terça-feira, 14 de junho de 2011

Jornalista Alberto Perdigão na Unisinos

Na última quinta-feira (09), Alberto Perdigão, mestre em Políticas Públicas e Sociedade pela Universidade Estadual do Ceará, esteve presente na Unisinos para dar uma palestra sobre seu livro Comunicação Pública e TV Digital: Imperatividade na TV pública e de outros assuntos relacionados. Em uma rápida entrevista, Perdigão sintetizou a sua fala.
Para Perdigão, a comunicação pública e a TV digital são temas ainda novos, na academia, na sociedade de uma maneira geral e, sobretudo, novos temas para os governos. Essa é sua grande preocupação quando pensa comunicação pública e TV digital e quando pensa que essas duas coisas se entrelaçam, se complementam numa unidade só que é a possibilidade de uma comunicação mais eficaz, inclusiva, dialógica e efetivamente uma comunicação social.

O que é comunicação pública? Você provavelmente já deve ter ouvido falar em comunicação institucional ou comunicação governamental: aquela comunicação que o governo promove pensando em informar o cidadão. Segundo Perdigão, essa comunicação é ultrapassada. Ainda segundo o autor, ela foi superada por um novo conceito de comunicação que é a comunicação pública. Para A. Perdigão, essa, diferentemente da anterior, que é autoritária, unilateral e ineficaz do ponto de vista do diálogo, é democrática, porque ela centra seu foco de interesse no interesse público, no interesse coletivo e porque ela estabelece uma relação de diálogo com o interlocutor ou, no caso, o cidadão. Também porque ela é uma comunicação inclusiva do ponto de vista político, social e de tudo que isso representa.
Para o autor, nós estamos distantes, ainda, de, efetivamente, perceber a comunicação pública nos órgãos públicos, nas instâncias do governo, no caso aí do poder executivo e até mesmo do poder legislativo e do poder judiciário.
Sobre TV digital, o autor afirma que a TV digital surge no Brasil em 2003 por um decreto que claramente, no seu artigo primeiro, diz que essa televisão é a televisão da inclusão social, da democratização, da valorização da cultura, da preservação de valorização do patrimônio linguístico do país, etc. Essa TV digital, que, depois de criada por esse decreto, se transformou numa TV digital aberta, interativa através de um decreto em 2006, dois anos e sete meses depois, possibilita aos governos e àquela comunicação pública um novo diapasão exponencialmente mais amplo, mais profundo e, sobretudo, mais eficaz. Para Perdigão, a televisão digital (já falando da TV digital pública) pode trazer benefícios: primeiro, um canal de diálogo entre cidadãos e governos, um canal de diálogo entre os cidadãos, é uma esfera pública naturalmente virtual, ou o que o autor chama de “a novíssima esfera pública”, porque permite um ambiente (virtual, que seja) para a problematização, discussão e deliberação dos temas que sejam de interesse público e uma televisão que inclui o cidadão como um ator social mas, sobretudo, um ator político. Essa televisão, na sua qualidade de ser interativa, permite que a sociedade possa usufruir, que o cidadão possa ser não só um ator social mas um ator político. Isso que dizer que ele pode subir da camada da democracia representativa (essa que completou 23 anos depois da constituição de 88) e chegar efetivamente à uma quarta geração de democracia que é a democracia participativa, no que o cidadão não mais precisa de intermediários, que, segundo o autor, geralmente são perdulários, incompetentes ou descomprometidos com as grandes causas da sociedade; ele pode evitar esse caminho tortuoso e incerto e muitas vezes perigoso e, diretamente, tratar sobre temas de interesse com os seus representantes. Então, aí reside a democracia participativa. Pensa-se que a TV digital interativa é também o caminho para a democracia direta. Segundo Perdigão isso e verdade, ela é também. Mas sua preocupação não é tão grande com isso que ele chama de “utopia”. Para o autor, a gente já está mais próximo da democracia participativa.
Para A. Perdigão, uma coisa é certa: a TV digital interativa é a mídia da cidadania ativa. E é muito importante que os governos percebam essa nova plataforma de acesso à globosfera, ao cyberespaço ou à cyberdemocracia e passe a tratar o cidadão, que é quem autoriza os mandatos, como o efetivo dono do poder.
“Então nós estamos em um momento em que podemos e devemos pensar uma nova comunicação, uma nova democracia, uma nova cidadania ativa. Os governos nunca mais serão os mesmo, os cidadãos nunca mais serão os mesmos na medida em que ambos se apropriem dessa nova tecnologia. Eu acho que isso é uma construção que deve começar dentro das nossas casas, dentro da Universidade, dentro dos governos porque é um caminho sem volta e definitivo.” Fonte:

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