(Chico Villela)
Não pense o leitor que vou falar de aspectos pessoais; apenas sou obrigado a citar meu caso para poder ilustrar as perguntas. O que passei, muitos devem ter passado ou estar passando neste momento. Além do mais, sou leigo em altas informáticas, e por isso convido o leitor a me acompanhar para que possamos refletir juntos sobre os fatos.
No início de fevereiro mudei-me para casa nova num sítio da região chamada Córrego do Torto, próxima à Granja do Torto, residência da presidenta Dilma Vana Rousseff. Ou seja, não moro em nenhum cafundó perdido na mata, mas em área que, embora considerada rural, faz parte do tecido urbano e localiza-se, em termos de governo, na esfera da administração do conhecido Lago Norte de Brasília.
Para ter acesso à internet, compramos um modem recomendado pela OI com seu chip por R$ 150 e um plano que prometia 10 mega de velocidade, ao preço de R$ 120 mensais. Nos primeiros dias, medi sistematicamente a velocidade, e encontrei valores variados, conforme o horário da medição (sem comentar que levei alguns dias para conseguir habilitar-me por telefone. A empresa prometeu enviar técnico por duas vezes, e foi denunciada por mim na Anatel e na sua própria ouvidoria. Balela: nada funcionou, o técnico nunca veio.) Como bom sitiante, acordo antes do Sol, e passei a medir ainda com o escuro e as últimas vozes das aves noturnas. Máximo encontrado de madrugada: 850 K; mínimo no meio das tardes: 230 K.
Não pense o leitor que vou falar de aspectos pessoais; apenas sou obrigado a citar meu caso para poder ilustrar as perguntas. O que passei, muitos devem ter passado ou estar passando neste momento. Além do mais, sou leigo em altas informáticas, e por isso convido o leitor a me acompanhar para que possamos refletir juntos sobre os fatos.
No início de fevereiro mudei-me para casa nova num sítio da região chamada Córrego do Torto, próxima à Granja do Torto, residência da presidenta Dilma Vana Rousseff. Ou seja, não moro em nenhum cafundó perdido na mata, mas em área que, embora considerada rural, faz parte do tecido urbano e localiza-se, em termos de governo, na esfera da administração do conhecido Lago Norte de Brasília.
Para ter acesso à internet, compramos um modem recomendado pela OI com seu chip por R$ 150 e um plano que prometia 10 mega de velocidade, ao preço de R$ 120 mensais. Nos primeiros dias, medi sistematicamente a velocidade, e encontrei valores variados, conforme o horário da medição (sem comentar que levei alguns dias para conseguir habilitar-me por telefone. A empresa prometeu enviar técnico por duas vezes, e foi denunciada por mim na Anatel e na sua própria ouvidoria. Balela: nada funcionou, o técnico nunca veio.) Como bom sitiante, acordo antes do Sol, e passei a medir ainda com o escuro e as últimas vozes das aves noturnas. Máximo encontrado de madrugada: 850 K; mínimo no meio das tardes: 230 K.
Aqui surge a primeira pergunta: Por que a OI vende um plano de 10 mega (10.000 K) de velocidade e fornece no máximo menos de 10%, e no mínimo menos de 2,5%?
Mas, fosse só isso, o diabo até seria feliz com suas agruras. O chamado “sistema” da OI tem uma característica permanente: é mambembe, ou seja, no jargão informático, “cai” o tempo todo. É preciso refazer as operações sempre.
Funciona assim: clica-se no ícone da OI / abre-se uma tela com o andamento, que compreende: procurando modem / obtendo / identificando / registrando na rede / roaming com BrT / conectar / abrir navegador. Acontece que o mais comum é ficar no pingue-pongue entre duas operações, por exemplo: procurando etc. / registrando / procurando etc. / registrando / procurando etc. / registrando… ad infinitum. Nesses casos, o incauto deve desligar a OI e tentar começar tudo de novo. Muitas, mas muitas vezes por dia. Para citar a bíblia cristã, com a paciência de Jó e o saco do gigante Golias.
Segunda pergunta: Como pode uma rede contratada de internet “sair do ar” dezenas de vezes por dia?
Mas há mais, caro leitor. Como pagava um plano de 10 mega e recebia menos de 10%, mudei de plano: passei a pagar 2 mega (R$ 50 mensais). Então, ocorreram três fenômenos: um, esperado; outro, indesejado; e outro, absurdamente inesperado.
O esperado é que a velocidade ficou abaixo de 200 K nas manhãs, ou seja, menos de 10% do contratado. Ao menos nisso, a OI é coerente: fornece sempre menos de 10%. Comprou dez caixinhas de cerveja pra festa? Vai levar menos de uma!
O indesejado é que fiquei 5 dias sem internet (de sexta a terça), já que, conforme afirmou a atendente: “O sr. é que pediu a mudança, e por isso vai ficar 3 dias sem internet, é assim com todo mundo que muda de plano”. O que ela não explicou é que, sim, pedi para mudar de plano, mas o tempo técnico é da operadora, nada a ver comigo. Perguntamos: haverá desconto desses 3 dias? Resposta: “Nenhum desconto, foi o sr. quem pediu!”
Resumo da peça: não tenho internet por 5 dias, mas pago como se tivesse porque a operadora demora para mudar-me de plano.
Mas o inesperado foi assustador: o “sistema” passou a cair sem parar. Hoje, por exemplo, entre 6h12 e 8h15, caiu 11 vezes. Há dois dias, pedimos esclarecimentos à operadora, e a atendente disse isto que se segue; leia com atenção, caro leitor: “Agora vai ser assim. Como a velocidade é pequena, o sistema vai ficar caindo muito”.
A única interpretação que consigo é esta: a operadora OI, ou é incompetente às raias da estupidez, ou é estelionatária e quer forçar seus clientes a assinar os planos mais caros, embora não forneça nem sequer 10% do contratado em nenhum plano.
Reação natural: compramos há dias via internet um modem mais chip de uma empresa concorrente. O modem foi instalado hoje às 8h30. “Caiu” uma vez: parei para escrever o blog e desativou-se a conexão. Foi restabelecida: são 14h28 e uma só queda. Pagamos 1 mega por mês, e algumas medidas hoje deram mais de 1 mega.
[Obs. 16 abril: Medidas variam conforme o medidor na internet; chamei no Google 'velocidade download medição'. Acabei de medir com Intel, registrou velocidade de 870K. Tudo indica que a empresa concorrente entrega a rapadura comprada.]
Embora não dê atenção a pessoas físicas reclamantes, seria interessante que a empresa se manifestasse. Antes de perder mais clientes e ganhar alguns comentaristas, talvez mais ácidos que eu e, espero, mais bem informados. Mas reconheço que será difícil: a agência reguladora é a Anatel, o que diz muito sobre a empresa, a área e o país. Seus diretores acham-se estreitamente vinculados a essas empresas.
Mas a pergunta fica: Incompetência? Estelionato? Os dois? Afinal, a empresa e seus proprietários têm aparecido muito mais nas páginas policiais que nas técnicas ou de negócios.
Para mim, a OI já vai firmando tradição. Na cidade de Itajubá, o atendimento público de interurbanos da então companhia telefônica Telemar sempre foi alojado numa casa situada dentro do calçadão central, com oito cabines individuais com aparador para anotações. A pequena central telefônica para uso do cidadão é muito antiga na cidade. Pegava-se a chave do aparelho, entrava-se na cabine designada, falava-se, saía-se e, devolvida a chave, uma máquina fornecia o valor a ser pago. Rápido, direto e controlado por uma só atendente.
Itajubá tem 80 mil habitantes, sedia a única fábrica de helicópteros da América Latina (Helibrás) e dezenas de filiais de empresas de porte, além da Universidade Federal de Itajubá. Em visita a meus pais, há uns três anos, precisei de alguns interurbanos e procurei a telefônica. A casa tinha matos nas bordas, ensaiava ruínas. Perguntei e fiquei sabendo que a sede da OI, a nova dona, ficava bastante longe do centro. Fui lá.
Uma sala ampla, quatro mesas, um atendente de plantão. Assim que entrei, disse-me: “Oi!” Deve ser padrão, claro. Perguntei pelas cabines: “Não há mais, acabaram”. Por quê? “Davam muita confusão!”. Já espumando pela canalhice e pela mentira, arrisquei: Então me venda alguns cartões de interurbano. “Não vendemos”.
Mas como telefonar? A resposta do moço foi: “O sr. acha para comprar em lotéricas e em algumas farmácias da cidade”. Imagine o leitor alguém em viagem que recebe notícia preocupante e precisa disparar muitos telefonemas, ou alguém em negócios na cidade que precise vários interurbanos para prosseguir. Deverão ocupar um orelhão por muito tempo, isso se não chover.
O leitor não duvida de que se trata da mesma empresa, némês? Pobre país em que a privatização tornou-se privataria (apud Elio Gaspari)! Na minha infância, havia um remédio para as disfunções femininas, o Regulador Xavier. O anúncio dizia: Número 1, excesso; Número 2, escassez. Mas havia uma vantagem sobre as contrafações empresariais e governamentais de hoje: o Xavier regulava! Fonte: http://novae.inf.br/blog/?p=1061
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