Quando Marina Silva acordar da viagem na maionese em que embarcou ao aceitar ser candidata à presidência pelo PV e perceber que este partido não tem nada de verde e, na verdade, suas tonalidades giram em torno do “marrom”… – talvez seja tarde demais para reparar os danos à sua biografia. A ex ministra de Lula, deslumbrada com a projeção nacional do nada absoluto que representa, ou seja a tal terceira via, terá a difícil e solitária tarefa de se reconstruir em outra realidade.
Honestamente: um povo que foi subjugado por uma elite escravagista durante séculos e vislumbrou uma luz no fim do túnel nos últimos 8 anos, precisa de uma de terceira via? Um cidadão que acabou de sair da miséria absoluta; outro que acabou de chegar ao mercado de consumo pela primeira vez; outro que recuperou a dignidade de estar empregado, colocar o alimento na mesa de sua família e ver os filhos frequentando a escola – vão considerar a hipótese de darem seu voto a um grupo de oportunistas pintados de verde a serviço das mesmas elites que sempre lhes negaram a cidadania?
A verdadeira terceira via é coisa de primeiro mundo, onde a miséria e a falta de oportunidades foram superadas há décadas. Aí então, couberam outras variantes, mais sofisticadas, em seus processos eleitorais. Mas no Brasil de hoje, só cabem duas variantes distintas: inclusão e cidadania ou exclusão e escravidão. E ser ecológico não é uma postura política ou partidária. É obrigação de todos: desde o gari até o presidente da república. Não precisamos de um partido político para termos consciência ecológica e buscarmos desenvolvimento sustentável.
A única via que interessa à esmagadora maioria da população brasileira é o emprego com carteira assinada, o direito à saúde e à educação. O resto é conversa pra boi dormir.
Os românticos eleitores de Marina e seu partido lembram os caras-pintadas que saíram às ruas para derrubar Collor há 18 anos. Acreditaram que, naquele momento, borrifavam perfumes florais e pintavam de rosa a política brasileira. Em 1994, ajudaram a eleger um sociólogo emplumado que se transformou, da noite para o dia, no economista salvador da Pátria ao posar para a capa da revista Veja exibindo a cédula mágica – o Real – em tom paternal. FHC prometia felicidade. Mas, durante os 8 anos de sua aventura irresponsável, tudo o que se viu foi o país ajoelhar-se diante do “Plano Real”, que na verdade foi imposto pelo FMI a todas as economias inflacionárias da América Latina. Descobriu-se que não era a moeda que faria milagres e sim a maneira como os governos a utilizariam. Com FHC – que tinha Serra como Ministro do Planejamento e que, aliás, também não é economista – resultou em recessão, desemprego, arrocho salarial, falência estrutural, moral e física de toda a nação brasileira. Já os economistas do governo Lula souberam usar a moeda corretamente, tiraram o Brasil da estagnação e o projetaram para tornar-se, ainda nesta década, a quinta economia mundial. Esta, aliás, é a verdade que a “jornaleira” Miriam Leitão foge de ver ao comentar economia, política e as diferenças entre os governos FHC e Lula.
Obviamente, como é da natureza do processo político, não há perfumes florais que escondam-lhe as impurezas. Então alguns cidadãos, privados de seus sonhos cor-de-rosa diante das alianças e apoios da candidatura Dilma, optam pela terceira via. Assim, empunhando sua indignação moral e vestindo a fantasia do “politicamente correto”, registram seu protesto contra a classe política dando seu voto justamente à candidata “verde” que é o instrumento enganoso mais escancarado dos lobos travestidos de cordeiros. Pois não passa disso o Partido Verde.
Por outro lado, a direita e sua mídia fiel sabem que sua única chance é um contra-ataque golpista. E este ataque só seria mortal no cenário de um segundo turno – quando não haveria tempo para qualquer reação. Um factoide escandaloso bem elaborado e bem repercutido pelo consórcio sincronizado da mídia pode ser a “bala de prata” que derrubaria Dilma, sem chances nem tempo hábil para sua defesa.
Um primeiro ensaio dessa tramóia foram as entrevistas dos três candidatos ao Jornal Nacional nesta semana. O jogo de cena do casal de âncoras, requentando o caso do suposto mensalão do PT de 2005, mostrou até onde estarão dispostas a ir as velhas ratazanas da direta que conspiram por baixo da mesa de William Bonner e Fátima Bernardes.
Basta lembrarmos de 1989, Color x Lula, quando o sequestro de Abílio Diniz na véspera das eleições foi atribuído a grupos armados ligados ao PT e a Globo passou o dia inteiro ao vivo especulando em torno disso até o encerramento das votações, quando desmentiu todos os boatos e Collor já estava eleito; ou de 2006, quando a imagem do suposto dinheiro do suposto dossiê “vazou” na capa da Folha de SP na véspera das eleições, levando Alckmin ao segundo turno. Duas verdades foram provadas naquele momento: a primeira foi a de que a mídia paulista tem a capacidade de manipular o eleitor mesmo contra a sua vontade. A segunda a de que Lula era tão forte e popular que mesmo assim, venceu Alckmin de forma espetacular.
Dilma é o governo Lula, mas não é Lula. Tem competência gerencial infinitamente maior que José Serra. Mas não tem a trajetória de Lula. José Serra, só tem uma coisa que, somada aos fiéis serviços do PIG, pode lhe bastar: é, há 30 anos, o garoto propaganda do boneco de si mesmo. É isso que os velhos caras pintadas, eleitores de Marina, precisam entender. Marina não é um projeto. E o projeto da extrema direita com Serra é qualquer coisa, menos vencer democraticamente.
Por tudo isso, a inocente e útil candidata “verde” e seus inocentes e úteis eleitores, podem causar a desconstrução de todos os avanços do governo Lula, subtraindo – por mero capricho – os votos que elegeriam Dilma já em 3 de outubro. Isso levaria as eleições a um segundo turno, palco de perigos imprevisíveis, vindos de uma minoria disposta a tudo para reaver o que considera seu por desígnios celestiais.
Portanto, é melhor que os “sensíveis” eleitores de Marina Silva saibam que, ao votarem nesta senhora – que não se elegerá a nada, não fará parte de nada e ainda haverá de ser cuspida pelo seu partido na próxima esquina como um caroço seco – estarão fazendo exatamente o jogo que a direita e as elites paulistas precisam para recolocarem o Brasil e seu povo na senzala dos EUA como serviçais da nobreza global.
A não ser que acredite que um eventual governo Serra dará continuidade ao que está “dando certo” e – tsk! – corrigirá o que “estiver errado”, a pergunta que o eleitor de Marina deve se fazer é a seguinte:
Voto em Marina porque não quero Dilma nem Serra? ou
Voto em Marina porque Dilma já venceu?
Qualquer que seja sua resposta, o fato é que estará dando seu voto a Serra. O que, convenhamos, é o oposto exato de ser ecológico.
4 comentários:
[b][i]Fico impressionado com esse tipo de texto sirculando aqui pela internet...
Acredito que o governo Lula foi sim um dos melhores governos que o Brasil teve, mas como assim atacar a candidata Marina Silva desta maneira?
Não acredito que o PT tenha nenhuma moral ética p/ fazer tais acusações...
Hoje voto na Marina Silva, mas se ocorrer segundo turno entre Dilma e Serra, ainda votaria na Dilma, afinal entre o ruim e o péssimo, prefiro ficar com o menos ruim...
Mas certas pessoas acham que podem publicar esse tipo de texto e achar que todos os Brasileiros tem memória curta...
Neoliberalismo Verde da Marina Silva - continuação
4- A Marina fez aliança, principalmente no Rio de Janeiro, com políticos da direita, da antiga UDN (DEM). Traiu suas origens com o que há de mais retrogrado na política brasileira. Está aqui:
http://br.noticias.yahoo.com/s/03052010/25/politica-serra-marina-gabeira-confirma-candidatura.html
O desmatamento da Amazônia só diminuiu pra valer com a saída dela do Ministério do Meio Ambiente e com entrada do seu sucessor. Faltou alguma coisa na administração dela.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100721/not_imp583948,0.php
Por tudo isso, deu para perceber que a Marina Silva ao invés de avançar, ela regrediu politicamente. Ela traiu seus princípios. Ela está sendo usada pela turma neoliberal para voltar ao poder, camuflada sob a bandeira ambientalista. O neoliberalismo é um modelo decadente. Gerou a crise de 2008 no mundo, e no Brasil a crise cambial de 1998/1999. O neoliberalismo gera desemprego e desigualdade social. Atrofia o Estado e provoca estagnação da economia. Pode ser bonito na teoria, mas na prática não deu certo. É um modelo excelente para o mercado, os banqueiros e as bolsas de valores.
Fica evidente que no Brasil, há hoje, uma estratégia voltada para as eleições de 2010, um claro esforço por parte de empresários, por parte do PSDB, DEM, PPS, por parte da elite e de setores ecológicos da direita, de abraçar uma agenda verde. E é a esse projeto político do Neoliberalismo Verde que, ingenuamente, Marina esta se pondo a serviço.
NAO DE SEU VOTO A SERRA, NEM DIRETO NEM INDIRETO, CUIDADO,
MUITO CUIDADO!!!
* * *
JUSSARA SEIXAS,
QUE EXCELENTE TEXTO!!!
*** PARABENS!
PEÇO A TODOS OS VISITANTES DESTE
BLOG, QUE LEIAM ATENTAMENTE ESTA
MATERIA TAO BEM ESCRITA! DIVULGUEM!
* * *
http://oqueseraquemeda.wordpress.com/, PARABENS!
* * *
O POVO JA ENTENDEU TUDO, AGORA EH
DILMA - PRESIDENTE, A CANDIDATA
FICHA LIMPA! A CANDIDATA DE LULA!
Dá dó observar Marina sendo utilizada pela grande mídia, tendo seus discursos puristas sendo inflados para nada, para o vazio. Na verdade para tentar levar a eleição para o segundo turno.
Os brasileiros elegerão Dilma no primeiro turno: é a candidata de Lula, é mais competente que Serra, é sensível e tem firmeza para comandar a Nação para maiores avanços.
Postar um comentário