domingo, 20 de março de 2011

Obama no Brasil

A vinda do presidente Barack Obama ao Brasil, no fim desta semana, carece de algumas definições quanto à programação a ser cumprida no Rio de Janeiro. A esta altura, ainda não se sabe onde Obama irá proferir o anunciado discurso que reputa como sendo o de maior importância para marcar a sua presença entre nós.
Ainda não se sabe se o acontecimento ocorrerá na sacada do Teatro Municipal, onde pretende falar para um público de dez mil cariocas. Isto, segundo o governador Sérgio Cabral, talvez não tenha o resultado esperado, em se tratando de um domingo de praia e sol, onde dificilmente teria público interessado em ouvi-lo falando no seu próprio idioma.
Há quem sugira que essa manifestação ocorra no ginásio do Maracanãzinho ou no Monumento aos Pracinhas, no Aterro do Flamengo. A visita a uma de nossas favelas seria também proveitosa, pela repercussão popular que teria junto às classes de menor poder aquisitivo.
Nos últimos dias, devido às incertezas havidas, chegou-se a cogitar da transferência de sua apresentação para a capital chilena.
A Argentina sentiu-se discriminada por não haver sido incluída no roteiro que Obama cumprirá na América Latina. No mês passado, houve um incidente diplomático entre os Estados Unidos e aquele país, devido à restrição imposta no aeroporto de Ezeiza a um voo militar que transportava homens e equipamentos para um curso que seria dado à Polícia Federal, subordinada à presidente Kirchner. A convivência entre os dois países ficou abalada e deverá repercutir na próxima eleição presidencial de outubro. Recentemente, a diplomacia americana chegou a questionar a saúde mental da viúva Cristina Kirchner.
Se há dúvida em relação ao roteiro a ser cumprido pelo presidente Obama em nosso país, o mesmo não acontece quanto à intenção dos Estados Unidos em estimular a posição do Brasil como líder continental, como já vinha ocorrendo no governo Lula. O embaixador americano Thomas Shannon foi taxativo ao afirmar que a visita é um claro sinal do interesse e respeito americano pelo Brasil e pela presidente Roussef.
No governo anterior, Brasil e Estados Unidos entraram em conflito quando da deposição do presidente Manuel Zelaya, em Honduras, sem falar na simpatia que o presidente brasileiro de então nutria pelo Irã, onde esteve aderindo à exploração de energia atômica defendida por Ahmadijenad. Aquele relacionamento, que foi visto com desconfiança pelos Estados Unidos, não deverá ser incrementado no governo atual. Nos próximos dias, dois importantes militantes da Campanha Internacional para os Direitos Humanos do Irã virão ao Brasil para um encontro com Marco Aurélio Garcia, assessor internacional do Planalto.
Segundo os observadores, Obama pretende emitir uma declaração de apoio à promessa eleitoral feita por Dilma no combate à pobreza. Consta, ainda, que os dois países irão conceder centenas de bolsas para intercâmbio de estudantes de graduação, notadamente nas áreas de ciência e tecnologia, o que será do maior interesse para o nosso país.
Não está fora de cogitação uma provocação da presidente Dilma a Obama, sensibilizando-o quanto à participação do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, embora a nossa influência política no cenário internacional ainda careça de consolidação.
O crescimento da China é também motivo de preocupação nessa visita, pois as exportações brasileiras cresceram 70% nos últimos cinco anos, sem que o mesmo ocorresse em relação aos Estados Unidos. Em 2005, os norte-americanos compravam 19% de nossas exportações, ao passo que, no momento, esse índice é de apenas 9,5%. Os chineses tomaram o lugar dos Estados Unidos, com as exportações brasileiras para a China crescendo de 5,8% para 15% do total.
Como a China é a economia emergente mais poderosa do mundo, certamente o presidente Barack Obama haverá de se empenhar para que os chineses não superem os Estados Unidos em termos de crescimento, o que deverá acontecer até 2021. Aristóteles Atheniense - JM Online.

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