação do eleitorado, falseiem a vontade dos eleitores brasileiros.
(Aproveito para reiterar-lhes a informação que o contacto comigo também pode ser feito pelo twitter: http://www.twittter.com/emirsader
Quando o quadro eleitoral vai ganhando um formato que dificilmente parece poder ser alterado significativamente, o único fator que pode alterá-lo vêm, não da esfera das opiniões dos cidadãos, mas de uma lei absurda, aprovada e sancionada, que obriga os eleitores, para poderem votar, portar um outro documento, com foto. Independentemente da intenção de evitar os votos fraudados, a decisão é sumamente discriminatória, afetando diretamente a milhões e milhões de eleitores mais pobres, que não dispõem da informação e/ou de documento com foto ou de possibilidade de se deslocar de novo até suas casas para poder retornar a tempo de votar.
A falta de campanha maciça de informação por parte das autoridades responsáveis pelo processo eleitoral só agrava a situação, revelando má fé ou falta de consciência das conseqüências da lei e dos danos que ela pode causar no exercício do direito de voto por milhões de cidadãos brasileiros.
Na primeira eleição de Evo Morales, na Bolívia, centenas de milhares de pessoas não puderam votar por uma decisão de que os que não tinham votado na eleição municipal anterior, teriam que se reinscrever. A informação circulou pouco e justamente eleitores pobres, do Evo, não puderam exercer seu direito de voto. Felizmente a maioria obtida pelo Evo foi suficiente para que triunfasse com a maior votação que um presidente havia obtido, mas o MAS deixou de eleger a governadores e a uma bancada parlamentar maior por essa circunstância.
No Brasil, até hoje ainda há setores significativos da população – basicamente mais pobres, grande parte deles vivendo no campo – que querem votar no candidato do Lula, mas que só agora, lentamente, vão canalizando esse voto para a candidata do Lula, Dilma. Podemos imaginar a dificuldade para que esses setores possam ser informados da necessidade de portar documento com foto para votar. Muitos sequer têm esse documento, seja por falta de recursos para tirá-lo, seja por falta de consciência da importância e falta de tempo de providenciá-lo.
A imprensa, alinhada maciçamente com o candidato da direita e consciente de que os setores mais diretamente afetados são bastiões de voto do governo e da Dilma, nem tocam no tema, em atitude que revela, mais uma vez, como não apenas informam mal e errado a população, como também desinformam pelo silêncio.
Não podemos contar com esses meios. Temos que organizar, desde já, uma ampla campanha cidadã de massas para fazer chegar essa informação a todos os eleitores, de que necessitam indispensavelmente levar um documento com foto para poder votar. É responsabilidade da imprensa pública, de todas as organizações democráticas e populares, de todas as candidaturas desse campo e de toda a militância, organizar formas de difusão ampla dessa informação, com criatividade e com eficácia, para evitar que uma determinação absurda e a irresponsabilidade dos setores que deveriam encarregar-se da informação do eleitorado, falseiem a vontade dos eleitores brasileiros.
(Aproveito para reiterar-lhes a informação que o contacto comigo também pode ser feito pelo twitter: http://www.twittter.com/emirsader
* Graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, mestre em filosofia política e doutor em ciência política por essa mesma instituição. Foi professor de Filosofia e Ciência Política da USP. Foi também pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade do Chile e professor de Política na Unicamp. Atualmente, é professor aposentado da Universidade de São Paulo e dirige o Laboratório de Políticas Públicas (LPP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde é professor de sociologia. É autor de "A Vingança da História", entre outros livros.
Um comentário:
Pode ser, mas será que não estamos ficando esquisofrênicos?, será que não estamos vendo persegução em tudo?, a meu ver a obrigatoriedade de portar um documento com foto é justa e lógica, se não há por parte da imprensa interesse em divulgar cabe aos partidos divulgarem em seus programas de TV e Rádio ou até mesmo em panfletos e faixas, mas que é importante para evitar fraudes com certeza é.
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