sábado, 9 de julho de 2011

WIKILEAKS: EUA criticaram preconceito contra comunidade gay no Brasil

Relatório diplomático aponta mais entraves políticos da parte de evangélicos do quie de católicos; para EUA, faltam leis que protejam contra crimes de ódio
Por Mariana Simões, especial para a Pública
Um documento de fevereiro de 2010 sob o título “desafios aos direitos gays” avalia que existem “brechas” que deveriam ser  transpostas pelo  governo brasileiro para melhor proteger os direitos da comunidade LGBT. O maior desafio, segundo a visão dos americanos, é a falta de legislação que os proteja contra a discriminação por orientação sexual.

“Da mesma maneira, enquanto o acesso a serviços públicos e proteção tem aumentado em algumas regiões, ativistas  LGBT se preocupam que crimes contra a comunidade continuem não sendo reportados”, diz o documento.
Em conversa com o assessor político do consulado de São Paulo, Luiz Mott, pesquisador, professor de antropologia e fundador do Grupo Gay da Bahia, informou que 200 pessoas da comunidade LGBT morrem por ano no Brasil. “O Brasil continua sendo o país campeão de assassinatos de homossexuais, mais de cem gays e transgêneros são assassinados anualmente, homicídios violentos que podem perfeitamente ser tipificados como crimes de ódio,” disse o professor e ativista Luiz Mott, reproduzido no telegrama.
Evangélicos são grande desafio
De acordo com o documento, ativistas reclamaram da influência da comunidade evangélica como um “desafio significativo”. Lula Ramirez, um ativista LGBT do grupo Cidadania, Orgulho Respeito, Soliedariedade e Amor (CORSA), afirmou ao assessor político do consulado que as igrejas evangélicas levantaram esses temas com o Congresso brasileiro mais do os católicos.
No relato vazado pelo WikiLeaks, a embaixada americana reconhece que o movimento contra a discriminação por orientação sexual tem adquirido muita visibilidade no Brasil. O documento cita que o movimento LGBT  brasileiro obteve atenção internacional em grande escala, em 2000 quando a Parada do Orgulho Gay em São Paulo contou, pela primeira vez, com a participação de 100.000 pessoas.
Mas o documento aponta que a maior visibilidade não tem se traduzido em maior força política. O consulado de São Paulo ouviu segundo quem entidades como a sua sofrem com a falta de representação política a nível nacional.
Mesmo assim, os americanos vêem avanços no nível legais em nível local.O documento cita São Paulo como um exemplo de um estado que tem estendido proteção legal a população LGBT. Em 2000, menciona o texto, foi estabelecida uma unidade de investigação de crimes de intolerância, incluindo aqueles por homofobia.
Em 2001, o estado de São Paulo adotou uma lei administrativa que impede a discriminação, inclusive no mercado de trabalho, por orientação sexual. A lei não tem poder judiciário e não pode criminalizar o ofensor mas ela permite que a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania multe companhias ou indivíduos que intimidam ou discriminem contra pessoas LGBT.
O documento diz ainda que ativistas se contentam com o progresso que tem sido feito em outros estados brasileiros como Pernambuco e Bahia para extender a  proteção dos direitos da população LGBT. O tratamento igual para prisioneiros que recebem visitants nas prisões é citado como um grande avanço.
No entanto, conclui o documento, “com pouco apoio para avançar na legislação, o progresso em relação à equidade de direitos e acesso aos serviços vai ocorrer a médio prazo apenas nos níveis local e estadual”.
O Brasil está em processo de decidir se passará ou não o novo Projeto de Lei da Câmara Federal (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização da homofobia.  A lei busca combater as mais variadas manifestações que podem constituir homofobia. Para cada modo de discriminação, prevê-se uma pena específica, que  pode atingir até 5 anos de reclusão. No entanto, o projeto segue parado no Senado federal.

4 comentários:

Gabi disse...

Pois é, mas foi a Dilma que apertou a mão do inimigo ao banir o programa Escola Sem Homofobia, vomitando a declaração de que não permitiria "propaganda" de "opção" sexual no país.
Dilma é a mulher que governa para os homens brancos heteros e critãos.

Guilherme Ferreira disse...

Aquele pedófilo do Luiz Mott tá trabalhando na embaixada dos EUA em São Paulo??? Era só o que faltava...

Pra ele, cada vez que duas bichas brigam e uma esfaqueia a outra, aumenta a lista dos crimes de preconceito e ódio contra os homossexuais.

Depois os evangélicos é que levam a culpa...

:-(

Anônimo disse...

Os americanos não são mais os mesmos...

Se investigassem a fundo essa história (e consultassem uma fonte menos parcial), teriam que rever essa história de que as mortes dentro da comunidade LGBT são todas culpa de discriminação por orientação sexual.

Quem se arrisca mais, morre mais. E é claro que a violência nas grandes cidades é maior nos locais mais perigosos, mais escuros, mais desabitados... (pra bom entendedor...).

Anônimo disse...

Diga Não Ao Preconceito | Campanha
http://www.youtube.com/watch?v=0L0ZmEhpPbA