O segundo cargo mais importante na hierarquia do Governo brasileiro sofreu, recentemente, mais uma grave crise envolvendo os seus responsáveis. O então ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, requereu, no dia 7 de Junho de 2011, o seu afastamento depois da publicação de reportagens a acusá-lo de enriquecimento ilícito e de tráfico de influência em decorrência do aumento exorbitante de seu patrimônio pessoal entre os anos de 2006 a 2010.
Tal como José Dirceu, ex-ministro chefe da mesma casa no Governo Lula, que caiu na sequência de denúncias que o relacionavam com esquemas de corrupção, em 2006, Palocci agora compõe o rol de antigos responsáveis da Casa Civil vinculados a escândalos. Este ministério é tido, para efeitos de gestão nacional, como uma porta de acesso ao poder executivo, devido a sua proximidade do Governo, além de servir como laboratório para promessas de candidatos à Presidência.
Este embaraço, em apenas seis meses de mandato de Dilma Rousseff, ressuscita um fantasma que quase lhe tirou a chance de assumir a Presidência do país. Desta feita, a Presidenta tratou de nomear, como substituta de Palocci, a senadora Gleisi Helena Hoffmann.
A atual ministra chefe da Casa Civil fez parte da equipe de transição do Governo do ex-Presidente Lula, em 2002; foi diretora financeira da Itaipu Binacional, até 2006; e eleita senadora pelo o estado do Paraná, em 2010. Agora passa a ser o braço forte do Governo nacional.
Toda esta articulação trouxe consigo uma carga simbólica ao alinhar poder político e figura feminina. Para Dilma Rousseff, este gesto representa um momento de reestruturação na composição de cargos de relevante influência para a sua administração nacional, ao cercar-se de mulheres articuladoras, determinadas e pouco diplomáticas.
A oportunidade oferecida a Gleisi Hoffmann não é só um grande desafio à sua carreira política. Também se repercute na luta feminina por um espaço, num campo que foi, durante anos, reservado exclusivamente aos homens e marcado por um histórico de corrupção.
José Carlos Carvalho Filho é mestrando em Direito Internacional na Universidade Católica de Santos (Brasil). Investigador do Centro de Direito Internacional (Belo Horizonte) e licenciado em Direito pela Universidade de Franca (Brasil). É investigador do VI Anuário Brasileiro de Direito Internacional (CEDIN/MG) 2010/2011. Fonte: Perspectiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário