sábado, 30 de abril de 2011

Debate pela democratização da mídia marca 14 anos da Caros Amigos

Com um debate no Tucarena, em São Paulo, sobre “Os Desafios para a Democratização da Mídia”, a revista Caros Amigos celebrou, nesta quinta-feira (28), seus 14 Anos de circulação. A atividade contou com a presença do presidente da Telebrás, Rogério Santana, e com jornalistas e ativistas da mídia alternativa. “Não há como ter mundo mais democrático sem imprensa mais democrática”, sintetizou Santana. Segundo ele, a comunicação se tornou mais acessível nas últimas décadas, com o advento do computador pessoal, do telefone celular e da internet —elementos que “afetam a hegemonia da mídia tradicional”. É preciso, no entanto, investir num plano ousado para expandir e massificar a banda larga no Brasil, dando acesso a todos os brasileiros. A dificuldade é dobrar a força das chamadas teles. “Hoje, 95% da banda larga está na mão de cinco empresas, que investem apenas nas regiões centrais, mais lucrativas.” Declarando-se “otimista”, Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, afirmou que, na luta para democratizar os grandes meios de comunicação, “há uma avanço que, embora lento, é gradual”. Exemplos de conquistas são a Conferência Nacional de Comunicação (2009), o Plano Nacional de Banda Larga (2010) e a recém-criada Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação. “Somente nesta semana, houve atos em cinco estados pela expansão pública da banda larga e o direito à inclusão digital”, agregou Altamiro. Porém, a presidente Dilma Rousseff se revela, até aqui, “pouco ousada no processo de mudanças” estruturais. “O governo Lula apostou em mudanças sem rupturas. Os movimentos sociais têm de aumentar a pressão se quiserem uma efetiva democratização da mídia.”

Para Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, o oligopólio da grande mídia é outro entrave a ser superado. “A liberdade de expressão que existe para nós é uma liberdade limitada, fora da esfera pública midiática. Oito ou nove famílias têm um poder consolidado. É preciso desprivatizar esse poder.”
Hamilton de Souza, da PUC-SP e da Caros Amigos, sustentou que “a imprensa no Brasil é um instrumento de dominação de classe” — mas “as frentes de lutas têm aumentado”. Há iniciativas que ganham impulso, como “a crítica da mídia burguesa”, “a luta pela regulação e estabelecimentos de direitos”, além do “fortalecimento da comunicação contra- hegemônica”. Em contrapartida, Raimundo Pereira, da Retrato do Brasil, lamentou a falta de fortes imprensas partidária e popular no país. “A mídia alternativa não debate seu programa hoje”, apontou. A seu ver, o governo Lula pouco fez para mudar esse cenário de concentração midiática. “Ao menos abriu uma janela de publicidade oficial.” O debate “Os Desafios para a Democratização da Mídia” teve o apoio da PUC-SP e o patrocínio da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e da Apeoes(Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). De São Paulo, André Cintra. Fonte: Vermelho.

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